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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Rio+20 não pode se tornar arena de acusações, diz ministra Izabella no Quênia

“A Rio+20 não deve se transformar em uma arena de acusações. Porém, devemos discutir abertamente as falhas que enfrentamos hoje, em relação ao que decidimos fazer em 1992.” A avaliação foi feita pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em discurso proferido na segunda-feira (21) em Nairóbi (Quênia), onde participa da reunião do Fórum Global de Ministros de Meio Ambiente.

No evento, Izabella foi a principal oradora de mesa-redonda que debateu o processo preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, que será realizada na cidade do Rio de Janeiro em junho de 2012. A conferência marca os vinte anos da Rio 92, evento que estabeleceu uma nova base para a avaliação internacional das relações entre proteção ambiental, crescimento econômico e justiça social.

“Ao nos aproximarmos do vigésimo aniversário desse evento histórico e dos avanços tornados possíveis, temos a oportunidade de refletir sobre o que conquistamos e o que ainda precisa melhorar”, disse a ministra em seu discurso. A mesa-redonda contou, também, com a participação do diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, e do secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang.

Para Izabella, manter o compromisso político assumido à época é essencial. “Desde 1992, muitos desafios internacionais urgentes surgiram, e, não raro, tiraram a prioridade do desenvolvimento sustentável. No entanto, vemos uma necessidade crescente de iniciativas globais, regionais e nacionais, e também notamos os custos crescentes de modelos de produção e consumo insustentáveis”, observou.

De acordo com a ministra brasileira, a Rio+20 irá se defrontar com condições sociais, ambientais e econômicas específicas, que demandarão soluções criativas. “Devemos encontrar caminhos para tornar realidade a visão de 1992.”

Preparação – Em seu discurso no Fórum de Ministros, Izabella Teixeira frisou que o foco da Rio+20 será no desenvolvimento sustentável, não no meio ambiente isoladamente. “Entendemos que os problemas globais que algumas vezes são vistos com ambientais são, na realidade, problemas de desenvolvimento, que requerem uma abordagem mais integrada em suas soluções”, disse. “É com essa perspectiva que o Pnuma deve trabalhar para a Rio+20″, recomendou.

A ministra destacou a importância da atuação do Pnuma no processo preparatório para a conferência, mas disse que o papel da instituição não será cumprido, “caso opte por trabalhar com uma perspectiva ambiental limitada, sem a consideração plena do desafio do desenvolvimento sustentável”.

Em seu discurso, Izabella também reforçou a necessidade de o Pnuma continuar fornecendo elementos para discussão, inclusive nas áreas dos dois temas principais da Rio+20: economia verde e governança internacional para o desenvolvimento sustentável.

“Esses são temas que são vistos como divisores e sobre quais devemos nos debruçar para juntos desenvolvermos abordagens nas quais os países possam se reconhecer, e reconhecer suas necessidades. Qualquer abordagem que aumente o fosso entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento será inaceitável, tornando impossível o consenso necessário para uma conferência exitosa em 2012″, concluiu a ministra.

(Fonte: Maiesse Gramacho/ MMA)

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