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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Consumo excessivo de sal está ligado a hábito alimentar do brasileiro

Hábito salgado

A ingestão em excesso de sódio pela população brasileira, apontada pela pesquisa Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, realizada pelo IBGE, é resultado do consumo exagerado de alimentos industrializados que contêm esse nutriente e do hábito do brasileiro em salgar muito a comida, disse a professora Raquel Botelho do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB).

"Não é uma questão de criticar só os produtos industrializados, a população tem que ter consciência dos seus hábitos. O brasileiro de uma forma geral tem o hábito de salgar muito a comida porque acha que comida temperada é comida com sal. A gente pode temperar com ervas, alho, cebola. É possível diminuir muito o uso de sal da cozinha, mas as pessoas estão viciadas", alertou a nutricionista.

De acordo com o IBGE, a média de ingestão de sódio pela população brasileira ultrapassa 3.200 miligramas/dia (mg/dia), quando o recomendável são 2.200 mg/dia.

Segundo a especialista, estudos mostram que é possível reduzir até 30% do sal utilizado no preparo dos pratos sem que se perceba a diferença. Ela recomenda que a redução seja gradual até que haja um ajuste no paladar.

O estudo também mostrou que os brasileiros consomem açúcar demais.

Consumo de sódio

De acordo com o IBGE, o consumo de sódio é maior entre os jovens que em geral consomem mais os alimentos industrializados.

Você sabe a diferença entre sal e sódio?
Para a presidente do Conselho Regional de Nutrição do Distrito Federal, Mara Saleti De Boni, os bons hábitos precisam ser formados logo que o bebê passa do leite materno para o consumo de vegetais e frutas.

"Quando trabalhamos com as mães o preparo dessas comidas elas acham que está sem sal, mas a criança não tem esse parâmetro. Por isso quanto mais cedo os hábitos forem construídos de maneira certa, melhor".

Consumo de verduras

O estudo do IBGE também indica um consumo menor de hortaliças e frutas pela população de baixa renda.

Em geral, o que afasta esse público desses alimentos é o preço alto dos produtos.

Para Mara, é importante mostrar a essas pessoas que o custo-benefício compensa no longo prazo. "Sinceramente não acho que falte informação, mas ela é mal trabalhada. Verdura realmente não é barato, mas quando você opta por elas você está adquirindo saúde. E a doença tem um custo altíssimo".

Alimentos industrializados

Quem faz refeições fora de casa costuma recorrer mais aos alimentos industrializados e tem menos controle do que está ingerindo em restaurantes.

A professora Raquel lembra que é possível verificar a qualidade do que se consome mesmo quando não há controle da produção do alimento.

"O paladar é sempre o melhor medidor. Se você comer pela primeira vez em um restaurante a achar a comida salgada, não volte porque em uma semana você se acostuma e não acha mais salgado. No caso da gordura você consegue detectar se tem óleo demais quando o arroz está brilhando ou quando se forma uma crosta de nata no feijão," afirmou

No caso dos alimentos industrializados que podem conter sódio em excesso, é importante que o consumidor aprenda a ler as informações contidas nas embalagens. Para a professora, a indústria avançou muito nos padrões de rotulagem, mas boa parte dos consumidores não sabe ler as informações nutricionais.

Na tabela presente em todos os produtos há a indicação do percentual de sódio que aquele alimento contém em relação ao consumo diário. "Isso já dá uma noção muito boa para o consumidor".

Amanda Cieglinski - Agência Brasil

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