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terça-feira, 9 de março de 2010

Recombinação entre vírus pode gerar uma pandemia de gripe aviária

Combinação de vírus

Interações genéticas entre o vírus H5N1, da gripe aviária, com os vírus da gripe sazonal humana têm o potencial para criar variedades híbridas que combinam a virulência da gripe aviária com a capacidade de pandemia do H1N1.

Em experimentos de laboratório feitos em camundongos, um único segmento genético de um vírus de gripe humana sazonal, H3N2, foi capaz de converter o vírus da gripe aviária H5N1 em uma forma altamente patogênica.

Os resultados deste novo estudo foram publicados no site e deverão aparecer no próximo número da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Vírus híbridos

"Alguns híbridos entre o vírus H5N1 e os vírus da gripe sazonal foram mais patogênicos do que o vírus H5N1 original. Isso é preocupante," afirma Yoshihiro Kawaoka, virologista da Universidade de Wisconsin-Madison e autor sênior do novo estudo.

O vírus H5N1 da gripe aviária já se espalhou pelo mundo por meio das populações de pássaros e causou 442 casos humanos confirmados e 262 mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Até agora, porém, a gripe aviária não foi capaz de se difundir de forma eficaz entre as pessoas, o que poderia passar a acontecer pela hibridização dos dois tipos de vírus.

"O vírus H5N1 nunca adquiriu a capacidade de transmissão entre seres humanos, razão pela qual não tivemos uma pandemia. A preocupação é que o pandêmico vírus H1N1 pode fornecer essa capacidade para o altamente patogênico vírus H5N1," diz Kawaoka.

Recombinação de vírus

Dois vírus que infectam uma única célula hospedeira podem trocar material genético - ou recombinar-se - criando linhagens de vírus híbridos com características herdadas de cada vírus-pai.

Antes deste estudo, os vírus híbridos gerados em estudos de laboratório sempre foram menos virulentos do que as cepas originais.

No entanto, a nova descoberta levanta a preocupação de que o H5N1 e o pandêmico vírus H1N1 poderiam recombinar-se em indivíduos expostos a ambos os vírus e gerar uma nova cepa da gripe que seria altamente contagiosa e virulenta.

Genoma do vírus

A maior virulência observada no novo estudo parece advir de um dos oito genes no genoma viral, chamado PB2, que é conhecido por afetar a capacidade do vírus da gripe aviária de se desenvolver em hospedeiros mamíferos, incluindo os seres humanos.

Quando testado em camundongos, a versão do PB2 do vírus humano, trocada com o H5N1, converteu o vírus da gripe aviária em uma forma altamente patogênica.

Os pesquisadores dizem que o acompanhamento das populações virais é essencial para monitorar a potencial emergência variantes virais de alta patogenicidade devido ao rearranjo dos vírus da gripe aviária e humana.

Vírus à solta

Os resultados, incluindo a identificação do segmento PB2 como um elemento-chave para o aumento da virulência, fornecem informações que podem ser úteis no caso de uma pandemia causada por uma cepa híbrida de gripe aviária-gripe humana.

"Com a nova pandemia do vírus H1N1, as pessoas como que se esqueceram da gripe aviária H5N1. Mas a realidade é que o vírus da gripe aviária H5N1 ainda está por aí," diz Kawaoka. "Nossos dados sugerem que é possível haver uma recombinação entre os subtipos H5N1 e H1N1 que pode criar um vírus H5N1 mais patogênico."

Esta recombinação ainda não observada ao natural. Resta esperar que os controles laboratoriais sejam eficientes o bastante para que a versão patogênica gerada pelos pesquisadores não escape para o meio ambiente.

Fonte: http://www.diariodasaude.com.br

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