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quarta-feira, 19 de maio de 2010

GIGOGAS


Alguns dias atrás me perguntaram sobre as Gigogas (conhecida aqui no sul como marrequinha) que estavam tomando conta da represa de abastece de água a cidade de Canguçu, me perguntaram se era poluição se fazia algum mal a saúde, vamos conhecer um pouco da planta.

As Gigogas são também conhecidas como iguapé, aguapé, baronesa, lírio d’água, orelha de jegue, jacinto d’água e miriru, marrequinha dentre outros, a gigoga ambientalmente auxilia na alimentação e reprodução de diversas espécies aquáticas. (macrófitas aquáticas (macro= grande; fita= planta).
Elas são flutuantes e preferem os rios de fluxos lentos, os lagos e lagoas, mas também habitam brejos e densos esgotos. As espécies mais comuns no Brasil são cientificamente conhecidas como Eichornia crassipes e Eichornia azurea e poderíamos chamá-las de “vegetal-água”, pois aproximadamente 95% de sua massa são compostos de água.
As gigogas são originalmente da América Central e no Brasil, seu habitat original são os rios da Amazônia, onde possuem extrema importância, como abrigo natural para microrganismos, moluscos, insetos, peixes, anfíbios, répteis e até aves e, ainda servir de alimento para peixes, peixe-boi e alguns mamíferos aquáticos herbívoros.
Sua reprodução torna-se exponencial na ausência de seus predadores e, principalmente nos ambientes aquáticos ricos em fósforo e nitrogênio, presentes em grandes quantidades nos ambientes poluídos.
As macrófitas aquáticas, em sua grande maioria, apresentam características de vegetais terrestres que ao longo do processo evolutivo se adaptaram ao meio ambiente aquático. São verdadeiras esponjas sugando os nutrientes presentes nos esgotos e formando gigantescas comunidades ao se entrelaçarem e ocuparem a superfície dos rios e lagos. São capazes de se duplicarem em aproximadamente duas semanas neste ambiente de águas poluídas por esgoto in natura.
Sua estrutura é formada de folhas subaquáticas longas e estreitas, raízes com uma infinidade de pêlos e rizomas. As folhas encontradas acima da superfície da água são geralmente largas e quase redondas. Ambos os tipos de folhas são verdes e brilhantes e crescem de uma coroa central em forma de rosa. A pétala superior de cada flor é ampliada e tem um amarelo em seu centro. Possui uma grande quantidade de pecíolos cheios de cavidades de ar, isso explica a sua capacidade de flutuar. Apresenta grande capacidade de regeneração, mesmo quando quebradas ou trituradas, pois o rizoma regenera nova planta, dependendo do tamanho do fragmento. A espécie E. crassipes possui raízes que podem medir até 1 metro e sua reprodução ocorre por meio de sementes e por brotações laterais.
Danos Benefícios
É considerada uma planta daninha em canais de irrigação, represas de abastecimentos e hidroelétricas, rios e lagoas.
Embora não sejam tóxicas, mas com a grande massa produzida em suas desenfreadas proliferações, podem causar danos ambientais e prejudicar a vida aquática. Ao cobrirem as superfícies de lagos e lagoas impedem a entrada da luz solar, comprometendo a realização da fotossíntese ou em sua putrefação podendo ocasionar baixa oxigenação da água o que desencadeia uma série de danos à micro e macro biota aquática (plânctons e peixes).
É também cultivada como planta ornamental por apresentar repetidas floradas exuberantes coloridas o ano inteiro.
Suas raízes com pelos são altamente eficientes na retenção de partículas, possibilitando a remoção de sólidos em suspensão, metais pesados e micropoluentes orgânicos.
São ótimas absorvedoras de nitrogênio e fósforo do sistema, embora se recomende atenção, pois na sua decomposição, ela realimenta o ciclo. Devido às características citadas, as gigogas podem ser utilizadas como um filtro natural, pois têm a capacidade de incorporar em seus tecidos uma grande quantidade de nutrientes, metais pesados e compostos orgânicos, além de retenção das partículas.
É um bioindicador de lançamentos de esgotos sem tratamento nos corpos d’água. Alguns comparam a proliferação das gigogas com uma digestão mal feita.
Estudos revelaram que os aguapés quando cultivados de forma correta podem despoluir 1 ha., diariamente os esgotos brutos correspondentes a uma população aproximada de 2.500 habitantes. Então manejo adequado, pode ser um agente de despoluição, porém quando o manejo é inadequado, pode se transformar em um problema ambiental.
Podem ser utilizadas como adubo (simples ou em misturas com produtos químicos ou estrumes) beneficiando os solos principalmente os arenosos, elevando os teores de cálcio, nitrogênio, carbono e magnésio. Utiliza-se também como matéria prima nas indústrias de papel e plástico; como fontes de proteínas, gás e álcool combustíveis; como forragem no complemento nutricional de suínos e bovinos.
Os índios se beneficiavam das gigogas como uma planta medicinal. Suas folhas úmidas eram utilizadas contra a febre e insolação. Aproveitadas ainda em infusões, serviam como um poderoso sedativo para dores em geral.

Devo frisar em um sistema onde não há um monitoramento administrativo da poluição pode causar reprodução desenfreada da espécie causando um desequilíbrio ambiental serio, mais prejudicando que ajudando o meio.

José Carlos da Fonseca Maciel
Biólogo

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