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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Anorexia e bulimia prejudicam desde o esmalte dos dentes até o coração

Recusar um bom prato de comida por medo de engordar, mesmo estando bem abaixo do peso ideal, ou comer 5 mil calorias em uma única refeição são indícios de que algo não anda bem na maneira de se alimentar. Divididos em anorexia, bulimia e compulsão alimentar, os transtornos alimentares são capazes de causar sérios danos à saúde, caso não sejam tratados. Atingindo, na maioria das vezes, adolescentes com preocupações exageradas quando o assunto é aparência, as alterações na conduta alimentar são causadas por distorções mentais. "Nenhum dos pacientes que apresenta os sintomas de um transtorno alimentar procura tratamento sozinho. É importante que os familiares estejam atentos aos sinais", alerta Veruska Lafstória, psiquiatra do Programa de Orientação e Assistência aos Pacientes com Transtornos Alimentares, da Unifesp.
A pedido do Minha Vida, a especialista esclarece todas as dúvidas relacionadas às doenças que chegam despercebidamente e podem levar à morte.
Qual a diferença entre anorexia e bulimia?
"Uma pessoa com anorexia emagrece muito e a olhos vistos. E, mesmo assim, se acha gorda, porque tem uma imagem distorcida do próprio corpo", diz Veruska sobre um dos principais indícios da doença. O paciente se recusa a comer ou restringe radicalmente os alimentos do cardápio.
Outro sintoma que ajuda a diferenciar os transtornos é que os anoréxicos acreditam que a magreza é sinônimo de sucesso. "Caso esteja com o peso normal, o paciente acha que não vai conseguir um emprego ou namorado", exemplifica a psiquiatra. Já os bulímicos estão sempre preocupados com a dieta, mas não emagrecem tanto, porque não param de comer. "A pessoa com bulimia, seja através do vômito, de diuréticos ou laxantes, elimina água apenas", afirma Veruska.
Ou seja, os nutrientes dos alimentos são absorvidos pelo corpo, mesmo ao serem expelidos, fazendo que a pessoa não emagreça.
Quais são os primeiros sinais de cada um dos problemas?
Para evitar que os sintomas cheguem a despertar atenção física e passem a causar prejuízos ao corpo, Veruska alerta para sinais como se olhar muito no espelho, subir na balança a toda hora e, até mesmo, evitar eventos sociais. "O fato do filho recusar diversos convites para sair de casa, pode ser um sinal de que ele não quer enfrentar locais ou festas que tenham comida".
Nos casos de bulimia, a pessoa se sente envergonhada por comer demais e usa as alternativas compensatórias, como o vômito às escondidas.
Como é feito o diagnóstico?
Além dos notáveis distúrbios psicológicos, os sintomas das doenças também apresentam aspectos biológicos. As meninas anoréxicas, por exemplo, deixam de menstruar. "Se a paciente costumava ter um ciclo regular e passa três meses consecutivos sem menstruar, pode estar com anorexia", constata Veruska.
Já os meninos apresentam prejuízos no crescimento dos pêlos (barba, inclusive) e diminuição da libido. Os bulímicos passam por alterações psicológicas mais difíceis de serem notadas, já que evitam comer acompanhados, se escondem ao apelar para os métodos purgativos e sofrem pouca variação de peso. Comer compulsivamente grandes quantidades a cada duas horas e lançar mão das alternativas para pôr os alimentos para fora pelo menos duas vezes por semana indica a bulimia.
Como são os tratamentos?
Nos dois casos, o paciente é tratado com uma equipe multidisciplinar, que envolve psiquiatra, psicólogo, nutricionista e, nos casos em que é preciso redobrar os cuidados e supervisionar o tratamento durante todo o dia, a companhia de um terapeuta ocupacional.
Caso os transtornos alimentares não sejam tratados, o que pode acontecer?
"Além da transição de um distúrbio alimentar para o outro, podemos observar o surgimento de um problema crônico, levando à doenças mais sérias e até à morte", ressalta a psiquiatra da Unifesp. Isso quer dizer que uma pessoa anoréxica pode desenvolver bulimia também. As conseqüências mais graves da bulimia são gastrite, exofagite, gengivite e danos no esmalte dos dentes.
E, como resultado de bulimia e anorexia não-tratadas, está a perda de eletrólitos e potássio no organismo. A falta de tais nutrientes leva à arritmia cardíaca, o que pode causar a morte dos pacientes.

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