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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Fumo dá lugar a morangos em David Canabarro

Há algum tempo o município buscava propostas de produção, visando à substituição da cultura do fumo e o aumento de renda para a pequena propriedade. Apesar de ser uma cultura diferente, os agricultores estão envolvidos e confiantes.


Morangos. Essa é a alternativa e a expectativa de produtores familiares do município de David Canabarro. Há algum tempo o município buscava propostas de produção, visando à substituição da cultura do fumo e o aumento de renda para a pequena propriedade. Apesar de ser uma cultura diferente, os agricultores estão envolvidos e confiantes.

De acordo com o agrônomo e chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar de David Canabarro, João Carlos Reginato, a primeira ação que já alcançou resultado positivo foi a busca por recursos para a construção de uma câmara fria. O contato com um produtor e comerciante do município de Vacaria também foi primordial para garantir a assistência técnica da cultura e a comercialização da produção. O trabalho está contando com a parceria da secretaria municipal da Agricultura.

“Havia necessidade mínima de mudas a serem implantadas para viabilizar economicamente a cultura, tanto para os produtores quanto para o comerciante que irá comprar a produção. Fizemos algumas reuniões no interior e, para nossa surpresa, não só os agricultores de David Canabarro manifestaram interesse, mas também os de Vanini e Ciríaco”, conta Reginato.

Com o apoio de três instituições financeiras, hoje estão envolvidos diretamente 13 produtores de David Canabarro, 11 de Ciríaco e dois de Vanini, com uma área total de 10 hectares cultivados com morangos. “Tudo foi planejado, desde a análise do solo, adubação orgânica e química, irrigação, açudes e cisternas, coberturas de canteiros e túneis, além das variedades das plantas que são Albion e Aromas”, explica o agrônomo. Segundo ele, essas duas espécies são destinadas ao consumo in natura, chamadas de mesa.

A comercialização já está organizada, com a padronização de embalagens que serão fornecidas pelo parceiro e identificadas individualmente para saber a origem da produção. São caixas com quatro bandejas cada e um peso mínimo de 1,2 kg/caixa. A entrega da produção será feita junto à câmara fria e, após a formação da carga, será transportada a Vacaria por um caminhão frigorífico. “A idéia é abastecer mercados mais longínquos, pois pretendemos produzir morangos de qualidade e colhe-los mais verde”, diz Reginato.

O único entrave encontrado até agora também já tem solução paliativa. “Em função do período eleitoral, os recursos para construção da câmara fria ficaram retidos no Ministério do Desenvolvimento Agrário. Para solucionar o problema, será colocado um furgão frigorífico ou será montada uma câmara provisória junto ao prédio da feira do produtor. Estamos estudando a viabilidade das duas propostas”. Um produtor já adquiriu uma pequena câmara para uso próprio, com capacidade de 3.000 caixas.

Na opinião do gerente regional da Emater/RS-Ascar, Oriberto Adami, essa alternativa de mudança da matriz produtiva traz uma proposta de atividade adequada para a pequena propriedade, com sustentabilidade econômica, social e ambiental. “Outra vantagem é a possibilidade de gerar renda na propriedade, juntamente com a ocupação de mão-de-obra, fatos esses que podem viabilizar a sucessão familiar nas propriedades”, destaca Adami.

Trocando fumo por morango e aproximando os filhos
O produtor Ildo Spagnollo, juntamente com seu filho, Anilton Spagnollo, e seu cunhado, Orildo Lazarotto, plantava cerca de 110.000 mudas de fumo, pouco mais de seis hectares. Segundo Ildo, que está apostando na cultura dos morangos, o que fez com que eles aderissem a essa nova atividade foi a possibilidade de melhorar os rendimentos, trabalhar na produção de alimentos e também o fato de que o trabalho na cultura do fumo ser tão penoso. Os três plantarão apenas 22.000 mudas de fumo este ano, ou seja, pouco mais de um hectare. O restante da área foi substituída por 43.500 mudas de morango, o equivalente a 1,1 hectare. “O trabalho é mais leve e mais limpo, sem contar com a possibilidade de ampliar a receita da propriedade”, avalia Ildo.

Outra vantagem é que o produtor buscou dois filhos, técnicos em agropecuária que estavam fora da propriedade, para auxiliar na produção. Na opinião de Ildo, esta nova opção vai possibilitar aos dois não só aprender e se especializar na cultura como também vai permitir viverem da renda da propriedade.

Escritório Regional da Emater/RS-Ascar - Passo Fundo - EcoAgência

Vanessa Almeida de Moraes - EMATER

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