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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Consumismo é ameaça ambiental global, adverte relatório

Hábitos de consumo americanos se espalharam para países emergentes, como Brasil e China, diz WWI

O americano médio consome mais do que o seu próprio peso em produtos por dia, alimentando uma cultura global do excesso que vem emergindo como a maior ameaça para o planeta, segundo um relatório publicado nesta semana. No seu relatório anual, o Worldwatch Institute diz que o culto do consumo e da ganância pode acabar com todos os avanços das ações governamentais em direção ao combate das mudanças climáticas e de mudanças para uma economia de eficiência energética.

"Até reconhecermos que nossos problemas ambientais, das mudanças climáticas ao desmatamento e à perda de espécies, são movidos por hábitos insustentáveis, não seremos capazes de resolver as crises ecológicas, que ameaçam acabar com a civilização", disse o diretor do projeto, Erik Assadourian, que liderou uma equipe de 35 pesquisadores por trás do relatório.

A população do mundo está queimando os recursos do planeta a uma velocidade imprudente, alerta o relatório da entidade americana. Na última década, o consumo de bens e serviços aumentaram 28% para US$ 30,5 trilhões.

A cultura do consumismo não é mais um hábito, em sua maioria, de americanos, mas está se espalhando por todo o planeta. Ao longo dos últimos 50 anos, o excesso foi adotado como um símbolo de sucesso em países em desenvolvimento como o Brasil, a Índia e a China, segundo o relatório. A China esta semana ultrapassou os Estados Unidos como o mercado mundial de carros. Também já é o maior emissor de gases de efeito estufa.

O relatório conclui que tais tendências não foram uma consequência natural do crescimento econômico, mas o resultado de esforços deliberados pelas empresas para conquistar os consumidores. Hoje são comuns produtos como as garrafas de água e o hambúrguer - rejeitado no início do século 20 por ser considerado um alimento prejudicial para os mais pobres.

Uma família média ocidental gasta mais com seu animal de estimação do que é gasto por um ser humano em Bangladesh.

O relatório fez notar sinais encorajadores de uma mudança da cultura de gastos altos. Ele disse que os programas de merenda escolar tem feito maiores esforços para incentivar hábitos alimentares mais saudáveis entre as crianças. A geração mais jovem também se mostra mais consciente do seu impacto sobre o meio ambiente.

É preciso haver uma transformação global de valores e atitudes, segundo o relatório. Com as atuais taxas de consumo, o mundo precisa erguer 24 turbinas eólicas por hora para produzir energia suficiente para substituir os combustíveis fósseis.

"Nós vimos alguns esforços encorajadores para combater a crise climática mundial nos últimos anos", disse Assadourian. "Mas fazer políticas e mudanças tecnológicas, e continuar mantendo uma cultura centrada no consumismo, não pode ir muito longe."

"Se não fizermos a nossa própria mudança de cultura haverá novas crises que teremos de enfrentar. Finalmente, o consumismo não vai ser viável daqui para frente com a população mundial crescendo em 2 bilhões e mais países crescem em poder econômico."

No prefácio do relatório, o presidente do Worldwatch Institute, Christopher Flavin, escreve: "Enquanto o mundo luta para recuperar-se da mais grave crise econômica desde a Grande Depressão, temos uma oportunidade sem precedentes para dar as costas do consumismo. No final, o instinto humano de sobrevivência deve triunfar sobre o desejo de consumir a qualquer custo."

Fonte: www.estadao.com.br

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