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sábado, 12 de maio de 2012

Nordeste sofrerá mais com o aquecimento global, diz estudo

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou quais os locais que serão mais afetados pelo aquecimento global no País. Combinando dados de modelagem climática com indicadores sociais – como densidade demográfica e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – os estudiosos concluíram que o Nordeste é a região que mais sofrerá com os efeitos do aquecimento. Na lista também estão importantes capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, além de Brasília, Belo Horizonte, Manaus e Cuiabá. O estudo foi publicado no fim de semana na revista Climatic Change. Segundo os pesquisadores, os levantamentos sobre o clima, quando analisados de forma isolada, não apresentam resultados significativos sobre os impactos do aquecimento global. Porém, quando combinados com indicadores sociais podem indicar os efeitos na vida da população. Na pesquisa liderada pelo físico do Inpe Roger Torres e pelo ecólogo da Unesp David Lapola, um mapa (ilustrado na imagem) mostra a diferença quando se leva em conta apenas os dados do Índice Regional de Mudança Climática (RCCI, na sigla em inglês) – como mostra a figura à esquerda – e quando se analisa a combinação com os dados sociais de número de habitantes de cada localidade e o IDH da região – representado no mapa à direita. Quando analisado apenas o Índice de Mudança Climática, que corresponde ao aumento na temperatura e ao volume de chuvas, por exemplo, as regiões consideradas mais afetadas pelo aquecimento são o Centro-Oeste e o Norte do País. No entanto, quando se leva em conta os indicadores sociais, as áreas em que o aquecimento trará mais impacto na vida das pessoas são o Nordeste e algumas capitais, que aparecem marcadas de vermelho. Segundo os pesquisadores, o resultado pior para o Nordeste se deve às baixas taxas de desenvolvimento humano, combinado a uma densidade populacional relativamente alta. “O Nordeste apresenta o IDH mais baixo, o que faz com que a população tenha menos instrumentos para se adaptar a essas mudanças”, explica o pesquisador da Unesp David Lapola. De acordo com ele, outras localidades no País também registram índices inferiores de educação, saúde e renda, mas quando combinados com uma densidade demográfica também baixa, o impacto das mudanças climáticas é menor. “O exemplo disso é o oeste amazônico, onde a população pequena compensa o baixo IDH”. Já nas capitais, como Rio e São Paulo, o problema está relacionado diretamente ao elevado número de habitantes. Essa alta densidade demográfica dificulta que sejam evitados fenômenos já frequentes nesses locais, como os deslizamentos de terra. Segundo Lapola, o estudo não detalha o que pode ocorrer em cada região. “Para o Rio e São Paulo já foram feitas outras pesquisas que apontam que as enchentes e os deslizamentos são os principais fatores do aquecimento, mas nas outras localidades vulneráveis pouco se sabe sobre como essa população pode ser afetada”. Ele espera que o estudo possa servir como um balizador de políticas públicas para evitar danos nas regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas. “Acreditamos que as pesquisas podem ser muito úteis para que os tomadores de decisões foquem suas ações nesses locais”, completa. (Fonte: Portal Terra) (Fonte: Portal Terra)

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