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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Alerta da gripe suína se deve ao fato de o vírus ser uma nova cepa

Muita confusão existe por conta das notícias nem sempre esclarecedoras sobre a Influenza A(H1N1), popularmente consagrada como gripe suína. De fato, embora o quadro clínico se assemelhe em quase tudo à gripe sazonal, que costuma ocorrer como epidemia principalmente no frio e em países do hemisfério norte, o fato de ser um novo vírus agindo em períodos mais temperados, por exemplo, nos Estados Unidos, fez com que a Centers for Disease Control and Prevention (CDC) tivesse se antecipado em medidas de vigilância, visto que os dois primeiros casos foram descritos nos Estados Unidos.

“Nós estamos muito atentos ao novo H1N1 porque é uma nova cepa da Influenza A, o que vinha sendo muito raro de acontecer, e a maioria das pessoas, portanto, não tem imunidade para ela”, disse Artlealia Gilliard, relações públicas, representando o CDC, em entrevista por e-mail à Agência Notisa. Embora os dois primeiros casos não mostrassem gravidade, como, aliás, acontece com a maioria dos pacientes da gripe suína, “ qualquer gripe tem taxas de casos graves, com internações e mortes”, acrescentou, o que de certa forma justifica acesso da população a notícias sobre mortes, que não são divulgadas nas gripes ‘costumeiras’, embora as taxas sejam até mais elevadas.

Para o CDC, a severidade da nova H1N1 tem se mostrado bastante similar àquela causada pela influenza sazonal. Entretanto, a nova gripe “é única que se alastrou fora da estação ‘normal’ de influenza e que parece estar afetando pessoas jovens (mais de 50% dos infectados e hospitalizados têm menos de 25 anos de idade) em número bem superior às outras faixas etárias,” diz Gilliard. Segundo ela, idosos são os principais atingidos nos outros casos, “o que diferencia a nova doença, que afeta pessoas mais novas”.

Já Joel Mossong, do National Health Laboratory, de Luxemburgo, pesquisador em doenças infecciosas, com trabalhos sobre vírus da influenza e mutantes resistentes ao oseltamivir, diz que os dados que existem na literatura médica faz com que ele e seus colegas não suspeitem que possa existir muita diferença na severidade clínica entre os casos causados pela gripe sazonal e aqueles pela nova cepa de H1N1. “A única diferença entre a pandemia de H1N1 e a influenza sazonal deve ser a futura ocorrência de um número maior de casos (visto que não existe imunidade na população contra a nova cepa), isto se uma vacina não estiver disponível antes de a estação da gripe começar no Hemisfério Norte”, disse em entrevista por e-mail à Agência Notisa.
Com relação aos mutantes dos vírus tradicionais A(H1N1), o H275Y e o D354G, resistentes ao oseltamivir, o pesquisador afirma que a mutação foi raramente encontrada na nova pandemia, “apenas em uma minoria de casos e em pacientes com tratamento prolongado devido à imunodeficiência”. Para ele, o mais importante é reforçar que os casos de vírus resistente aos medicamentos ocorrem muito esporadicamente, com nenhuma evidência de possibilidade de alastramento futuro destes vírus. “No estágio atual é muito improvável que a forma resistente ao oseltamivir se desenvolva e se dissemine de forma rápida, pois a cepa sensível já é prevalente ao redor do mundo”.

Da mesma forma, artigo divulgado on line pelo CDC, sobre os testes feitos com os antivirais, confirmam as afirmações do pesquisador de Luxemburgo. O texto informa que apenas vírus de dois pacientes – de uma amostra girando em torno de 600 espécimes investigados, metade para resistência ao oseltamivir, metade para zanamivir – com quadro da nova pandemia e imunodeprimidos apresentaram o vírus mutante H275Y. Além disso, os vírus, foram, ao exame, sensíveis ao zanamivir. “A analise da seqüência do gene da neuraminidase destes vírus resistentes ao oseltamivir mostrou que a resistência à droga não foi resultado do reagrupamento do vírus A(H1N1) sazonal”, escrevem os autores, salientando que esta resistência surgiu ao longo do tratamento. Isto parece afastar a suspeita de que o vírus da nova pandemia poderia ser, na verdade, um mutante da gripe sazonal resistente aos antivirais.

Em texto disponibilizado hoje em sua home page, A Organização Mundial de Saúde informa sobre as diretrizes sugeridas aos médicos com relação ao uso de antivirais em quadros graves, para pacientes de qualquer idade ou grávidas. “Para pacientes que se apresentam inicialmente com doença severa ou naquelas com deteriorização das condições gerais, a OMS recomenda tratamento com oseltamivir, assim que for possível”, diz o texto, indicando o uso de zanamivir, “caso o oseltamivir não esteja disponível. Já para pacientes com outras afecções médicas subjacentes, qualquer dos dois medicamentos pode ser prescrito. Além disso, já que grávidas estão incluídas no grupo de maior risco, a OMS recomenda que recebam tratamento antiviral assim que possível após a instalação dos sintomas”. Por fim, “A OMS recomenda pronto tratamento antiviral para crianças com doença severa ou deteriorante, e aquelas sobre risco de doença mais severa ou complicada. Esta recomendação inclui todas as crianças abaixo da idade de 5 anos, já que este grupo está sob risco elevado de doença mais severa”.
(Fonte: Agência Notisa)

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