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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Brasil celebra Dia da Amazônia e alerta para a ação depredadora do homem

Brasil celebrou nesta segunda-feira (5) o Dia da Amazônia com uma programação dirigida para conscientizar a população e as autoridades sobre a necessidade de proteger a maior reserva vegetal do planeta da ação depredadora do homem.

As atividades, divididas em feiras e atos em defesa das florestas, ocorreram em sua maioria nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso, que juntos somam 25 milhões de pessoas que sofrem o impacto direto da destruição das florestas.

A ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata presidencial Marina Silva, disse que a data é motivo “para estarmos preocupados”, pela provável aprovação neste ano no Senado de uma reforma do Código Florestal que regula o uso do solo brasileiro.

A polêmica reforma aplica normas que, segundo Marina, favorecerão o desmatamento em favor de um suposto desenvolvimento e além disso oferece anistias aos responsáveis da destruição ocorrida até agora.

A ex-ministra lembrou de uma recente pesquisa Datafolha que diz que 79 % da população se opõe à reforma e deseja um maior debate sobre um assunto que, na sua opinião, põe “em risco” os avanços de um país que, na última década, reduziu as taxas de desmatamento em 80%.

A data também foi mencionada no congresso da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), que agrupa empresários do campo com uma crescente atividade na Amazônia.

A senadora Katia Abreu, presidente da CNA, comentou um relatório divulgado na semana passada segundo o qual 62,1% das áreas amazônicas devastadas foram transformadas em pastos, especialmente para a criação de gado enquanto sustentou que a agropecuária, que gera 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, alcançou um alto grau de desenvolvimento preservando 61% das florestas.

Segundo especialistas, um dos problemas é o pouco poder de fiscalização do Estado em uma vasta região na qual também atuam clandestinamente desde empresas madeireiras até traficantes de pedras preciosas.

Marcio Sztutman, diretor do Programa de Conservação da Amazônia da organização ambientalista The Nature Conservancy (TNC), explicou à Efe que em certas regiões “se compreendeu” a necessidade dessa maior fiscalização e as comunidades indígenas foram incorporadas a essas ações.

Sztutman precisou que no estado do Pará, um dos mais afetados pela perda de florestas, muitos municípios participam já em planos de “produção responsável” que combinam a atividade agropecuária com práticas “corretas” de exploração, embora admitisse que são iniciativas em pequena escala.

O Dia da Amazônia foi adotado em 2007 pelo Senado para alertar sobre a necessidade de preservar essa região de 6,9 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 4,2 milhões estão em solo brasileiro e o resto distribuído entre Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Suriname, Peru e Venezuela.

Outro fator que preocupa os ecologistas é a forte atividade industrial na Amazônia, com alguns casos pontuais que requerem atenção imediata, como a situação no rio Murucupi, um dos afluentes do Amazonas.

O deputado Arnaldo Jordy apresentou nesta segunda-feira relatórios segundo os quais um acidente ocorrido em uma mina de bauxita em 2009 poluiu o rio com resíduos químicos, com consequências sérias até a atualidade na região.

“Há análises que constataram que o envenenamento das águas ainda persiste com um alto teor de metais pesados e sérios problemas de saúde para a população”, disse Jordy, citado pela “Agência Câmara”.

O Congresso acordou debater o assunto e abordar a situação de toda a bacia amazônica, que concentra 9% da água doce do mundo e na qual, segundo a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), a mineração ilegal foi responsável pelo vazamento de 1,3 mil tonelada de mercúrio durante os últimos 50 anos.

A modelo brasileira Gisele Bündchen também uniu forças para conscientizar sobre o Dia da Amazônia, e postou um vídeo ao serviço da preservação, enquanto a também Embaixadora de Boa Vontade do Programa da ONU para o Meio Ambiente expressou “tristeza” porque “a devastação (amazônica) cresce a taxas alarmantes e põe em risco as florestas e nossas próprias vidas”.

(Fonte: Portal iG)

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