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sábado, 17 de março de 2012

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Em uma revisão de centenas de estudos paleoceanográficos, pesquisadores encontraram evidência de apenas um período nos últimos 300 milhões de anos em que os oceanos mudaram tão rapidamente quanto hoje. Esse período foi o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM), há 56 milhões de anos.
Nos últimos cem anos, o aumento da liberação de CO2 de atividades humanas diminuiu o pH do oceano em 0,1 unidade, uma taxa de acidificação dez vezes mais rápida do que 56 milhões de anos atrás. A previsão é que até o ano de 2100, o pH diminua outras 0,2 unidades, aumentando a possibilidade de que o oceano fique parecido com o observado no PETM.

“O que estamos fazendo hoje se destaca nos registros geológicos”, diz Bärbel Hönisch, paleoceanógrafo da Universidade de Columbia. “Nós sabemos que a vida não foi dizimada nas últimas acidificações dos oceanos. Novas espécies se desenvolveram para substituir aquelas que foram perdidas. Mas se as emissões industriais de carbono continuarem no ritmo em que estão, isso pode significar que vamos perder organismos importantes, como corais, ostras e salmões”.
A palavra “pode” é uma daquelas que cientistas usam com muita frequência para sugerir dúvida. Mas uma certeza que se perde nas discussões sobre a mudança climática é que a poluição é simplesmente ruim.
Os oceanos agem como se fossem uma esponja, que absorve o excesso de dióxido de carbono do ar. O gás reage com a água e forma ácido carbônico, que com o tempo é neutralizado pelo carbonato dos fósseis, das conchas do fundo do mar. Se muito dióxido de carbono entra no oceano de uma vez, o nível de íons de carbonato diminui, o que gera problemas para os corais, moluscos e alguns plânctons, que precisam do íon para construir suas conchas.
Eventos mais catastróficos já aconteceram na Terra, mas talvez com menos velocidade. Outros dois momentos análogos à acidificação moderna foram causados por atividades vulcânicas massivas: uma no final da era Permiano, cerca de 252 milhões de anos atrás, e outra na era Triassica, há cerca de 201 milhões de anos. Mas os autores do estudo advertem que existem poucos registros sobre os acontecimentos com mais de 180 milhões de anos, uma vez que os sedimentos oceânicos acabaram se desfazendo.
No final da era Permiano, cerca de 96% da vida desapareceu. Erupções massivas na atual Rússia podem ter causado uma das maiores extinções da Terra. Em 20 mil anos ou mais, o carbono na atmosfera aumentou drasticamente. No final da era Triássica, uma segunda onda de atividade vulcânica, associada com a separação do super continente Pangea, duplicou a emissão de CO2 na atmosfera, e causou outra extinção. Recifes de corais se desmancharam e outras classes de criaturas marítimas desapareceram.
O estudo da PETM
Cerca de 56 milhões de anos atrás, uma misteriosa emissão de CO2 na atmosfera tornou os oceanos corrosivos. Em 5 mil anos, o CO2 da atmosfera dobrou para 1.800 partes por milhão, e elevou as temperaturas médias da Terra em cerca de 6 graus Celsius.
O sedimento característico do período PETM é uma camada de lama marrom, com grossos depósitos brancos de fósseis de plânctons. Isso se explica pelo dissolução das conchas de plâncton que ocupavam o fundo o mar, deixando a argila marrom que cientistas encontram hoje.
Segundo uma pesquisadora, Ellen Thomas, cerca de metade de todas as espécies de foraminíferos, grupo de organismos monocelulares, se extinguiu, sugerindo que outros organismos mais acima na cadeia alimentar também podem ter desaparecido. “É muito raro quando mais de 5 a 10% de espécies se perdem”, compara.
A vida marinha e a acidez da água

Tentativas de reconstruir as mudanças do pH oceânico não puderam ser feitas em laboratório. Em experimentos, cientistas tentaram simular a acidificação moderna do oceano, mas o número de variáveis – quantidade de CO2, temperatura da água, nível de pH e níveis de oxigênio dissolvido – tornam as previsões difíceis.
Uma investigação alternativa pode ser feita em regiões vulcânicas, onde a acidificação chega aos níveis esperados para o ano de 2100. Em estudos recentes em recifes de corais na Papua Nova Guinea, cientistas constataram que exposição a longo prazo a altos níveis de CO2 e pH 7,8 impedem a regeneração das espécies.

http://hypescience.com

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