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terça-feira, 2 de março de 2010

Da questão Ambiental

Porque nos preocupamos com o Ambiente? Para responder a essa pergunta há que saber responder a uma outra: a Questão Ambiental. E o que é afinal a Questão Ambiental? Resumindo-a numa frase (com direito a ponto de interrogação e tudo, ou não fosse uma pergunta, ainda que retórica) questionamo-nos sobre qual a razão concreta pela qual tantos de nós defendem o ambiente, ou seja, defendemos o ambiente pelo respeito que nos merece a Terra que nos rodeia e acolhe, ou, por outro lado, apenas pela razão egoísta de que sem ela não podemos nós viver?

Há quem diga que o aquecimento global resulta de uma conspiração universal, porque antigamente era o buraco de ozono, depois o terrorismo, agora a estufa mundial. Sim, há quem diga isso. Assim como há quem diga que a escassez de recursos vai fazer com que daqui a poucos anos não haja alimentos para tanta gente e que, portanto, o mundo irá acabar com a sobrelotação de inquilinos. Tudo isso está muito certo, mas a mim pouco me importa. Não vos escrevo, porém, para falar do que me importa (até porque eu não importo para nada). Escrevo, isso sim, para mostrar o que importa (a quem ainda o não viu).

E o que importa (e a mim preocupa) é a acção do homem no ambiente, pelo ambiente e não por si. Leia-se, antes de pensar catastroficamente no futuro da Terra, interessa a falta de respeito que a humanidade tem para com os outros ao seu redor, para com o mundo em que habita (e o habita só emprestado). Quem não tem essa percepção de Mundo como lugar de passagem que não é nosso e devemos preservar, dificilmente poderá entender o porquê dos maiores e pioneiros defensores do meio ambiente terem sido sempre esses homens e mulheres mais arreigados às tradições cristãs, mais preocupados com a perspectiva tradicional da História e da missão civilizadora da própria Humanidade.

De São Francisco de Assis ao Príncipe Carlos, não esquecendo escritores e pensadores importantíssimos como C.S.Lewis e Tolkien cujos livros transbordam mensagens ambientais, a ecologia (como hoje se usa chamar) sempre encontrou eco, apoio primordial, base racional, nesses homens e mulheres que ora presto homenagem. Foram (são) as acções e palavras desses e não de outros que têm, ao longo dos tempos, por vários séculos, de diversas maneiras, levado à verdadeira defesa do ambiente. Isto é, enquanto uns defendiam o ambiente pelo respeito que merece toda a obra da criação, outros só o defendiam porque, egoisticamente, sem ele não poderia a própria humanidade viver. Com Malthus, por exemplo, e a sua tese de escassez de recursos, a defesa do ambiente tomou-se da perspectiva de que, sem tal, a humanidade não teria planeta para viver. Não digo que esteja errado, mas enquanto radicalismos ambientais (e outros) nunca fizeram nada, a verdade é que foram os pensamentos e acções da corrente mais tradicional da história que mais tem feito pelo ambiente.

Passando brevemente os olhos pela política, recordemos que o primeiro partido político português com preocupações ambientais foi, não por acaso, o mais arreigado às tradições cristãs da portugalidade: o PPM de Gonçalo Ribeiro Telles, incondicional aliado de Sá Carneiro. E o imaginário colectivo ambiental português conserva, ainda hoje, nomes de políticos como Carlos Pimenta e Macário Correia.

Portanto, voltando à vaca fria, o que preocupa no Ambiente é não tanto a nossa própria sobrevivência, mas o respeito para com o mundo em que habitamos. O que preocupa é o facto de animais se terem extinguido, ou estejam em vias-de-extinção, devido à ganância humana. O que preocupam são os solos infestados de ddt's e outros ultrajes ecológicos; as águas contaminadas por esses ultrajes (sendo certo, refira-se, que sempre houve águas impróprias para consumo ou terrenos impróprios para cultivo e, já agora, animais em extinção) e o ambiente poluído por si, não por consequências futuras que, aliás, a própria Terra já se mostrou capaz de solucionar.

É o respeito para com os outros, o cuidado para coma própria Terra, que nos deve fazer parar e reflectir sobre os comportamentos pouco sérios que temos vindo a tomar e que em nada favorecem o Ambiente.

(Membro da JSD Tavira)

Filipe Lopes

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