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quinta-feira, 1 de março de 2012

Pesquisa descobre alterações no genoma do boto-vermelho, no AM

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) conseguiram identificar modificações no genoma do boto-vermelho (Inia geoffrensis), também conhecido como boto-cor-de-rosa. A pesquisa foi realizada pelos laboratórios de Genética Animal (LGA) e de Mamíferos Aquáticos, ambos do Inpa. Os pesquisadores ainda não sabem se as alterações são causadas por poluição ambiental.

Os resultados da pesquisa fazem parte da dissertação de mestrado “Citogenética clássica e molecular do boto-vermelho Inia geoffrensis”, elaborada por Heide Luz Bonifácio, sob a orientação da pesquisadora Eliana Feldberg. O trabalho foi concluído em 2011 e contou também com o apoio da Petrobras Ambiental, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes) e a Associação Amigos do peixe-boi (Ampa).

Foram coletadas amostras de 27 animais, sendo 14 fêmeas e 13 machos distribuídos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (RDSM), próximo ao município de Tefé, a 523 Km a Oeste de Manaus, na cidade de São Gabriel da Cachoeira, a 852 Km da capital, Aruanã (GO), Rio Branco (AC) e nas proximidades de Manaus.

Segundo a pesquisadora Eliana Feldberg, o boto-vermelho é uma espécie do topo da cadeia alimentar e, por isso, pode acumular componentes tóxicos em seu organismo. Ela disse que estudos já indicaram a presença de mercúrio e do pesticida Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) em amostras de sangue e de tecido desta espécie.

De acordo com Heide Bonifácio, entre as duas espécies de golfinhos de rio da Amazônia, o boto-vermelho é a mais próxima aos ancestrais dos cetáceos, que constituem uma ordem de animais marinhos, porém pertencentes à classe dos mamíferos. “Isto significa que entender como o genoma está organizado possibilita compreender a evolução do animal, uma vez que as informações genéticas são compartilhadas com os ancestrais deles. Baseado em análises moleculares e morfológicas, o boto-vermelho é considerado uma espécie rara”, explicou Bonifácio.

Caça predatória – Um estudo divulgado em 2011, revelou que em dez anos a população de botos da Amazônia reduziu pela metade. Na região da cidade de Tefé, a 520 Km de Manaus, apontou que morre por ano uma quantidade de animais sete vezes maior que o limite permitido.

Outro dado apontou que o uso da carne de cada boto-vermelho para pesca pode render ao menos uma tonelada de piracatinga. Na região de Tefé, estima-se a pesca de 400 toneladas do pescado ao ano, sendo que grande parte da carga é enviada para a Colômbia.

(Fonte: G1)

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