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quinta-feira, 1 de março de 2012

Desenvolvimento SUSTENTÁVEL: o desafio da SOBREVIVÊNCIA

O Brasil e o mundo vem enfrentando nos últimos anos um grande número de tragédias ambientais, que geram milhares de mortes e prejuízos incalculáveis as economias e sociedades. As mudanças climáticas, a elevação dos mares, o aumento das inundações, secas e outros fenômenos naturais são o resultado da insustentabilidade do meio ambiente e na sociedade. Por isso compreender e implementar o conceito de desenvolvimento sustentável é fundamental e urgente. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a partir dos estudos da Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, no início da década de 1970, como uma resposta à preocupação da humanidade, diante da crise ambiental e social que se abateu sobre o mundo desde a segunda metade do século passado. Esse conceito, que procura conciliar a necessidade de desenvolvimento econômico da sociedade com a promoção do desenvolvimento social e com o respeito ao meio-ambiente, hoje é um tema indispensável na pauta de discussão das mais diversas organizações, e nos mais diferentes níveis de organização da sociedade, como nas discussões sobre o desenvolvimento dos municípios e das regiões, correntes no dia-a-dia de nossa sociedade.

Esse é um conceito central no mundo em que vivemos porque o sistema capitalista impõe um modelo civilizatório, com seus usos e costumes, marcado por uma visão utilitarista da natureza e pela falsa idéia de uma evolução sem limites e a ingênua crença na continuidade do progresso. O resultado disso têm sido uma destruição gigantesca do meio ambiente, do equilíbrio natural e verdadeira tragédia ambiental e social, marcada por enchentes, secas, efeito estufa, aquecimento global, extinção de animais, poluição e ameaça da extinção da vida na terra.

Hoje frente à globalização financeira que vem destruindo vorazmente o planeta em que vivemos, nunca foi tão necessária uma globalização dos movimentos sociais, que aponte para mudanças radicais que se estendam a vastos domínios, influenciando não apenas a economia e a sociedade como também o próprio meio ambiente e a vida na Terra. Nunca antes na humanidade foi tão necessário discutirmos a questão da sustentabilidade e de um modelo societário que permita nossa sobrevivência e assegure ela a gerações futuras. Nunca foi tão necessários um ambientalismo, com objetivos e demandas bem definidos e consciente da dimensão política dos mesmos, chamando a atenção para as conseqüências devastadoras que o desenvolvimento capitalista sem limites está provocando.

Precisamos romper as muralhas da cidadela econômica, e passar a questionar a suposta racionalidade econômica globalizante, o desenvolvimento industrial, o aumento da produção econômica sem limites e a própria idéia de desenvolvimento. Entre 1972 e 1974 o Clube de Roma, entidade formados por intelectuais e empresários europeus que não eram militantes ecologistas, estabeleceu a primeira iniciativa concreta que surgiu a partir das discussões a respeito da preservação dos recursos naturais do planeta Terra. Ele produziu os primeiros estudos científicos a respeito da preservação ambiental, que foram apresentados, e que relacionavam quatro grandes questões que deveriam ser solucionadas para que se alcançasse a sustentabilidade: controle do crescimento populacional, controle do crescimento industrial, insuficiência da produção de alimentos, e o esgotamento dos recursos naturais.

Após a publicação da obra “Os Limites do Crescimento”, pelo Clube de Roma em 1972, o conceito de preservação ambiental toma um grande impulso no debate mundial, atingindo o ponto culminante na Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, naquele mesmo ano. A partir daí, desenvolvimento e meio ambiente passam a fundir-se no conceito de ecodesenvolvimento, que no início dos anos 80 foi suplantado pelo conceito de desenvolvimento sustentável, passando a ser adotado como expressão oficial nos documentos da ONU, UICN e WWF.

A idéia de um novo modelo de desenvolvimento para o século XXI, compatibilizando a dimensão econômica, social e ambiental, surgiu para resolver, como ponto de partida no plano conceitual, o velho dilema entre crescimento econômico e redução da miséria, de um lado, e preservação ambiental de outro. O conflito vem arrastando-se por muitos anos, em hostilidade aberta entre o Movimento ambientalista e os empresários como seus agentes mais representativos. Enquanto os primeiros encaram o desenvolvimento econômico como naturalmente lesivo os segundos majoritariamente não agem em conformidade com a preservação ambiental.

Mas essa discussão não diz respeito apenas aos ambientalistas e empresários capitalistas, diz respeito à humanidade e a possibilidade dela sobreviver em longo prazo. A dimensão da sustentabilidade ambiental e social é inerente ao estabelecimento de limites ou restrições à persistência do desenvolvimento capitalista como ele é hoje e implica na ultrapassagem do econômico: não pela rejeição da eficiência econômica e nem pela abdicação do crescimento econômico, mas pela colocação dos mesmos a serviço de um novo projeto societário, onde a finalidade social esteja “justificada pelo postulado ético de solidariedade intrageracional e de equidade, materializada em um contrato social” (SACHS, 1995:26).

A abordagem do desenvolvimento social e ambiental sustentável será o grande desafio do século XXI e o desafio da sobrevivência humana e do meio ambiente, pois a discussão da sustentabilidade emerge de uma crise de esgotamento do planeta onde já são visíveis os resultados das regressões e as ameaças da continuidade da vida no planeta.

Paulo Henrique Costa Mattos, é professor de História e Antropologia do Centro Universitário Unirg
http://www.ogirassol.com.br

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