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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

América Latina precisa acelerar projetos de energia, diz BID


A América Latina e o Caribe precisam acelerar projetos de energia elétrica para evitar riscos de desabastecimento que podem frear a expansão econômica. A opinião é da chefe da equipe de projetos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Sylvia Larrea.

“Hoje, a oferta e a demanda estão equilibradas, mas a reserva está curta para o fornecimento de energia nos horários de maior consumo”, disse Larrea à BBC Brasil. “Por isso, é preciso pensar como acelerar projetos e aumentar esta reserva energética.”

Segundo ela, o sistema fica pressionado, por exemplo, no auge do verão e quando os rios baixam devido à seca. Isso porque, do total de 278 mil megawatts de energia instalada, 50% correspondem a hidrelétricas.

No Brasil, esse índice é ainda mais alto: 75% de abastecimento a partir de bases hídricas.

A especialista estima que, para que o setor de energia elétrica acompanhe o ritmo do crescimento regional e com as reservas necessárias, será preciso aumentar, o quanto antes, esta capacidade em 10 mil megawatts por ano.

“Com esta estimativa, estaríamos evitando problemas para a expansão econômica”, afirmou Larrea, acrescentando que apenas alguns países da região estão tomando providência para aumentar esta capacidade instalada de energia.

Bom planejamento – Por sua extensão geográfica e população, o Brasil consome cerca de um terço da energia da América Latina e Caribe (cerca de 100 mil megawatts). Com as atuais taxas de crescimento econômico (entre 4% e 5%), Larrea estima que só o Brasil precisaria ampliar seu potencial entre 4 mil e 6 mil megawatts por ano.

Larrea acha que o governo brasileiro está se preparando bem para suprir a alta da demanda. “O Brasil tem bom planejamento para o fornecimento de energia até 2020, incluindo as obras de hidrelétricas como Belo Monte e Jirau e linhas de transmissão.”

Ela ressalvou, porém, que outros países, como o Peru, não têm planos concretos ou possuem hidrelétricas com mais de 30 anos, que estão ultrapassadas.

Segundo a especialista, o déficit de energia ocorre, além do Peru, também em regiões da Argentina. “No norte do Peru, se vive quase uma emergência, mas, em 2013, esta área do país já deverá contar com linhas de transmissão e a questão deverá estar resolvida”, disse.

Larrea disse que o Peru, cuja economia cresce acima de 8% por ano, optou por usinas térmicas que funcionam a base de gás – gerando dependência do combustível.

O mesmo ocorre na Argentina, segundo o ex-secretário de Energia do país, Daniel Montamat. “Hoje, a Argentina tem apenas 35% de geração de energia hidrelétrica e 55% gerada pelas usinas térmicas, movidas a gás natural ou a diesel. E isto ocorre porque a construção das termoelétricas é mais rápida, mas não resolve o problema.”

Energia importada – Como os demais países da América do Sul, a Argentina registrou forte crescimento econômico entre 2002 e 2011 (média acima de 8%) e consumo intenso de energia.

“As usinas termoelétricas são de curto prazo e as hidrelétricas, de longo prazo. Mas as usinas termoelétricas foram a saída encontrada pelo governo para atender à demanda que acelerou com a expansão da economia”, disse Montamat.

Neste inverno, afirmou, a Argentina voltou a importar energia elétrica do Brasil para atender o incremento da demanda nestes dias de baixas temperaturas e uso constante de aquecedores.

O Paraguai, que conta com as hidrelétricas de Itaipu e Yaciretá, por falta de linhas de transmissão, enfrenta problemas de distribuição e abastecimento no território nacional. O país foi o que registrou maior crescimento econômico da região em 2010 (acima de 9%).

(Fonte: G1)

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