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terça-feira, 13 de julho de 2010

Relatório inocenta cientistas ligados ao climategate

Pesquisa independente conclui que apesar de faltar transparência aos estudos dos envolvidos no escândalo, os trabalhos deles são confiáveis e que toda a ciência por trás das mudanças climáticas deve ser levada a sério


Tudo começou em novembro de 2009, quando um site russo divulgou o que seria 160 MB de dados, incluindo e-mails, da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, na Inglaterra. No que seria o trecho mais polêmico dessas mensagens, o professor Phil Jones afirmaria que teria completado o “truque” do colega Michael Mann com o intuito de esconder o declínio da temperatura em um determinado ano (mais tarde ficou esclarecido que “truque” se referia a um artifício criativo para achar a solução para o problema em questão e não uma tentativa de manipular os dados).

Em poucas horas essas informações estavam presentes em diversos sites e blogs ao redor do mundo como sendo “uma prova da manipulação dos cientistas para convencer o planeta das mudanças climáticas”.

Isso aconteceu poucas semanas antes da grande Conferência do Clima de Copenhague, portanto, o caso, que ficou conhecido por climategate, ganhou muita divulgação e minou a confiança das pessoas no conceito das mudanças climáticas causadas pelo homem.

No que pode ser finalmente o último capítulo dessa novela, um grupo independente liderado pelo britânico Muir Russel divulgou nesta quarta-feira (7) um relatório de 160 páginas que é resultado de seis meses de avaliações do conteúdo dos e-mails e que conclui que os estudos realizados por Phil Jones e por todos os envolvidos no climategate são confiáveis.

O relatório esclarece que não há o menor sinal de que os cientistas estivessem manipulando dados ou ignorando informações contraditórias para sustentar suas teses.

O documento também não encontrou problemas na linguagem chula utilizada nas mensagens, um dos fatos que chocaram a opinião pública. Segundo Russel, os e-mails eram confidencias entre amigos e esse tipo de linguajar é natural.

Porém, o relatório faz criticas a falta de transparência dos trabalhos da Universidade de East Anglia e que isso alimentou a polêmica. Também não poupa palavras ao destacar a atitude pouco profissional de Phil Jones ao pedir para que seus subordinados apagassem mensagens que pudessem ser usadas por céticos em possíveis debates.

O referido “truque” foi abordado, mas o questionamento que o relatório faz nem é ao termo em si, mas à confecção do gráfico resultante do “truque”. O gráfico mostra um alarmante aumento das temperaturas no final do século XX e se tornou uma importante ferramenta nos debates internacionais. Porém, segundo o relatório, deveria estar mais explicito a maneira como foi selecionada a informação para se chegar a esse desenho.

Em sua conclusão, o relatório afirma que apesar de algumas ressalvas, todo o trabalho dos envolvidos no caso tem relevância e a sociedade deve levar a sério a ciência por trás das mudanças climáticas.

“Existe uma falta de transparência nas pesquisas, mas esperamos de daqui pra frente isso seja alterado. Porém o rigor e a honestidade desses cientistas não pode mais ser posto em dúvida”, declarou Russel.

“Espero que agora possamos deixar para trás toda essa bobagem, esse escândalo armado, e assim termos conversas mais construtivas sobre as mudanças climáticas”, concluiu à Reuters o pesquisador Michael Mann.

http://www.carbonobrasil.com

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