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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Asma: você está sob risco de um ataque fatal?

Campanha desastrada Pacientes diagnosticados com asma não conhecem seus próprios riscos individuais quanto a possíveis agravamentos da doença. O alerta foi emitido pela instituição Asma UK, da Grã-Bretanha. O objetivo da campanha era evitar que as pessoas sejam internadas com crises graves de asma. Contudo, a divulgação de uma pesquisa online sobre o tema, feita sem bases científicas, com resultados devidamente amplificados pela imprensa, está tendo o efeito inverso, de gerar temor nas pessoas e fazê-las correr para seus médicos. Riscos de um ataque de asma Segundo a pesquisa, realizada pela internet pela organização, até um terço daqueles que visitaram seu site correriam risco de sofrer um ataque fatal de asma. O levantamento está muito longe de ser um estudo científico, já que não existe nenhum controle sobre as pessoas que acessam o site. Ou seja, não se alarme indevidamente se você tem asma. Veja os riscos que estão associados com pessoas com asma em nível muito grave: Tomar três ou mais medicamentos contra asma - incluindo o uso de inalador (bombinha). Ter sido internado por crise de asma nos últimos 6 meses. Usar o inalador 5 ou mais vezes por dia. Ter anafilaxia, uma reação exagerada a proteínas, geralmente de alimentos como amendoins ou frutos do mar. Ter usado esteroides nos últimos 6 meses - os esteroides são usados em caso de uma asma fora de controle. Deixar de usar o inalador quando está se sentindo bem. Ter febre do feno. Sentir-se deprimido com frequência ou ter diagnóstico de depressão. Se você marcar "sim" na maioria dessas questões, então seu risco é grave e é melhor manter sua asma sob controle. Se não, continue se cuidando, sem se alarmar ou achar que será acometido de um ataque fatal de asma a qualquer momento, como a campanha parece dar a entender a princípio. Como manter sua asma sob controle A própria instituição que está patrocinando a campanha dá dicas para que você mantenha sua asma sob controle: Saber quais medicamentos tomar e quando tomá-los. Adotar uma dieta saudável com muitas frutas e legumes frescos. Beber bastante água e evitar ficar desidratado. Reveja seus sintomas e medicamentos com o seu médico pelo menos uma vez por ano (mais frequentemente se tiver sintomas de asma grave ou no caso de suas crianças). Informe a seu médico como os sintomas da asma afetam seu estilo de vida, para que ele possa ajudar a identificar formas de superar esses sintomas para tornar sua vida melhor. Converse com seu médico sobre os medicamentos que você está tomando, como identificar e evitar os gatilhos, e como lidar com uma condição de longo prazo. Use o seu inalador preventivo regularmente, como prescrito. Isto irá reduzir o risco de ter um ataque de asma se você entrar em contato com um gatilho. Controle da asma é mais eficaz se paciente conhece a doença Conhecer a asma Pacientes com asma que sabem mais sobre a doença, seus sintomas e seus remédios conseguem ter um controle mais eficaz da asma e, como consequência, melhor qualidade de vida. "Conhecer a doença é fundamental no tratamento", explica a fisioterapeuta Luciene Angelini, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Ela conta que a implantação de um programa de educação com automanejo, que enfatize a participação do paciente na automonitorização da doença e no auto-ajuste da medicação, associado a visitas médicas regulares, tem um impacto positivo no controle clínico de asmáticos. "A educação em saúde é um tratamento não medicamentoso que deve ser recomendado e incentivado no manejo das doenças crônicas", assinala. Automonitoramento Em seu estudo, Luciene trabalhou com três grupos de pacientes. O primeiro não foi submetido ao programa educativo, enquanto o segundo recebeu aulas para entender melhor a técnica inalatória, o que é a doença e seus sintomas, o que pode agravá-la e a diferença entre a medicação de manutenção e a de resgate. O terceiro grupo, além das aulas, realizou a automonitorização da doença, por meio de um diário de sintomas, medidas regulares do pico de fluxo expiratório (aparelho que mede o ar que sai do pulmão) e um plano de ação por escrito para ajuste da terapia medicamentosa. Os pacientes que receberam as aulas educativas aumentaram o conhecimento sobre a asma e sobre a técnica inalatória em 100% e os pacientes que também realizaram o automanejo atingiram quase 50% no controle da asma, ou seja, tiveram os sintomas, como falta de ar, chiado no peito, tosse e sensação de aperto no peito, diminuídos. "Eles passaram a faltar menos na escola e no trabalho, reduziram o uso de corticoide oral e de medicação de resgate, bem como o número de idas ao serviço de emergência, internações e admissão hospitalar", destaca Luciene, que completa: "Os sintomas de ansiedade também diminuíram e tudo leva a uma melhora da qualidade de vida." Asma A asma é uma doença crônica que não tem cura, mas tem controle quando tratada adequadamente. "A medicação de resgate, por exemplo, ajuda abrir os brônquios no momento de crise, mas não trata a inflamação (doença)", relata Luciene. Segundo ela, muitas pessoas não sabem que o broncodilatador é medicação de resgate e o usam indiscriminadamente. "Se soubessem para que o medicamento é indicado, tornariam o tratamento mais eficaz", pondera. Luciene acredita que campanhas educativas de prevenção, promovidas pelos governos, e a distribuição de cartilhas nos postos de saúde já ajudariam na explicação da doença e no aumento do conhecimento da asma por quem a possui. Além disso, os próprios médicos poderiam incentivar o paciente a monitorar os sintomas e os pacientes, por sua vez, deveriam questioná-los para tirar suas dúvidas. A busca de informações em sites também é uma ferramenta. No site do Instituto do Coração, por exemplo, é possível acessar a vídeos com informações de como usar inaladores corretamente. Perguntas sobre a asma Enquanto a prática da educação em saúde não se torna tão comum, Luciene enumera cinco perguntas básicas que acredita que um paciente com asma deva saber responder: O que é asma? A asma é uma doença inflamatória crônica dos brônquios, que não tem cura, mas tem controle se tratada adequadamente - assim como ocorre com outras doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, colesterol elevado etc. Quais são os fatores desencadeantes da asma? São vários, como por exemplo: alterações climáticas, predisposição genética, contato com a poeira doméstica, mofo, pólen, contato com animais (cachorro, gato, papagaio...), cheiros fortes (como produto de limpeza, perfume) e fumaça de cigarro. A ingestão de alguns alimentos ou medicamentos, gripes ou resfriados e fatores emocionais (emoção/raiva/tristeza) também podem ser citados, dentre muitos outros. Por isso é importante observar quais desses fatores, incluindo outros não citados, podem levar à crise de asma no paciente, e assim prevenir e evitá-los com um controle ambiental adequado. "Se elas buscarem estas respostas, conseguirão manejar e melhorar sua doença de forma mais eficaz", conclui a pesquisadora, que foi orientada pelo professor Rafael Stelmach. Quais são os sintomas da asma? Os principais sintomas são: falta de ar chiado no peito tosse sensação de aperto no peito acordar à noite ou no inicio da manhã com esses sintomas Qual a diferença entre o medicamento de manutenção e o medicamento de resgate? A medicação de manutenção, os corticoides inalatórios, é usada para tratar a inflamação (lembrando que a asma é uma doença inflamatória) e deve ser usada a longo prazo para prevenir as crises de asma. A medicação de resgate, os broncodilatadores, é uma medicação que ajuda abrir os brônquios e deve ser usada apenas no momento de crises, pois esta não trata a inflamação. Como usar os dispositivos inalatórios? Atualmente há inúmeros dispositivos inalatórios (nebulímetro/"bombinha", diskus, turbohaler, handihaler, aerolizer), por isso é importante sempre perguntar a um profissional da saúde como usá-los corretamente. Luciene dá algumas dicas, ressaltando que são instruções preliminares e que a orientação completa e mais adequada a cada caso deve ser sempre dada pelo profissional de saúde que atende o paciente. Dispositivo aerossol dosimetrado com espaçador (Bombinha COM uso de espaçador): Tirar a tampa do dispositivo Encaixar o espaçador Agitar bem o dispositivo Soltar todo o ar Colocar o espaçador na boca Disparar um jato Puxar o remédio lentamente com a boca aberta Segurar a respiração após inalar o remédio Contar até 10 e depois soltar todo ar Se for necessário outro jato esperar alguns minutos Dispositivo aerossol dosimetrado sem espaçador (Bombinha SEM o uso de espaçador): Tirar a tampa do dispositivo Agitar bem o dispositivo Deixar espaço entre a boca e a bombinha (aproximadamente dois dedos) Soltar todo o ar Disparar um jato Puxar o remédio lentamente com a boca aberta Segurar a respiração após inalar o remédio Contar até 10 e depois soltar todo ar Se for necessário outro jato esperar até um minuto. Dispositivo em pó Tirar a tampa do dispositivo Acionar o dispositivo corretamente (aqui depende qual medicação foi prescrita) Soltar todo o ar Colocar o dispositivo na boca Puxar o remédio rápido e forte Segurar a respiração após inalar o remédio Contar até 10 e depois soltar todo ar Se for necessário outra dose/cápsula esperar até um minuto. APÓS O USO NÃO ESQUEÇA DE ENXAGUAR A BOCA E MANTER A HIGIENE DOS DISPOSITIVOS. Redação do Diário da Saúde

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