Páginas

sábado, 28 de julho de 2012

Derretimento de geleiras: precisamos nos preocupar?

Um iceberg gigante, de 120 quilômetros quadrados, acaba de se desprender da geleira Petermann, que fica no mar ao longo da costa noroeste da Groelândia, e termina numa gigantesca língua de gelo flutuante. Em 2010, a mesma geleira desprendeu um iceberg com o dobro desse tamanho (250 km²). Como outras geleiras que terminam no oceano, a Petermann produz icebergs regularmente. Até por conta disso, milhares de “desprendimentos” que liberam icebergs para o mar acontecem todos os anos na Groelândia, dos mais banais a outros muito impressionantes. Então como podemos saber se os eventos recentes que tanto nos chocam são causa do aquecimento global – e portanto de preocupação – ou são normais? Segundo os cientistas, é importante ter em mente que esses processos são naturais e periódicos, ou seja, vêm acontecendo desde muito antes de nós, humanos, os observarmos com nossas fotos de satélite. Porém, não é preciso ser um gênio para notar que, com o aquecimento global, a Terra fica mais quente, e mais gelo derrete. Então, a questão principal é se a frequência desses eventos está mudando ou não, e por quê. Fatos, suposições e tendências preocupantes O que é fato é que esses processos naturais acontecem periodicamente mesmo. Também é fato que a estabilidade das camadas de gelo em ambos os polos terrestres depende de vários fatores, como temperatura atmosférica, temperatura da superfície do mar, grau de cobertura do gelo no mar, entre outros. Outro fato – que gera uma tendência preocupante – é que as margens da geleira Petermann recuaram para um ponto nunca visto nos últimos 150 anos. Ou seja, estão mais “derretidas” do que nunca. Com isso, vêm as suposições: alguns cientistas acreditam a plataforma de gelo da Groelândia está derretendo, ou diluindo extensivamente por causa das temperaturas quentes; só que nenhum evento deste tipo pode ser atribuído sem dúvidas a alterações no clima. Podemos dizer com certeza que, nas duas últimas décadas, a Groelândia experimentou um aquecimento significativamente maior do que a média atmosférica global. No mesmo período, o sul da região perdeu cada vez mais “massa” (tanto o tipo de desprendimento como o visto em Petermann quanto simples fusões do gelo de superfície) ano a ano, e os níveis de cobertura de gelo do mar Ártico estão prestes a se tornar um dos mais baixos já registrados. Só que, a partir daí, acabam-se as conclusões. Não se pode dizer definitivamente as causas de tais fenômenos, e se eles são normais, ou preocupantes. A verdade é que o acúmulo e rompimento das geleiras podem mudar ao longo de períodos que variam de meses a milênios, e os cientistas simplesmente não têm dados suficientes para estabelecer um padrão, porque não observam atentamente esse processo há muito tempo. A resposta? Como tantas vezes acontece na ciência, o que é necessário são mais observações. “Se começarmos a ver padrões de desprendimentos em um certo intervalo, em um bom número de geleiras, em um mesmo setor no norte da Groenlândia, então isso seria muito preocupante, e um forte indicador de que há uma mudança ocorrendo, relacionada ou não com o aquecimento da atmosfera ou do oceano”, sugere Jonathan Bamber, diretor do Centro de Glaciologia da Universidade de Bristol (Reino Unido). Ainda assim, ver o gelo derretendo mais e mais a cada ano é um evento dramático e perturbador de se assistir (imagem abaixo). Para qualquer pessoa consciente da nossa dependência da natureza, a impressão de que estamos fazendo algo errado fica.[BBC 1 e 2, Cientec, Band]

Sedentário é igual a fumante, mesmo sem colocar um único cigarro na boca

Embora muita gente já saiba que não praticar atividades físicas regularmente pode ser ruim para a saúde, nem todos têm ideia do tamanho do prejuízo. De acordo com estudo recente, as consequências podem ser piores do que aquelas causadas pelo cigarro. “Inatividade física tem um grande impacto na saúde mundial”, diz o epidemiologista I-Min Lee, autor da pesquisa, publicada no periódico médico The Lancet. Segundo dados coletados, em 2008 ocorreram cerca de 5,3 milhões de mortes no mundo todo devido a complicações causadas pelo sedentarismo. Para se ter uma ideia, dados da ONU estimam que o cigarro cause um número similar de mortes (5 milhões). Em seu estudo, Lee estima que a falta de atividades físicas é responsável por cerca de 6% dos casos de doenças cardíacas, 7% de diabetes tipo-2 e 10% de câncer de cólon e de mama. De acordo com Timothy Armstrong, coordenador do programa de vigilância e prevenção de doenças populacionais da ONU, porém, o número de mortes é menor: 3,2 milhões, segundo dados da Organização. Apesar dessa diferença, ele também alerta que o problema não pode ser subestimado. “A ONU considera o sedentarismo como o quarto maior fator de risco [para doenças crônicas], depois de pressão sanguínea alta, uso de tabaco e colesterol elevado”. http://hypescience.com

Lixo orgânico é transformado em negócio lucrativo no Brasil

A destinação inteligente do lixo úmido já é realidade em várias empresas do Brasil. Uma delas consegue faturamento médio de R$ 100 mil por mês. Lixo é um negócio lucrativo, e muito positivo para o meio ambiente, desde que tratado corretamente. O que se joga fora de comida por ano no Brasil daria para alimentar 30 milhões de pessoas. É a população do Iraque. Cada um de nós gera em média um quilo de lixo por dia e mais da metade disso é matéria orgânica. São 22 milhões de toneladas de alimentos que vão parar na lixeira. Resíduos que se transformam em uma bomba-relógio ambiental na maioria das cidades brasileiras. Abandonados a céu aberto, os resíduos orgânicos vão parar nos lixões, viram chorume, que contamina as águas subterrâneas. Gás metano, que agrava o efeito estufa. Atraem ratos, moscas e baratas, que transmitem doenças. É nesses locais que milhares de pessoas acabam vivendo, na tentativa arriscada de ganhar a vida, mas há quem já enxergue no lixo uma maneira correta de trabalhar e excelentes oportunidades de negócio. A destinação inteligente do lixo úmido já é realidade em várias empresas do Brasil. De restinho em restinho chega-se a cinco toneladas de lixo por mês numa fábrica de produtos de beleza. “Antes, a gente desenhava o procedimento mandando para aterro e hoje a gente utiliza nosso parceiro para fazer a compostagem, então é um ganho para sociedade”, fala o diretor da L’Oreal Brasil, Rogério Barbosa. Numa outra fábrica de equipamentos, os recicláveis são separados num galpão e mais recentemente, o lixo orgânico também passou a ter um destino mais nobre. Sem gastar um centavo a mais. “A gente consegue evitar que vá para aterros sanitários, cerca de três toneladas de resíduos orgânicos por mês”, fala o gerente de fabricação de equipamentos da White Martins, Giovani Santini Campos. Acompanhamos a rotina de uma das primeiras empresas do Brasil a transformar lixo orgânico em negócio lucrativo. O material é levado para um imenso galpão em Magé, na região metropolitana do Rio, onde acontece a compostagem. “A compostagem de forma natural duraria em torno de cinco a seis meses. Com um líquido, que funciona como catalisador do processo, a gente acelera isso para em média 40 dias”, explica o diretor comercial da Vide Verde, Marcos Rangel. Outra vantagem desse sistema é que ele reduz drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global. Nos aterros de lixo, gera-se 400 gramas de gás para cada quilo de lixo orgânico. Nas composteiras, essa emissão fica em torno de quatro gramas, por quilo, cem vezes menos. O que antes era resto de comida vira material seco, sem cheiro ou riscos para a saúde. Misturado à terra preta, o composto é ensacado para então se transformar em um produto cobiçado no mercado de jardinagem. Quem quiser pode produzir adubo orgânico dentro de casa. Em pelo menos cinco mil domicílios brasileiros, a Minhocasa é o destino final do lixo orgânico. “O resíduo orgânico que a gente pode colocar dentro desse minhocário pode ser desde as cascas de frutas e verduras, os talos, como também o alimento que já foi cozido como sobra de arroz, feijão, macarrão, casca de ovo, borra de café, pão embolorado, tudo isso é bem-vindo”, conta o sócio fundador da Minhocasa, César Cassab Danna. O sistema inspirado num modelo de política pública adotada na Austrália funciona até em apartamentos pequenos. Em caixas fechadas, que não exalam mau cheiro, as minhocas realizam de graça a conversão do lixo em adubo. * André Trigueiro é jornalista com pós-graduação em Gestão Ambiental pela Coppe-UFRJ onde hoje leciona a disciplina Geopolítica Ambiental, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-RJ, autor do livro Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em Transformação, coordenador editorial e um dos autores dos livros Meio Ambiente no Século XXI, e Espiritismo e Ecologia, lançado na Bienal Internacional do Livro, no Rio, pela Editora FEB, em 2009. É apresentador do Jornal das Dez e editor-chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro. ** Publicado originalmente no site Mundo Sustentável. (Mundo Sustentável)

Cientistas “ressuscitam” gene de mais de 500 milhões de anos

Em 1993, o filme Jurassic Park mostrou como “reviver” criaturas que habitavam a Terra há milhões de anos poderia ser um negócio arriscado. Bom, recentemente um grupo de pesquisadores fez um experimento similar (usando bactérias ao invés de dinossauros como fonte de genes, vale dizer de antemão). Por meio de um processo chamado evolução paleo-experimental, a equipe do Instituto de Tecnologia de Georgia (EUA) “ressuscitou” um gene bacteriano de mais de 500 milhões de anos, e o inseriu em bactérias E. coli. Ao observar um gene antigo em um organismo moderno, é possível ver se a trajetória evolutiva se repete ou se, ao invés disso, os organismos vão se adaptar de outra forma, explica o cientista Betül Kaçar. Evolução vista de camarote Em 2008, seu orientador de pós-doutorado, o professor de biologia Eric Gaucher, descobriu a sequência genética antiga capaz de sintetizar a EF-Tu, uma proteína essencial para a E. coli e presente em todas as formas de vida celulares que conhecemos. Com o gene em mãos, Kaçar e sua equipe o inseriram nos cromossomos de bactérias, criando oito linhagens idênticas de E. coli híbridas (portando o gene antigo em meio a sequências genéticas modernas). De início, esses organismos não eram tão saudáveis como os atuais. “Isso criou um cenário perfeito para observarmos como os organismos alterados iriam se adaptar e acumular mutações a cada dia [conforme se reproduziam]“, diz Gaucher. Com o passar do tempo, as gerações de híbridos foram se tornando cada vez mais saudáveis, a ponto de superar as E. coli atuais em alguns aspectos. Ao analisar seu genoma, os pesquisadores perceberam que o gene antigo não se modificou: as proteínas que interagem com ele é que mudaram. Assim, a evolução tomou um rumo diferente do esperado. A equipe deverá continuar estudando o organismo híbrido para ver como o processo evolutivo vai se desenrolar. “Queremos saber se a evolução sempre vai para um único ponto, ou se encontra múltiplas soluções para um mesmo problema”, explica Kaçar.[Science Daily] http://hypescience.com

Medicamento para calvície pode causar impotência permanente

Imagine a seguinte situação: você é um homem calvo, procura o médico, e o mesmo lhe receita finasteride, um composto encontrado na droga Propecia, da Merc. Depois de começar a tomar a droga, começam também os problemas. A impotência é o mais flagrante deles, e afeta sua vida amorosa, além de outros efeitos igualmente desastrosos: a perda da libido, a diminuição dos testículos e problemas com os orgasmos. Depois de ouvir várias queixas de homens sobre o assunto, o Dr. Michael Irwig, da Universidade de Washington (EUA), resolveu investigar a ligação entre a droga e efeitos colaterais, e descobriu que entre os usuários do finasteride, a queixa de impotência era um pouco mais comum que no resto da população. Em 2011, ele publicou o primeiro estudo sobre o assunto no Journal of Sexual Medicine, apontando suas descobertas. Não só o produto causava problemas sexuais, mas os problemas persistiam após a interrupção do uso do produto. Finasteride O finasteride é um produto que foi inicialmente usado no tratamento de próstata hipertrofiada, mas que revelou um efeito colateral interessante: o crescimento do cabelo para quem tem alopecia por androgenia (causada por hormônios). Basicamente, a testosterona é quebrada em vários subprodutos, um deles a dihidrotestosterona (DHT), que causa a alopecia androgênica. O excesso de DHT no escalpo está relacionado à diminuição dos folículos capilares, fazendo com que os fios se tornem tão finos que são praticamente invisíveis. O finasteride atua neste mecanismo, reduzindo a conversão de testosterona em DHT, que aparentemente reduz o impacto sobre a saúde dos folículos. O produto é especialmente perigoso para mulheres grávidas, e tem efeito teratogênico mesmo que haja apenas o contato da pele com o pó liberado pelo rompimento de uma cápsula do produto. Diagnóstico errado, tratamento ineficaz O que chamou a atenção do Dr. Irwig foi o número de queixas de impotência. Em um trabalho publicado em 2011, ele aponta que, dos usuários da droga, 94% relataram diminuição de libido, 92% desenvolveram disfunção erétil, 92% apontaram diminuição na excitação, e 69% desenvolveram problemas com orgasmos. Além disso, o número de relações sexuais durante o mês diminuiu bastante, e os problemas persistiram por até 40 meses após o término do uso do finasteride. Entretanto, o próprio Dr. Irwig reconheceu que o estudo tinha limitações, como abordagem, viés de seleção, de recuperação de informações e nenhum nível de hormônio medido. Mesmo assim, o trabalho foi motivo para a inclusão de alertas na bula do remédio para problemas continuados.[DailyMail, YouTube, Trabalho publicado em 2011 e 2012] http://hypescience.com

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Maior parte dos estados e municípios não tem Plano de Gestão de Resíduos Sólidos

A maior parte dos estados e municípios brasileiros ainda não elaborou seu Plano de Gestão de Resíduos Sólidos, apesar de o prazo para concluir o projeto – que deve indicar como será feito o manejo do lixo em cada localidade – estar próximo do fim. A partir de 2 de agosto, a cidade que não tiver o planejamento fica impedida de solicitar recursos federais para limpeza urbana. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, até o momento houve apenas 47 pedidos de verba para construção dos planos, entre solicitações de administrações municipais e estaduais. Como não é obrigatório pedir auxílio da União para elaborar os planejamentos, pode haver projetos em curso dos quais o ministério não tenha ciência. Mas a avaliação do órgão é a de que o interesse pela criação dos planos de gestão é baixo, mesmo que se leve em conta estados e municípios atuando por conta própria. “O pessoal tinha outras demandas e foi deixando de lado. Agora o prazo está se esgotando e a maioria não elaborou [o projeto]”, diz Saburo Takahashi, gerente de projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente. As cidades e unidades da Federação tiveram dois anos para construir seus planos de manejo de resíduos, cuja criação está prevista na Lei n° 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. As consequências do pouco comprometimento com a exigência federal poderão ser sentidas cedo por estados e municípios. “De acordo com a legislação, até 2014 devem ser eliminados todos os lixões do Brasil. Para isso, será preciso implantar aterros sanitários, o que não se faz da noite para o dia. As cidades e estados que não tiverem plano de gestão não vão poder solicitar recursos para fazer isso”, destaca Takahashi. O represente do ministério reconhece, porém, que a verba disponível para ajudar municípios e unidades da Federação a elaborar os planos é escassa. No ano passado, houve destinação de R$ 42 milhões para essa finalidade, dos quais R$ 36 milhões foram usados. Este ano não foi disponibilizado dinheiro, e o governo federal limitou-se a liberar os R$ 6 milhões que não haviam sido executados em 2011. Saburo Takahashi ressalta, no entanto, que o ministério redigiu um manual de orientação para ajudar prefeitos e governadores na elaboração do plano, disponível no site do órgão (www.mma.gov.br). Além disso, a pasta firmou convênio com a e-Clay, instituição de educação a distância que pode treinar gratuitamente gestores para a criação do plano de manejo. Interessados devem entrar em contato pelo telefone (11) 5084 3079. A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), considera positiva a capacitação a distância, mas acredita que para tornar a gestão de resíduos uma realidade é preciso mais divulgação desse instrumento, além da conscientização sobre a importância do manejo do lixo. “Tem que haver propaganda, um incentivo para as pessoas fazerem isso [o curso]”, opina. Elaine acredita que a dificuldade para introdução de políticas de manejo – como reciclagem e criação de aterros sanitários – atinge sobretudo os municípios pequenos, com até 20 mil habitantes. “Faltam recursos e contingente técnico nas pequenas prefeituras”, destaca. O vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João Zianesi Netto, também avalia que faltou capacitação e conscientização. “Alguns [Não criaram o plano] por ignorância, outros por desconhecimento técnico. Em muitos municípios de pequeno e médio porte, a destinação dos resíduos é gerenciada por pessoas que não têm a formação adequada. Além disso, há uma preocupação de que quando você começa a melhorar a questão ambiental você aumenta os custos”, afirma. O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziluldoski, reclama da falta de auxílio financeiro para que as prefeituras cumpram as determinações da Lei n°12.305. Segundo ele, são necessários R$ 70 bilhões para transformar todos os lixões em aterro sanitário, até 2014. “Isso equivale à arrecadação conjunta de todos os municípios do país. Quando acabar o prazo, os prefeitos estarão sujeitos a serem processados pelo Ministério Público por não terem cumprido a lei”, disse. De acordo com ele, a estimativa da CNM é que mais de 50% das cidades brasileiras ainda não elaboraram os planos de gestão de resíduos. (Fonte: Mariana Branco/ Agência Brasil)

Aquecimento oceânico provocou surgimento de bactéria na Europa

A mudança climática provocada pelo homem está por trás do surgimento inesperado de um grupo de bactérias no norte da Europa que pode provocar gastroenterite, mostra um novo estudo feito por um grupo de especialistas. O estudo, publicado neste domingo (22) no periódico Nature Climate Change, forneceu algumas das primeiras fortes evidências de que os padrões de aquecimento do Mar Báltico coincidiram com o surgimento das infecções pela bactéria Vibrio no norte da Europa. O Vibrio é um grupo de bactérias que costuma crescer em ambientes marinhos tropicais e quentes. A bactéria pode provocar várias infecções em seres humanos, com sintomas parecidos ao cólera e a gastroenterite de comer frutos do mar crus ou mal cozidos ou da exposição à água do mar. Um grupo de cientistas de instituições na Grã-Bretanha, Finlândia, Espanha e Estados Unidos examinaram registros nas temperaturas da superfície do mar e dados de satélite, além de estatísticas em casos de vibrião no Báltico. Eles descobriram que o número e a distribuição dos casos na região do Mar Báltico estavam fortemente relacionados aos picos nas temperaturas da superfície oceânica. A cada ano que a temperatura subiu um grau, o número de casos de Vibrio subiu quase 200 por cento. “Os maiores aumentos aparentes que vimos em casos durante anos de onda de calor (…) tendem a indicar que a mudança climática está de fato provocando infecções”, disse à Reuters um dos autores do estudo, Craig Baker-Austin, do Centro para o Meio Ambiente, Pescaria e Ciência de Aquicultura, com sede na Grã-Bretanha. Aquecimento oceânico – Estudos climáticos mostram que as crescentes emissões de gases que provocam o efeito estufa fizeram as médias globais das temperaturas de superfície aumentar em 0,17 graus Celsius em uma década, de 1980 até 2010. O estudo do Vibrio concentrou-se no Mar Báltico porque ele se aqueceu a uma velocidade inédita de 0,063 para 0,078 graus Celsius por ano de 1982 até 2010, ou 6,3 para 7,8 graus por século. “Representa o ecossistema marinho examinado que mais rapidamente se aqueceu até agora em qualquer lugar da Terra”, dizia a revista. Muitas bactérias se desenvolvem bem em água do mar quente e de baixa salinidade. Além do aquecimento, a mudança climática provocou chuvas mais frequentes e mais fortes, que reduziram o conteúdo de sal dos estuários e das zonas úmidas costeiras. Os cientistas disseram que se as temperaturas oceânicas continuarem subindo e as regiões costeiras no norte se tornarem menos salinas, a bactéria Vibrio vai aparecer em novas áreas. (Fonte: Portal Terra)

Conferência nos EUA prevê o fim da pandemia de aids

A possibilidade de pôr fim à pandemia de aids graças a um arsenal de novos tratamentos mostra uma luz no fim do túnel para autoridades e pesquisadores, que se reúnem a partir deste domingo na Conferência Internacional sobre a doença em Washington, mesmo que ainda não se fale em cura. “Pela primeira vez acreditamos que podemos declarar o começo do fim da pandemia de aids”, disse à imprensa Diane Havlir, professora de Medicina da Universidade da Califórnia de San Francisco (Califórnia, oeste), e copresidente da Conferência da aids de 2012. O mesmo otimismo é compartilhado por Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID): “Começamos realmente a nos dar conta de que é possível atuar na transmissão e mudar a trajetória da pandemia (…), inclusive que (ainda) não haja cura”, explica à AFP. O virólogo baseia suas esperanças, sobretudo, nos recentes resultados de testes clínicos que revelam que os antirretrovirais também permitem reduzir fortemente o risco de transmissão em pessoas saudáveis, e não apenas controlar o vírus naquelas que estão infectadas. Para o doutor Gottfried Hirnschall, encarregado do relatório sobre a aids da Organização Mundial de Saúde (OMS), isto “estará, provavelmente, o centro das conversas da conferência”. Esta será a primeira vez desde 1990 que a conferência bianual, a número 19, será realizada nos Estados Unidos, depois da anulação de uma lei que proibia o acesso de soropositivos ao país. A proibição foi anulada pelo Congresso em 2008 e o texto, promulgado pelo presidente Barack Obama em 2009. “Reverter a tendência da pandemia para termos uma geração livre da aids”, é o tema principal da conferência, que reunirá de 22 a 27 de julho 25 mil participantes, entre personalidades políticas, artistas, pesquisadores e ativistas. Além o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001), e sua esposa, Hillary, secretária de Estado americana, também participarão personalidades como Elton John e Bill Gates, ou cientistas de renome, como a prêmio Nobel de Medicina Françoise Barre-Sinoussi, que, ao lado de Luc Montagner, descobriu o vírus da aids. Estima-se que 34 milhões de pessoas vivam com aids no mundo. Cerca de 30 milhões de pessoas morreram desde o início da doença, há mais de três décadas, e cerca de 1,8 milhão morrem todos os anos vítimas da doença. (Fonte: Portal Terra)

Coleta de lixo tóxico ainda é desafio para o Brasil

O descarte de lixo passível de liberar substâncias tóxicas ainda é um problema para o país, apesar de já haver legislação regulamentando o assunto. De acordo com a Lei n°12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores e revendedores de produtos que podem causar contaminação devem recolhê-los. Mas dois anos após a regra estar em vigor, os cidadãos dispõem de poucos locais adequados para jogar fora pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes e embalagens de óleo lubrificante e de agrotóxicos. A lei recomenda que haja acordos setoriais e termos de compromisso entre empresários e o Poder Público para implantar o sistema de devolução ao fabricante no país, prática conhecida como logística reversa. O primeiro passo nesse sentido foi dado apenas no final do ano passado. Em novembro de 2011, o Ministério do Meio Ambiente publicou edital de chamamento para propostas referentes ao descarte de embalagens de óleo. No início deste mês, o órgão lançou mais dois editais: um diz respeito a lâmpadas fluorescentes e o outro a embalagens em geral. No caso das embalagens de óleo, as sugestões continuam sendo debatidas. Quanto aos outros dois editais, segue o prazo de 120 dias para que entidades representativas, fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores enviem propostas à pasta. Enquanto não há um sistema estruturado para destinação de resíduos perigosos, os consumidores continuam fazendo o descarte junto com o lixo comum ou são obrigados a recorrer a iniciativas pontuais de organizações não governamentais (ONGs) e empresas para fazer a coisa certa. “Alguns pontos comerciais se preocupam em fazer pequenos ecopontos para receber pilhas e baterias, mas é muito diminuto”, avalia João Zianesi Netto, vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). De acordo com Netto, houve um movimento da própria indústria no sentido de fazer o recolhimento antes de haver legislação específica, pois a maior parte dos produtos é reaproveitável e tem valor agregado. Mas, na opinião dele, a informação sobre como realizar a devolução não é satisfatoriamente repassada às pessoas. “Eu não estou vendo que estejam procurando instruir o cidadão”, avalia. A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), diz que as atitudes de logística reversa no Brasil são dispersas. “Está dependendo de algumas localidades. Geralmente são ONGs e cooperativas que têm esse tipo de iniciativa. Em alguns casos há participação do Poder Público, como no Projeto Cata-Treco, em Goiânia”, exemplifica ela, referindo-se a um programa da prefeitura daquela cidade em parceria com catadores de lixo. O governo do Distrito Federal também instituiu um sistema para recolhimento de lixo com componentes perigosos. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) disponibiliza 13 pontos para entrega de pilhas e baterias, espalhados por várias regiões administrativas do DF. A relação de endereços está disponível na página do órgão na internet. Elaine Nolasco lembra que o risco trazido pelo descarte inadequado de pilhas, baterias e lâmpadas está relacionado aos metais pesados presentes na composição desses produtos – desde lítio até mercúrio. “Pode haver contaminação do solo e do lençol freático”, diz. A Lei n° 12.305 estabelece, de forma genérica, que quem infringir as regras da Política Nacional de Resíduos Sólidos pode ser punido nos termos da Lei n° 9.605/1998, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Assim, elas podem ser denunciadas às delegacias de meio ambiente das cidades ou ao Ministério Público. (Fonte: Mariana Branco/ Agência Brasil)O descarte de lixo passível de liberar substâncias tóxicas ainda é um problema para o país, apesar de já haver legislação regulamentando o assunto. De acordo com a Lei n°12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores e revendedores de produtos que podem causar contaminação devem recolhê-los. Mas dois anos após a regra estar em vigor, os cidadãos dispõem de poucos locais adequados para jogar fora pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes e embalagens de óleo lubrificante e de agrotóxicos. A lei recomenda que haja acordos setoriais e termos de compromisso entre empresários e o Poder Público para implantar o sistema de devolução ao fabricante no país, prática conhecida como logística reversa. O primeiro passo nesse sentido foi dado apenas no final do ano passado. Em novembro de 2011, o Ministério do Meio Ambiente publicou edital de chamamento para propostas referentes ao descarte de embalagens de óleo. No início deste mês, o órgão lançou mais dois editais: um diz respeito a lâmpadas fluorescentes e o outro a embalagens em geral. No caso das embalagens de óleo, as sugestões continuam sendo debatidas. Quanto aos outros dois editais, segue o prazo de 120 dias para que entidades representativas, fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores enviem propostas à pasta. Enquanto não há um sistema estruturado para destinação de resíduos perigosos, os consumidores continuam fazendo o descarte junto com o lixo comum ou são obrigados a recorrer a iniciativas pontuais de organizações não governamentais (ONGs) e empresas para fazer a coisa certa. “Alguns pontos comerciais se preocupam em fazer pequenos ecopontos para receber pilhas e baterias, mas é muito diminuto”, avalia João Zianesi Netto, vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). De acordo com Netto, houve um movimento da própria indústria no sentido de fazer o recolhimento antes de haver legislação específica, pois a maior parte dos produtos é reaproveitável e tem valor agregado. Mas, na opinião dele, a informação sobre como realizar a devolução não é satisfatoriamente repassada às pessoas. “Eu não estou vendo que estejam procurando instruir o cidadão”, avalia. A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), diz que as atitudes de logística reversa no Brasil são dispersas. “Está dependendo de algumas localidades. Geralmente são ONGs e cooperativas que têm esse tipo de iniciativa. Em alguns casos há participação do Poder Público, como no Projeto Cata-Treco, em Goiânia”, exemplifica ela, referindo-se a um programa da prefeitura daquela cidade em parceria com catadores de lixo. O governo do Distrito Federal também instituiu um sistema para recolhimento de lixo com componentes perigosos. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) disponibiliza 13 pontos para entrega de pilhas e baterias, espalhados por várias regiões administrativas do DF. A relação de endereços está disponível na página do órgão na internet. Elaine Nolasco lembra que o risco trazido pelo descarte inadequado de pilhas, baterias e lâmpadas está relacionado aos metais pesados presentes na composição desses produtos – desde lítio até mercúrio. “Pode haver contaminação do solo e do lençol freático”, diz. A Lei n° 12.305 estabelece, de forma genérica, que quem infringir as regras da Política Nacional de Resíduos Sólidos pode ser punido nos termos da Lei n° 9.605/1998, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Assim, elas podem ser denunciadas às delegacias de meio ambiente das cidades ou ao Ministério Público. (Fonte: Mariana Branco/ Agência Brasil)

Emissões de dióxido de carbono em 2011 aumentaram 3%, aponta estudo

As emissões globais de dióxido de carbono, apontadas como uma das principais causas das mudanças climáticas, tiveram um aumento de 3% em 2011 em comparação ao ano anterior, atingindo uma alta recorde de 34 bilhões de toneladas, indica estudo feito por um centro de pesquisa da Comissão Europeia e pela Agência de Avaliação Ambiental dos Países Baixos. De acordo com o relatório, a China teve um aumento de 9%, chegando a 7,2 toneladas per capita. Com isso, o país entrou na faixa em que estão os principais países industrializados. A União Europeia, por sua vez, viu suas emissões caírem 3% para 7,5 toneladas em 2011. O desaquecimento da economia e um inverno ameno estão entre os motivos para a queda. Japão e EUA tiveram reduções de 2% cada um. Ainda assim, os Estados Unidos seguem sendo um dos países com maiores emissões por habitante, com média de 17,3 toneladas, apesar da crise de 2008/2009 e da subida do preço do petróleo e do gás. Índia – As emissões dos países ricos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) passaram a representar apenas um terço do total global – o mesmo volume de China e Índia somadas. A Índia teve alta de 6% em 2011. O crescimento da China levou a aumento significativo no consumo de combustíveis fósseis no país. A construção civil e a ampliação de infraestrutura estão entre os fatores que impulsionam essa alta. O crescimento da produção de aço e cimento fez o consumo doméstico de carvão no país asiático aumentar 9,7% em 2011. Os principais contribuintes para os 34 bilhões de toneladas de CO2 emitidos mundialmente no ano passado são: China (29%), Estados Unidos (16%), União Europeia (11%), Índia (6%), da Federação Russa (5 %) e Japão (4%). Um total de 420 bilhões de toneladas de dióxido de carbono foram emitidos entre 2000 e 2011, devido às atividades humanas, incluindo o desmatamento. A literatura científica sugere que a limitação do aumento da temperatura média global a 2 graus acima dos níveis pré-industriais – meta adotada nas negociações climáticas das Nações Unidas – só é possível se as emissões no período 2000-2050 não excederem 1 trilhão a 1,5 trilhão de toneladas. Se a atual tendência mundial de aumento das emissões de CO2 se mantiver, elas devem superar esse limite dentro das próximas duas décadas. (Fonte: Globo Natureza)

Satélites registram degelo recorde na superfície da Groenlândia

A cobertura de gelo da superfície da Groenlândia derreteu este mês em uma área superior à detectada em mais de 30 anos de observações de satélite, informou a Nasa esta terça-feira (24). Segundo medições de três satélites diferentes analisadas por cientistas acadêmicos e da agência espacial americana, calcula-se que 97% da cobertura de gelo derreteram em algum ponto em meados de julho. “Isto foi tão extraordinário que a princípio questionei o resultado: seria real ou teria sido um erro nos dados?”, disse Son Nghiem, da Nasa. O especialista lembrou ter notado que grande parte da superfície congelada da Groenlândia parecia ter derretido em 12 de julho, ao analisar dados do satélite Oceansat-2, da Organização de Pesquisas Espaciais Indiana. Resultados de outros satélites confirmaram estas descobertas. Mapas do degelo demonstraram que em 8 de julho cerca de 40% da superfície congelada tinham derretido, uma área que aumentou para 97% quatro dias depois. A notícia é divulgada dias depois de imagens de satélite da Nasa mostrarem que um enorme iceberg com o dobro do tamanho da ilha de Manhattan se soltou de uma geleira na Groenlândia. Segundo a Nasa, no verão, cerca da metade da cobertura de gelo da Groenlândia derrete naturalmente. Normalmente, a maior parte desse gelo derretido volta a congelar rapidamente em altitudes mais elevadas, enquanto em áreas costeiras parte dele é retida pela cobertura de gelo, enquanto o resto vai para o oceano. “Mas este ano, a extensão do derretimento na superfície ou perto dela aumentou dramaticamente”, informou a agência. Cientistas ainda precisam determinar se o degelo, que coincidiu com uma pouco habitual onda de ar quente sobre a Groenlândia, contribuirá com a elevação no nível do mar. (Fonte: G1)

Acidente de Fukushima pode causar até 2.500 casos de câncer, diz estudo

A radiação proveniente da explosão da usina da Fukushima Daiichi, afetada pelo forte terremoto e tsunami que atingiram o Japão em março de 2011, pode causar entre 15 e 1.300 mortes em qualquer parte do mundo, além de 24 a 2.500 casos de câncer, sendo que a maioria poderá ocorrer em solo japonês, afirma estudo realizado por pesquisadores da Universidade Stanford, dos Estados Unidos. De acordo com pesquisa publicada nesta terça-feira (17) no jornal “Energy and Environmental Science”, as estimativas têm grandes faixas de incerteza, porém contrastam com afirmações anteriores de que a libertação de substâncias radioativas da usina não causariam efeitos graves à saúde global. É a primeira vez que os impactos à saúde por conta do desastre natural são medidos. O desastre de Fukushima foi o pior acidente nuclear desde a explosão do reator de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Segundo o estudo, a liberação de radiação contaminou uma área chamada de “zona morta”, que reúne várias centenas de quilômetros quadrados ao redor da planta atômica. Baixos níveis de radiação foram encontrados na América do Norte e na Europa. Mas a maior parte da radiação foi despejada no Oceano Pacífico (apenas 19% do material liberado afetou o solo), o que manteve a população relativamente menos exposta. Análise – Os pesquisadores de Stanford utilizaram um modelo atmosférico global em 3D, desenvolvido ao longo de 20 anos de pesquisa, para estimar o transporte de material radioativo. Um modelo padrão de efeitos na saúde também foi aplicado para estimar a exposição humana ao material. Com isso, os pesquisadores descobriram um número estimado de mortes, grande parte ocasionada pelo câncer. Pelo modelo, a maior parte dos afetados está no Japão, com efeitos notáveis na Ásia e na América do Norte. Nos Estados Unidos, por exemplo, haveriam 12 mortes devido à radiação e até 30 óbitos devido ao câncer provocado pelo contato com a radiação. De acordo com Tem Hoeve, um dos autores do estudo, os valores são relativamente baixos em todo o mundo, o que deve gerenciar o medo do impacto do desastre em outros países. (Fonte: G1)

As perdas da Amazônia Legal

Secretários de Meio Ambiente dos estados que compõem a Amazônia Legal estão reunidos em Palmas para debater, em fórum regional, a agenda de educação ambiental, entre outros pontos. Consta também da pauta do evento, que começou na quarta-feira e segue até sábado (21), a revisão da programação dos planos estaduais de controle do desmatamento e das queimadas. O secretário de Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Roberto Brandão Cavalcanti, apresenta a importância regional e local de se internalizar a biodiversidade na contabilidade do Brasil e dos estados. Com base nas propostas do estudo global A Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês), Cavalcanti destaca que a Amazônia Legal convive com dois problemas sérios: a perda expressiva de receita decorrente do comércio ilegal dos produtos da sua diversidade local e a perda de patrimônio genético. “São situações que depreciam os ativos ambientais, geram perda de mercado e não melhoram o índice de desenvolvime nto humano (IDH) local”, enumera. Perda e ativos – Para Cavalcanti, a economia baseada nos ecossistemas e na biodiversidade, a partir dos dados do TEEB global captados desde 2007 nos países que integram o grupo dos oito países mais ricos do planeta, o G8, e nas cinco maiores economia em desenvolvimento, permite mensurar o valor das perdas e dos ativos ambientais. “Esta é uma agenda estratégica para o Ministério do Meio Ambiente, pois demonstra ser possível colocar os custos ambientais na contabilidade do país”, avalia. O TEEB é coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e conta com o apoio financeiro da Comissão Europeia, do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha e do Departamento para Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido. De acordo com esse estudo, o pensamento econômico aplicado ao uso da biodiversidade e dos serviços ambientais pode ajudar a esclarecer por que a prosperidade e a redução da pobreza dependem da manutenção do fluxo de benefícios de ecossistemas; e por que a proteção ambiental bem sucedida precisa ter fundamentos econômicos sólidos, a partir do reconhecimento explícito dos custos e benefícios da conservação e do uso sustentável dos recursos naturais. (Fonte: Luciene de Assis/MMA)

Embrapa cria rede para melhorar cadeia produtiva de criação de rãs no país

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciou, no último mês, a construção de uma rede de interação e aprendizagem para apoiar a cadeia produtiva da ranicultura (criação de rãs). O objetivo é permitir que os diversos criadores troquem experiências e conheçam as novas tecnologias destinadas à criação de rãs, por meio do contato com a Embrapa e com outras instituições como a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo Priscila Almeida, da Embrapa, a rede surgiu com a proposta de melhorar a cadeia produtiva, já que, no passado, a empresa tentou transferir tecnologia aos criadouros de rãs, mas não teve sucesso por causa de uma série de problemas. Ela explica que os criadores, atualmente, não têm, por exemplo, uma produção constante. Com isso, existe a dificuldade de se investir em um maquinário que poderá ficar subaproveitado. Acredita-se, ainda, que grande parte dos criadores não tenha na ranicultura sua fonte de renda principal. De acordo com Priscila Almeida, se a cadeia produtiva for mais organizada e os criadores tiverem um acesso mais facilitado a técnicos da Embrapa e de universidades, ficará mais fácil transferir tecnologia e ampliar a produção. “Hoje, por exemplo, o que se aproveita é basicamente a coxa da rã, porque tem mais carne. O dorso [do animal], que representa grande parte do peso da rã, tem muita cartilagem e é descartado. A gente pegou esse dorso da rã e fez alguns produtos, como patês e carnes desfiadas, para que isso não seja jogado fora”, disse. Entre as propostas da rede está a criação de um ambiente virtual e a realização de cursos periódicos, em que os criadores poderão mostrar as dificuldades, trocar experiências e conhecer novas técnicas. A Embrapa também pretende fazer um levantamento para conhecer melhor o setor e o perfil dos criadores. A expectativa é que a rede funcione até 2015 e foque, principalmente, os estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, que concentram 91% dos mais de 150 estabelecimentos existentes no país. (Fonte: Vitor Abdala/ Agência Brasil)

Para acompanhar o clima, cientista faz carreira cercado de gelo e urgência

Um certo dia em 1991, no alto dos Andes peruanos, Lonnie G. Thompson viu que o maior cume de gelo tropical do mundo estava começando a derreter. Foi neste momento que ele percebeu que o trabalho de sua vida de repente havia se tornado uma corrida. A descoberta indicava que outros cumes provavelmente começariam a derreter e que as possíveis informações que continham sobre o clima do passado poderiam desaparecer antes que os cientistas tivessem a oportunidade de aprender com elas. Impulsionado por uma sensação de urgência ao longo dos 20 anos que se seguiram, ele conquistou uma série de realizações nunca vistas anteriormente na ciência moderna. Ele liderou equipes para algumas das regiões mais altas e remotas da terra para recuperar amostras de gelo em extinção. Então, em outubro, a corrida contra o relógio tornou-se uma jornada bastante pessoal. Thompson acordou em um quarto do hospital em Columbus e olhou para baixo. “Haviam fios saindo do meu peito”, disse. Máquinas haviam sido ligadas nele para mantê-lo vivo. A longo prazo, os médicos lhe disseram que somente um transplante de coração faria com que ele ficasse completamente saudável novamente. Thompson, 63, é um dos mais proeminentes da geração de cientistas que, nas últimas décadas do século 20, descobriram o problema do aquecimento global. Agora os cientistas nesta área de estudo estão começando a envelhecer e muitos deles dizem estão tendo dificuldade em lidar com a questão de como é difícil estar sempre desafiando seus próprios limites. Será que mais uma descoberta ou mais uma expedição poderia ajudar a mudar a consciência do público geral? Thompson se tornou um dos primeiros cientistas a testemunhar e registrar uma dos maiores cumes de gelo da Terra derretendo. E os seus núcleos de gelo – longos cilindros de gelo – revelaram que este derretimento repentino nunca havia ocorrido antes, pelo menos não nos últimos milhares de anos. Para alguns cientistas do clima, o registro do núcleo de gelo de Thompson se tornou o conjunto de evidências mais convincente de que o rápido aquecimento planetário era resultado de um aumento dos gases contribuintes para o efeito estufa. “A razão pela qual o material de Lonnie é tão poderoso é que é bastante simples”, disse Daniel P. Schrag, geoquímico de Harvard e diretor do Centro para o Meio Ambiente. “Sua prova rejeita a ideia de que isso é algum tipo de ciclo que acontece a cada 300 ou 500 anos, que é o que os céticos normalmente dizem. E nós dizemos: “Não, porque o gelo de Lonnie não derreteu antes. Ele está derretendo agora.” Colegas afirmam que Thompson negligenciou sua própria saúde em busca de sua ciência. Agora, na maior parte do tempo confinado em seu escritório e sua casa em Columbus, ele disse que começou a apreciar a clareza que sua circunstância lhe proporciona. “Eu não desejo isso a ninguém, mas não é de todo ruim”, disse ele. “Realmente o obriga a sentar e pensar sobre o que é que você está fazendo e porque está fazendo isso, e como você está usando seu tempo.” Atraído pelos Trópicos – Criado em uma fazenda perto de Gassaway, West Virgínia, Lonnie Gene Thompson chegou ao Estado de Ohio com a ideia de se tornar um geólogo de carvão, mas o gelo logo o seduziu. Como estudante de pós-graduação em busca de um doutorado em geologia, ele trabalhou analisando a poeira em núcleos de gelo retirados da Antártica, e descobriu que características químicas e físicas minúsculas poderiam ser utilizadas para deduzir o clima do passado. Colaborando com John Mercer, um cientista especialista na Terra em uma universidade famosa por seus estudos de geologia glacial na América Latina, Lonnie Thompson foi atraído para o gelo tropical. A equipe da Universidade Estadual de Ohio decidiu se concentrar no poderoso Quelccaya, nos Andes do Peru, o maior cume de gelo tropical do planeta, suspeitando que ele renderia um registro preciso do clima. Mas a ideia de perfuração encontrou uma recepção fria de alguns dos cientistas do clima mais eminentes naquela época. A noção predominante na década de 1970 era de que os trópicos eram climatologicamente chatos e que a maioria das grandes oscilações no clima da Terra havia acontecido mais perto dos pólos. Além disso, nos trópicos, “ninguém achava que haveria gelo muito velho”, lembrou Wallace S. Broecker, da Universidade Columbia, atual principal paleoclimatologista dos Estados Unidos. (Aos 80 anos, Broecker está entre os cientistas do clima que trabalham muito além da sua idade de aposentadoria.) Em 1974, com US$7.000 da Fundção Nacional de Ciência, Mercer e Thompson lideraram uma equipe de pesquisa no Quelccaya, em uma planície vulcânica 18.000 pés acima do nível do mar. Eles confirmaram que camadas anuais de pó parcialmente sazonais podiam ser vistas no gelo. Após uma série de tentativas frustradas de perfurar o gelo, incluindo uma envolvendo um helicóptero, Thompson recorreu a mulas, cavalos e burros para montar uma expedição em 1983, que perfurou completamente através de 537 metros de gelo com uma broca de energia solar. Na época, ele não conseguia encontrar uma maneira de transportar o gelo congelado, para que as camadas foram pesquisadas. Então elas foram partidas e derretidas em milhares de garrafas de plástico que foram transportados de volta para Columbus, para análise química. Os resultados foram surpreendentes. O registro do gelo chegou a 1.500 anos antes e registrou oscilações enormes no clima da região – intensos períodos de seca alternando com períodos úmidos. Grandes lagos surgiram e sumiram nos vales abaixo, a poeira de suas secas até camas deixando marcas químicas no gelo. O registro também mostrou mudanças na química da água semelhantes aquelas observadas nos pólos, levando Thompson a inferir grandes variações de temperatura nos trópicos. Nos anos seguintes, Thompson perfurou em outros locais na América do Sul, recuperando gelo de até 25.000 anos e confirmando os padrões observados em Quelccaya. Seus resultados, juntamente com registros colhidos por outros cientistas no fundo do mar, agitou o campo da paleoclimatologia. Uma série de desafios – Ao final dos anos 1980, a preocupação com o aquecimento global estava aumentando, e alguns cientistas acreditavam que as calotas polares e geleiras dos trópicos seriam as primeiras a mostrar seus efeitos. Em uma viagem de retorno a Quelccaya em 1991, Thompson notou substancial derretimento nas bordas do cume de gelo. Testes laboratoriais confirmaram que os sinais registrados anualmente na química do gelo estavam se tornando turvos. Ele acelerou o ritmo com sua equipe, que estava entre os primeiros cientistas ocidentais permitidos a analisar os cumes de locais como a China, recuperando gelo que pode ter até 750.000 anos. Ele perfurou várias outras vezes no planalto tibetano, no Ártico russo, no Alasca, no topo do Monte Kilimanjaro, na Tanzânia, na Nova Guiné, nos Alpes. Mas a carreira de Thompson não foi inteiramente livre de controvérsia. Alguns cientistas têm desafiado a análise de Thompson dos sinais em núcleos de gelo, dizendo que as mudanças químicas que ele interpreta como variações de temperatura provavelmente refletem uma mistura mais complexa de mudanças na precipitação, temperatura e padrões de circulação atmosférica. Mathias Vuille, um cientista atmosférico da Universidade Estadual de Albany, que admira as realizações de Thompson, disse que suas análises sobre este ponto “são difíceis de conciliar com outras evidências.” “Sua hora ainda não chegou” – Quando jovem, Thompson mantinha a forma correndo maratonas. Ele agora percebe que sua saúde começou um lento declínio em algum momento de seus 40 anos de idade. No outono passado, ele chegou a um ponto em que ele mal podia andar. Ele acabou no hospital, alternando entre consciência e inconsciência por dias à medida que o seu coração fracassava em mantê-lo vivo. Mais de uma vez, sua esposa e sua filha, Regina, foram informadas de que ele não conseguiria sobreviver mais noite. Foi em um de seus períodos em coma, ele acredita, que teve o sonho. Ele disse que saltitava pelo espaço e pousou em um belo local cheio de flores e riachos. Lá, ele disse, uma figura vestida de branco falou com ele. “Sua hora ainda não chegou”, a figura disse ele. “Você tem outra finalidade.” Thompson não é um homem particularmente religioso, e ele não tenta explicar o sonho, mas a sua memória dele é vivida. O equipamento movido a bateria implantado em seu peito o ajudou a melhorar e a deixar o hospital, enquanto esperava na lista de transplante de órgãos. Na primavera, ele havia retomado um horário de trabalho limitado, colaborando em pesquisadas de colegas localizados ao redor do mundo. Thompson sabe que precisa ir devagar, mas ele já está de olho num cume de gelo inexplorado na China. No ano passado, ele entrou em contato com alguns de seus conhecidos na Rússia e pediu para que um astronauta na Estação Espacial Internacional fotografasse um cume de gelo específico. Uma equipe chinesa já foi verificar o local e confirmou que a perfuração de um núcleo parece ser possível, caso ele se recupere o suficiente para enfrentar uma nova expedição. Outras pessoas provavelmente poderiam fazê-lo sem ele, mas ele não quer nem saber de ficar de fora desse possível experimento. “Eu vou voltar à ativa”, disse ele com um sorriso. “Eu estou à procura do gelo mais antigo do planeta.” (Fonte: Portal iG)

As impurezas que a água esconde

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) aprovou moção que propõe ações de ciência e desenvolvimento de tecnologias destinadas à melhoria de técnicas de monitoramento e tratamento de cursos d’água para abastecimento humano e seus afluentes. O objetivo desta iniciativa é incentivar a pesquisa e a adoção de tecnologias capazes de retirar da água distribuída às residências as nanopartículas – porções de material de apenas alguns átomos de tamanho, com propriedades muito diferentes do mesmo material em grandes quantidades – poluentes, orgânicas e inorgânicas, além de eliminar os micro-organismos patogênicos. “Essas nanopartículas poluentes não são eliminadas com o tratamento atual que se dá à água, por isso é necessário investir em pesquisa e tecnologia, e no uso de membranas importadas para melhorar o processo”, explica o coordenador-geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Sanderson Leitão, conselheiro do CNRH/MMA. Segundo ele, os métodos atuais não são efetivos. “A tendência é aumentar a contaminação por micropoluentes que causam, por exemplo, câncer, infertilidade, outros distúrbios metabólicos e endócrinos, para citar alguns problemas, e isso é muito preocupante”, insiste Leitão, autor dessa moção junto ao Conselho. Drogas e aditivos - No texto da moção aprovada pelos integrantes do CNRH consta uma lista de micropoluentes emergentes, provenientes de medicamentos, drogas ilícitas, produtos de beleza, higiene pessoal e limpeza, de aditivos industriais, aditivos de gasolina, agrotóxicos e produtos resultantes da transformação desses micropoluentes. Segundo Sanderson Leitão, essas são algumas das substâncias que escapam à filtragem e tratamento químico dado à água destinada ao consumo humano, ingeridas diariamente pelos brasileiros. Entre as últimas deliberações do Conselho Nacional de Recursos Hídricos estão os critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco, dano potencial associado, e pelo seu volume. Os conselheiros também aprovaram diretrizes destinadas a implementar a Política Nacional de Segurança de Barragens e a atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens; além dos critérios e linhas normativas que permitam colocar em prática os instrumentos de outorga e de enquadramento em rios efêmeros (secam numa determinada época do ano) e intermitentes. “A outorga confere ao interessado o direito de captar água ou de lançar resíduos em um curso de água e o enquadramento define a quantidade e a qualidade da água, além de estabelecer metas futuras compatíveis com o uso que se quer dar a um rio intermitente e a um efêmero”, esclarece Ana Cristina Mascarenhas, gerente de apoio do CNRH/MMA. Atribuições - Ela destaca, ainda, as principais atribuições do conselho, conforme o estabelecido pela Lei de Segurança das Barragens (12.334/2010), que estabeleceu a Política Nacional de Segurança de Barragens: definir como será a implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens e como será a atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens. Ana Cristina explica que cabe ao Conselho analisar o relatório de segurança de barragens, inclusive propondo melhorias nas obras existentes. “Depois de avaliar e discutir o relatório, o CNRH o encaminhará ao Congresso Nacional para deliberações”, acrescentou. (Fonte: Luciene de Assis/ MMA)

Aumenta extração de produtos naturais no Amazon

Extração ilegal de madeiras, areia, barro e seixo, seguidos das queimadas e do desmatamento ilegal ainda são os crimes ambientais mais registrados pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). Por conta da construção civil, a solicitação de autorização para retirada de areia, aumentou 40%. Esse é o balanço que o órgão fez do primeiro semestre deste ano. Conforme o presidente do Ipaam, Antonio Ademir Stroski, a margem direita do rio Negro, nos municípios de Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus), Manacapuru (a 84 quilômetros) e Novo Airão (a 115 quilômetros), está sendo monitorados para evitar a extração ilegal de areia. “O grande problema nessas áreas é o loteamento clandestino, a ocupação ilegal das terras. Então, as pessoas que forem adquirir terras do outro lado rio, procurem primeiro, saber da regularização do terreno junto aos municípios”, advertiu Stroski. Ainda segundo o presidente do órgão ambiental, as rodovias AM 010, a Manaus Itacoatiara, e a BR 174, a Manaus Presidente Figueiredo, são outras áreas de onde são extraídas areia. E, as multas por práticas ilegais podem variar de R$ 500 a R$ 50 milhões. “A licença para a extração da areia tem um prazo de cinco anos. Tanto no leito de rio como em terra firme, é uma atividade licenciada pelo Ipaam. Portanto, o veículo que estiver transportando areia ilegal, tanto a areia como o caminhão é apreendido e leva multa, cujo valor varia conforme a gravidade”, ressaltou ele, acrescentando que há extrações ilegais, mas que o número delas ainda sendo apurado e que o Ipaam conta com a ajuda do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Stroki explicou que o Ipaam exige dos interessados, o Plano de Controle Ambiental, que vai permitir a recuperação da área em que foi retirada a areia, evitando assim, a supressão de vegetação e aberturas ilegais de ramais. Para o presidente do Ipaam, os focos mais fortes da extração ilegal de madeira, estão no Sul do Estado do Amazonas, na divisa com Rondônia e poderão ser solucionados em parte, com a colocação de madeira legal no mercado, fruto de áreas de manejo florestal. “Na atividade madeireira, por exemplo, existem casos em que o empresário ou o interessado procura fraudar o Documento de Origem Florestal, o DOF. Tem gente que licencia o plano de manejo e não o explora. Ao final, acaba fazendo um negócio, vendendo a licença. E, isso é monitorado”, falou. Poluição sonora é lider em Manaus Na cidade de Manaus, os crimes ambientais mais cometidos no primeiro semestre foram os de poluição sonora, poluição do ar e invasões, segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade . De acordo com o órgão, a poluição sonora foi o crime mais denunciado. Mais 6,6 mil denúncias foram feitas, 71 multas foram aplicadas, 1,3 mil notificações foram executadas e houve 54 interdições. “Procuramos priorizar a conscientização e a notificação, antes de aplicar multas”, disse o diretor de fiscalização do órgão Ricardo Maia. Ele falou também, que as zonas de Manaus mais denunciadas, foram as Leste e Centro-Oeste. “Na verdade, recebemos denúnias de todas as zonas, mas, essas duas, se destacaram”, frisou. Grilagem – De acordo com a organização não governamental (ONG), WWF Brasil, grandes áreas de floresta são griladas e vendidas a preços abaixo de mercado. Essas áreas costumam ser terras públicas, e as instituições estatais não conseguem ter controle total sobre sua ocupação. Documentos falsos são preparados e uma extensa rede de corrupção é envolvida no esquema para garantir o sucesso do negócio ilegal. Em seguida, as áreas degradadas são destinadas à agricultura e à pecuária. (Fonte: A Crítica/ AM)

Primeira vacina contra a dengue combate três tipos virais da doença

A primeira vacina do mundo contra a dengue, desenvolvida pelo laboratório francês Sanofi SA, demonstrou a capacidade de proteger contra três das quatro cepas virais causadoras da doença, de acordo com resultados de um aguardado teste clínico na Tailândia. A Sanofi disse nesta quarta-feira (25) que a prova de eficiência é um marco importante nestas sete décadas de luta para desenvolver uma vacina viável contra a dengue, e que os resultados também confirmam que a fórmula é segura. Outros laboratórios estão trabalhando em vacinas contra a doença, mas o produto da Sanofi está anos à frente. A dengue, transmitida por mosquito, ameaça quase 3 bilhões de pessoas no mundo, sendo milhões delas no Brasil. A contaminação por uma cepa viral não garante imunidade contra as outras três. A vacina da Sanofi gerou uma resposta imunológica às quatro cepas, mas só houve comprovação da sua eficácia contra três delas. A Sanofi disse estar realizando análises para entender a resistência do quarto tipo, e que a Fase 3 do teste clínico poderá indicar se isso tem relação com alguma situação específica da Tailândia. O estudo da Fase 2B, envolvendo 4.002 crianças tailandesas de 4 a 11 anos, foi realizado durante um surto de dengue, o que pode explicar o resultado inesperado. O analista Mark Clark, do Deutsche Bank, disse que a falta de proteção contra o quarto tipo do vírus significa que o lançamento comercial da vacina é mais provável em 2015 do que em 2014, pois a Sanofi aguardará a Fase 3 antes de protocolar o pedido de registro em alguns países. “Mais positivamente, como a proteção contra pelo menos três dos quatro tipos virais foi demonstrada, os dados amparam a possibilidade de lançamento dessa enorme necessidade clínica não-atendida”, disse Clark em nota de pesquisa. A Sanofi Pasteur, unidade de vacinas do laboratório, já investiu 350 milhões de euros (US$ 423 milhões) em uma nova fábrica na França para produzir a vacina, que é administrada em três doses. A empresa prevê um faturamento anual de 1 bilhão de euros com o produto. Os dados completos do estudo ainda estão sendo revistos por especialistas e autoridades de saúde, e devem ser divulgados ainda neste ano. A Fase 3 do estudo, com 31 mil participantes, está sendo realizada em dez países da Ásia e América Latina. Nos últimos 50 anos, o número de casos da dengue no mundo se multiplicou por 30. A Organização Mundial da Saúde estima que haja 50 a 100 milhões de novos casos por ano, mas muitos especialistas avaliam que essa cifra, da década de 1990, está subestimada. A doença mata cerca de 20 mil pessoas por ano, especialmente crianças. (Fonte: G1)

Identificado alvo para combater a leishmaniose

Remédio? A leishmaniose é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das chamadas "doenças negligenciadas", por atingir populações pobres de países em desenvolvimento e, por isso mesmo, não receber a devida atenção da indústria farmacêutica para pesquisa de novos medicamentos. Enquanto isso, a doença continua sendo tratada com os antimoniais pentavalentes, que são caros, tóxicos e ineficazes. Além de serem os responsáveis pelo surgimento de um dos super-micróbios mais ameaçadores ao homem que se conhece. Algumas esperanças, contudo, começam a surgir. Desenhando o alvo Um estudo feito por pesquisadores brasileiros e norte-americanos pode contribuir para o desenvolvimento de um novo fármaco que possa impedir que o parasita causador da doença infecte e se prolifere em humanos. A equipe demonstrou pela primeira vez a importância da localização de uma enzima dentro do glicossoma - organelas exclusivas da família dos tripanosomatídeos, a qual as leishmânias pertencem - do parasita causador da doença, que pode ser um potencial alvo para impedir o crescimento do protozoário. O trabalho foi realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com colegas da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Arginase Nos últimos anos, o grupo de pesquisadores da USP tem-se dedicado a entender como o parasita causador da leishmaniose se relaciona com o homem e quais materiais utiliza para assegurar sua sobrevivência ao infectar um hospedeiro. Um desses materiais é a arginase - enzima de uma via metabólica das leishmânias que é fundamental para o crescimento do parasita e está compartimentada em seu glicossoma. Na pesquisa realizada em parceria com cientistas dos Estados Unidos, foi demonstrada que a compartimentalização adequada da arginase no glicossoma da Leishmania amazonensis é importante para a atividade e para possibilitar que o parasita infecte o hospedeiro. Isto abre a possibilidade de se interferir no ciclo da doença, utilizando um novo medicamento que consiga inibir a enzima do parasita, por exemplo, de modo a interromper a infecção. "A descoberta mais importante deste estudo foi identificar a importância da localização da arginase, que é um alvo importante para impedir que o parasita cresça em mamíferos", avaliou Lucile Maria Floeter-Winter, coordenadora do estudo. Ciclo da leishmaniose O parasita da leishmaniose é transmitido ao homem por insetos vetores conhecidos como flebotomíneos, como o mosquito-palha, que, ao picar um mamífero para se alimentar de seu sangue, injeta nele o protozoário na forma promastigota (com um flagelo longo). Para combater o parasita, o organismo humano e de outros mamíferos infectados recrutam células de defesa do sangue, conhecidas como macrófagos, para interceptá-los. Porém, o protozoário consegue se multiplicar no interior dos macrófagos. Ao romper, os macrófagos liberam essas células na forma amastigota (sem flagelo), que migram pelo corpo à procura de um tecido onde possam se multiplicar e se estabelecer. E, ao picar um humano ou animal infectado, o mosquito flebotomíneo se infecta pelo parasita, fechando o ciclo da doença. Segundo a pesquisadora, para que possa ser mais eficaz do que os tratamentos utilizados, uma nova droga para combater a leishmaniose deverá percorrer toda essa trajetória de desenvolvimento do parasita e, por conseguinte, da enzima arginase. "Como essa enzima está compartimentalizada dentro do glicossoma, do parasita na forma amastigota, do fagolissomo (lisossomo que realiza fagocitose) e dentro do macrófago, uma nova droga ou fármaco para leishmaniose deverá fazer todo esse percurso para inibir a arginase: atravessar a membrana do macrófago, do fagossomo, do parasita e do glicossoma. E isso representa um caminho árduo", avaliou. Agência Fapesp

Descoberto novo tipo de gordura boa, a gordura bege

A cor da gordura Também chamada de "gordura boa", a gordura marrom encontrada no corpo humano agora tem uma companheira - a gordura bege. É o que garante um novo estudo no qual os pesquisadores pela primeira vez caracterizaram plenamente esse tipo de tecido que, ao contrário do que possa parecer, combate a obesidade e tem importante papel no sistema imunológico. As descobertas podem levar a formas mais específicas para enfrentar a obesidade e o diabetes, eventualmente por meio do incremento dessas células de gordura bege, dizem os pesquisadores. Tipos de células de gordura O estudo parece indicar que existem células gorduras de diversos tipos e diversas funções, eventualmente com alterações de funções. "Nós identificamos um terceiro tipo de célula de gordura," explica Bruce Spiegelman, da Escola de Medicina de Harvard (EUA). "Há a gordura branca, a gordura marrom, e agora a gordura bege. Este terceiro tipo de gordura bege está presente na maioria ou em todos os seres humanos." Na verdade, sempre se pensou que a gordura marrom existisse apenas em bebês, servindo para mantê-los aquecidos. Mas dados de imageamento médico mais recentes - e mais precisos - mostram que os adultos também mantêm um pouco dessa gordura saudável. Origem da gordura marrom Mas a equipe de Spiegelman já havia mostrado anteriormente que a gordura marrom queimadora de energia, encontrada no meio da gordura branca armazenadora de energia em adultos, não era exatamente a gordura marrom clássica que se vê em bebês. A gordura marrom dos bebês vem dos músculos, enquanto nos adultos as células de gordura marrom surgem do "escurecimento" da gordura branca. No novo estudo, a equipe de Spiegelman clonou células bege retiradas do tecido adiposo de camundongos para estudar a sua atividade em nível genético. Os perfis de expressão mostraram que, geneticamente, as células bege estão em um ponto entre a gordura branca e a gordura marrom. Inicialmente, elas têm baixos níveis de UCP1 (proteína desacopladora 1), um ingrediente chave para a queima de energia e geração de calor, níveis semelhantes aos da gordura branca. Mas as células bege também têm uma notável capacidade de incrementar sua expressão de UCP1, iniciando um programa de queima de energia que é equivalente àquele da gordura marrom clássica, a dos bebês. Irisina A equipe também descobriu que as células bege respondem a um hormônio conhecido como irisina, para ativar o programa de queima de energia. Isso é particularmente notável porque a irisina é liberada pelos músculos mediante exercícios físicos, e é responsável por alguns dos benefícios que a atividade física traz. Ou seja, a irisina pode ser o tratamento há muito procurado para aumentar a queima de células de gordura. Além do potencial terapêutico, as novas descobertas podem levar a novas e melhores maneiras para caracterizar as significativas diferenças entre as pessoas quanto ao número de células bege que cada uma possui, diz o Dr. Spiegelman. Redação do Diário da Saúde

Picada de carrapato induz reação alérgica a carne vermelha

Picada e mordida Se você é um amante do churrasco, desfrute dos seus grelhados enquanto pode. Cientistas descobriram como e por que, se você foi picado por um carrapato, pode desenvolver uma alergia a carne vermelha. A descoberta, feita por Susan Wolver e Diane Sun, da Universidade da Virgínia (EUA), elucida um mistério que vinha incomodando os médicos, com o aparecimento de um grande número de reações alimentares tardias. A estranha conexão entre a alergia à carne e a picada do carrapato está descrita em um artigo no exemplar deste mês do Journal of General Internal Medicine. Anafilaxia tardia A anafilaxia tardia - uma reação alérgica grave, com risco de vida - à carne é uma síndrome descoberta recentemente, identificada inicialmente no sudeste dos Estados Unidos. Os pacientes acordam no meio da noite, com urticária ou anafilaxia, geralmente de três a seis horas depois de terem comido carne vermelha no jantar. Agora, as pesquisadoras descobriram que a anafilaxia à carne vermelha é causada por anticorpos para um carboidrato (alfa-gal), que são produzidos no sangue do paciente em resposta a uma picada de carrapato. Com isto, a anafilaxia induzida pela carne torna-se a primeira reação alérgica grave induzida por alimentos causada por um carboidrato, em vez de uma proteína. O estudo identificou em pelo menos três pacientes que a picada tinha sido dada pelo perigoso carrapato-estrela, que no Brasil tem sido responsável por inúmeros casos de febre maculosa. Histamina O carboidrato em questão está também presente na carne vermelha. Quando uma pessoa que foi picada pelo carrapato come a carne, o seu sistema imunológico ativa a liberação de histamina em resposta à presença do alfa-gal, o que pode causar urticária e anafilaxia. A histamina é um composto encontrado nos tecidos dos mamíferos que provoca a dilatação dos vasos capilares, a contração dos músculos lisos e estimula a secreção de ácido gástrico, que é liberado durante as reações alérgicas. "Onde os carrapatos são endêmicos [] os médicos devem estar cientes dessa nova síndrome quando se depararem com um caso de anafilaxia. As orientações são para aconselhar os pacientes a evitar todo tipo de carne de mamíferos - carne bovina, suína, cordeiro e veado," afirmam as pesquisadoras. Redação do Diário da Saúde

Seca nos EUA reduz nível do Rio Mississippi e atrapalha navegação

A grave seca no Meio-Oeste dos Estados Unidos continua causando transtornos nesta quinta-feira (26), quando barcaças tiveram de se desfazer de cargas no rio Mississippi para evitar encalhamentos, em meio a crescentes preocupações de que a situação provoque aumentos da gasolina e dos alimentos. Essa é a mais grave seca no país em cinco décadas, e o Congresso, em ano eleitoral, se viu forçado a avançar na tramitação de uma generosa lei agrícola que aliviaria os problemas dos produtores rurais. “Quando os tempos são duros para os agricultores, eles tendem a ficar politicamente mais ativos”, disse o senador Charles Grassley, de Iowa, pedindo a seus colegas republicanos que aprovem a lei agrícola sob pena de serem punidos nas urnas em novembro. O presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, disse nesta quinta-feira que os líderes republicanos estavam trabalhando junto ao Comitê de Agricultura para discutir um caminho apropriado para a questão. As chuvas ocorridas durante a noite no norte do Meio-Oeste melhoraram as perspectivas para os produtores de milho e soja, e os preços dos grãos recuaram após atingirem níveis quase recordes. Mas os meteorologistas dizem que o calor e a seca no sul do Meio-Oeste norte-americano vão continuar castigando as lavouras nos próximos dias. “Deve haver alguma melhora em áreas como as Dakotas e Minnesota”, disse Andy Karst, meteorologista agrícola da empresa World Weather. Mas Nebraska, Kansas, Missouri e Iowa tiveram apenas chuvas leves durante a noite, que dificilmente resolverão a situação nas lavouras, segundo Karst. (Fonte: G1)

Especialistas alertam para ameaças de mudanças climáticas extremas

De autoestradas no Texas a centrais nucleares em Illinois, o concreto, o aço e a engenharia sofisticada que sustentam a infraestrutura dos Estados Unidos estão em risco por causa da seca, do calor e das tempestades que atingem o País. Em um único dia de julho, um avião da US Airways ficou preso no asfalto – que amoleceu com as temperaturas próximas a 40ºC – e um trem do metrô descarrilou, após os trilhos terem se dobrado com o calor, criando um ângulo agudo em um trecho que deveria ser reto. As informações são do site do jornal New York Times. No leste do Texas, o calor e a seca tiveram um efeito surpreendente nos solos das rodovias. Segundo o engenheiro Tom Scullion, da Texas A&M University, nos Estados do nordeste e do centro-oeste o calor anormal está fazendo com que grandes trechos rodoviários se expandam além do previsto em seus projetos. “Com as mudanças nos padrões climáticos, nós podemos ter falhas dramáticas nos sistemas de estradas”, afirmou. Em Chicago, Illinois, uma usina nuclear precisou de permissão especial para continuar operando em julho, pois o lago de onde sai a água utilizada para refrigeração chegou a uma média de 38,8ºC, e a licença para operar permite que se chegue a aproximadamente 37ºC. Segundo o Sistema Operador Independente do Centro-Oeste, outra usina teve que fechar porque o local de onde extraía a água de resfriamento secou. O clima extremo tem sido uma ameaça frequente nos últimos anos, e as pessoas que lidam com infraestrutura acreditam que isso vai continuar. Modelos climáticos sugerem que as partes das estruturas suscetíveis ao clima vão enfrentar situações semelhantes às citadas anteriormente, causadas pelas mudanças nos padrões climáticos, com temperaturas extremamente elevadas – e mínimas também. “Nós temos a ‘tempestade do século’ todos os anos”, afirma Bill Gausman, vice-presidente sênior da Companhia de Energia Elétrica Potomac, que levou oito dias para se recuperar da tempestade de 29 de junho, que deixou sem energia 4,3 bilhões de pessoas em 10 Estados. Afora as tempestades, as ondas de calor também estão mudando o padrão de uso da eletricidade, aumentando o horário de pico da demanda. Isso implica em investimento em usinas geradoras, linhas de transmissão de distribuição que serão usadas na capacidade máxima por apenas algumas centenas de horas por ano. Diretor do programa climático da Comissão de Serviços Públicos de São Francisco, David Behar afirma que tempestades violentas e incêndios florestais também podem afetar a qualidade e o uso da água. O escoamento de grandes chuvas e de cinzas, por exemplo, podem fechar reservatórios. Esforços para se adaptar têm sido feitos em todo o País. Alguns chegam a ser multibilionários, como o que busca aumentar a altura dos diques em Nova Orleans, em razão das projeções de aumento do nível do mar e da previsão de fortes tempestades. (Fonte: Portal Terra)

Cientistas conseguem ler os pensamentos de macacos

Trabalhar com um neurônio é um tipo de desafio que tem frustrado os neurologistas: os sinais são tão confusos que parece que não há nenhuma informação de fato, que é tudo ruído. A pesquisa da área, portanto, apresenta dificuldades. Há um tempo, os cientistas descobriram que algumas informações só são codificadas quando necessárias. O que eles não sabiam era que, examinando a atividade de grupos de neurônios, era possível determinar o tipo de abordagem que o cérebro usaria para resolver um problema. Em uma nova pesquisa, eles estudaram o cérebro de dois macacos tentando movimentar uma bola para um alvo. Um dos macacos usados, que vamos chamar de H, é do tipo hiperativo, que não espera, faz. O outro, que vamos chamar de G, é mais ponderado, e espera o exercício estar completo antes de planejar a ação. O Experimento O experimento é bastante simples. Enquanto monitoram o cérebro dos macacos, os cientistas projetam em uma tela uma bolinha e um alvo. A tarefa dos macacos é movimentar a bolinha em direção ao alvo. Para realizar este exercício, o macaco precisa de três informações: a posição da bolinha a ser movimentada, a posição do alvo, e um vetor de velocidade para deslocar a bolinha em direção ao alvo. A decodificação da atividade dos neurônios permite saber para onde o macaco está pensando em mover a mão antes mesmo que qualquer movimento seja iniciado. O exame das atividades dos grupos de neurônios permite descobrir como são codificadas estas informações, só que como a direção do movimento e a posição do alvo é a mesma, uma mascara a outra, e os cientistas não tem como discernir uma codificação da outra. Os cientistas tentaram ainda uma variação do exercício, que incluía um obstáculo. Neste caso, a direção do movimento não era a mesma da posição do alvo, e a codificação neuronal das duas podia ser discernida, já que, em 2/3 dos casos, o obstáculo impedia a movimentação direta da bolinha para o alvo. Em 1/3, dos casos o obstáculo não aparecia ou não atrapalhava a direção do movimento. Analisando os Dados Para descobrir a codificação neuronal de cada atividade, os cientistas juntaram as atividades neuronais dos dois macacos e a partir daí tentaram descobrir que grupo de neurônios fazia o quê. Mas os dados estavam inconsistentes, o que estava frustrando os cientistas. Eles então resolveram analisar os dados de cada macaco individualmente, e ficou claro que cada um deles estava abordando a mesma tarefa de forma diferente. Ao ver a bolinha e o alvo, o macaco H já começa a planejar o movimento, o que é evidenciado no vídeo pela linha verde, mostrando a direção que ele pretende mover a bola. O macaco G, entretanto, mostra pouca reação, por que sabe que ainda tem o obstáculo para aparecer. Só quando aparece o obstáculo é que o macaco G faz o plano para a movimentação. Mas qual a vantagem de uma ou outra abordagem? O macaco H, ao planejar o movimento imediatamente, sem esperar o obstáculo aparecer, tinha vantagem nos casos em que o obstáculo não aparecia ou onde ele não interrompia a linha reta entre a bolinha e o alvo. Nos outros casos, via-se claramente o vetor diminuir, e mover-se em direção à estratégia correta, à medida que ele reconhecia que a estratégia estava errada. Nestes outros casos, o macaco G, mais ponderado, tinha vantagem e chegava mais rápido a uma estratégia correta, por não precisar rever sua estratégia. Fonte: Washington University in St. Louis, Science 2.0 http://hypescience.com

domingo, 22 de julho de 2012

Cientistas criam vacina para emagrecer

Manter o peso em limites saudáveis é um desafio neste mundo de abundância e sedentarismo, e mesmo quem faz dieta e pratica exercícios pode ter um metabolismo tão eficiente que ainda assim não perde peso. Agora, uma vacina que foi testada com sucesso em ratos pode fazer a diferença. A vacina de somatostatina modificada faz com que o organismo crie anticorpos contra a somatostatina, um hormônio peptídico que inibe a ação do hormônio do crescimento (GH) e de um hormônio de fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1). E como isto pode ajudar a perder peso? Estes dois hormônios causam o aumento do metabolismo e consequente perda de peso. A somatostatina, ao inibir a ação dos mesmos, promove o aumento do peso. Ao causar uma reação alérgica contra a somatostatina, aqueles dois hormônios podem agir, aumentando o metabolismo, o que vai causar a perda de peso. Em ratos, pelo menos, funciona. O teste foi feito com dois grupos. Os dois receberam alimentação rica em gordura durante oito semanas antes do teste, ou seja, estavam obesos quando começou o teste. Um grupo de dez indivíduos recebeu a vacina no primeiro dia e no dia 22, e o outro grupo de dez indivíduos recebeu apenas uma solução salina. Quatro dias depois da vacinação, os ratos já apresentavam uma queda de 10% do peso em relação ao grupo de controle. No fim do estudo de seis semanas, a queda de 10% de peso se manteve, sem alterar os níveis normais dos hormônios. O teste foi feito por Keith Haffer, da Braasch Biotech LLC, uma empresa da cidade de Garreston, Dacota do Sul, EUA, e testou as vacinas JH17 e JH18, sendo ambas consideradas eficazes. A vacina agora precisa passar por um teste que analise seus efeitos a longo prazo e a segurança de aplicar estas vacinas em seres humanos. http://hypescience.com

Remédio Tamiflu, contra gripe A, será vendido sem retenção de receita

O remédio antiviral oseltamivir, usado contra a gripe A (H1N1) e vendido no Brasil com o nome comercial Tamiflu, foi retirado da lista de controle especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A resolução foi publicada no Diário Oficial da União de terça-feira (10). A medida significa que a receita médica não precisará mais ficar retida na farmácia, mas ainda deve ser apresentada na hora da compra ou da retirada em um posto de saúde, gratuitamente. Segundo o Ministério da Saúde, a decisão foi tomada para facilitar o acesso ao medicamento, que tinha a venda restrita para que a população não abusasse do princípio ativo, principalmente durante a epidemia mundial de 2009. Além disso, não eram conhecidos os possíveis efeitos do Tamiflu sobre as mulheres grávidas, o que posteriormente não demonstrou contraindicações. O governo destaca que o remédio continua precisando de receita, pois tem tarja vermelha, e ninguém deve se automedicar. Pacientes com receita médica particular também podem pegar o Tamiflu gratuitamente na rede pública. Este ano, o Ministério da Saúde enviou 418,8 mil caixas do produto aos estados, e cada região deve determinar onde o estoque deverá ficar disponível à população. O laboratório Roche, que produz o Tamiflu no Rio de Janeiro e na Suíça, diz que as farmácias que estiverem em falta do antiviral precisam fazer a solicitação. No país, muitos estabelecimentos estão sem o remédio. O preço máximo ao consumidor, segundo a fabricante, é de R$ 195,93 para a versão de 75 mg. Cada caixa contém 10 comprimidos, suficientes para um tratamento completo. Para ter eficácia, o uso do antiviral deve ser iniciado nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. Mas, mesmo que esse período seja ultrapassado, o Ministério da Saúde indica a prescrição. O oseltamivir é usado em casos em que os sintomas já se instalaram, principalmente crianças e idosos. Já a vacina funciona de forma preventiva para os grupos de risco. A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, realizada entre 5 de maio e 1º de junho, atingiu mais de 80% da meta, após a ação ser prorrogada. Os grupos-alvo foram gestantes, idosos, crianças de 6 meses a 2 anos, profissionais da saúde, indígenas e presidiários. Além do oseltamivir, a gripe suína pode ser tratada com o remédio zanamivir, que é importado. Segundo a infectologista Rosana Richtmann, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, não se deve esperar o resultado de exames laboratoriais ou o agravamento do caso para iniciar o uso do medicamento. O tempo de tratamento é de cerca de cinco dias. Aumento de casos – Comparado ao ano passado, 2012 apresenta mais casos e mortes por gripe suína. Segundo o ministério, a explicação está no aumento da circulação dos vírus influenza – com predomínio das cepas A (H1N1) e A (H3N2) – e das doenças respiratórias, principalmente entre maio e agosto. Além disso, estão no ar outros agentes responsáveis por infecções, como diferentes tipos de vírus, bactérias e fungos. Com uma maior aglomeração de pessoas no inverno, a transmissão tende a aumentar. O governo, porém, descarta uma nova epidemia e fala apenas em surtos localizados, concentrados agora na Região Sul. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), o vírus A(H1N1) “pós-pandêmico” continua circulando em todos os continentes, provocando casos e surtos pontuais. O número de casos de doenças respiratórias graves, segundo a OMS, está dentro do esperado para esta época do ano no Brasil, de acordo com a série histórica de vigilância do influenza. No Hemisfério Norte, a atividade do vírus foi considerada branda e já diminuiu. Houve surtos do vírus da gripe suína no estado americano do Texas, mas tanto nos EUA quanto no Canadá predominaram as cepas A (H3N2) e B. No México, onde a pandemia de 2009 teve início, houve maior circulação do A (H1N1). Alguns países da Europa relatam um grande número de mortes entre pessoas com mais de 65 anos, o que coincide com a transmissão local do vírus A (H3N2), predominante em vários países do continente. Balanço até julho – Os dados do Ministério da Saúde até 3 de julho informam que houve no país, em 2012, 1.099 casos de gripe suína e 110 mortes. Todos os tipos de vírus influenza foram responsáveis por 1.366 casos e 129 óbitos. Considerando todos os casos de síndrome respiratória aguda grave, nos quais entram a gripe suína, a pneumonia e outras doenças das vias aéreas, foram contabilizados 7.043 casos e 513 mortes. As regiões Sul e Sudeste tiveram o maior número de casos, com 55% (3.876) e 35% (2.477), respectivamente. Do total de casos confirmados de influenza, 7% foram fatais, principalmente no Sul, sendo que 50% dos pacientes eram do sexo masculino, com idade média de 40 anos. Os principais sintomas foram dificuldade respiratória (93,9%), febre (84,2%) e tosse (83,4%). Entre os 340 óbitos de mulheres em idade fértil (de 15 a 49 anos) por síndrome respiratória aguda grave, 4,4% (15) eram gestantes e, destas 15, 27% (4) foram foram contaminadas pelo influenza: três pelo A (H1N1) e uma pelo vírus A sazonal. Duas receberam o oseltamivir com três e cinco dias após início da doença, respectivamente. (Fonte: G1)

Governo do RS promove “chuva de pinhões” para preservar araucária

Em uma tentativa de recuperar florestas de araucária, árvore típica do Sul, sementes da planta foram despejadas por avião na segunda-feira (9) em campos do interior gaúcho. A operação, batizada de “chuva de pinhões”, foi realizada pela Secretaria do Ambiente do Estado em Campinas do Sul (399 km de Porto Alegre). Cerca de 220 mil sementes da espécie foram carregadas em um pequeno avião que sobrevoou duas ilhas de uma hidrelétrica da região. A área para o cultivo foi cedida pela empresa responsável pela usina, a Tractebel. Segundo a secretaria, a expectativa é que até 20% dos pinhões se desenvolvam. “Vingando 500 mudas por hectares, atingimos nossos objetivos”, disse Roberto Ferron, diretor do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas. Ele diz que o despejo de sementes por avião pode ser mais eficiente e menos trabalhoso do que o plantio manual. O objetivo é lançar 10 milhões de sementes em dois anos. Alunos e professores da Universidade Federal de Santa Maria (RS) vão acompanhar o crescimento das árvores. Afetada pela expansão das lavouras no Sul e pela extração por madeireiros, a araucária ou pinheiro está na “lista de espécies de flora ameaçadas de extinção” do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). A árvore pode alcançar até 50 metros de altura e se desenvolve principalmente em regiões com mais de 600 metros de altitude. (Fonte: Folha.com)

Presos brasileiros pedalam para gerar energia e reduzir sua pena

Em uma prisão brasileira, da cidade serrana de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, os presos têm uma oportunidade única: pedalar para sair da cadeia. O juiz José Henrique Mallmann criou o programa Uma Luz para a Liberdade, na qual alguns presos – no momento, 8 participam do projeto – podem pedalar bicicletas estacionárias que geram eletricidade para uma praça da cidade. Muitas pessoas se envolveram com o programa. A polícia municipal doou bicicletas do departamento de achados e perdidos, engenheiros as transformaram em bicicletas estacionárias ligadas a baterias doadas por empresas locais, e ainda outras empresas doaram o conversor que transforma a energia da bateria nos 110 volts necessários para acender 10 postes na praça. Os presos pedalam por 8 horas durante o dia, e à noite, um guarda leva a bateria da prisão à praça. Na parte da manhã, a bateria é levada de volta à prisão para ser recarregada. A cada 16 horas que os prisioneiros pedalam a bicicleta, eles reduzem um dia de sua pena. “Nós costumávamos passar o dia todo trancados em nossas celas, vendo o sol apenas por duas horas por dia”, disse Ronaldo da Silva, um dos presos do programa. “Agora ficamos no ar fresco, gerando eletricidade para a cidade e, ao mesmo tempo, ganhando a nossa liberdade”. Ele já conseguiu reduzir 20 dias de sua sentença e perdeu cerca de 4 quilos no processo. “É uma situação boa para todos”, comentou Gilson Rafael Silva, diretor da prisão. “As pessoas que normalmente estão à margem da sociedade podem contribuir para a comunidade e não só eles saem da prisão mais cedo em contrapartida, como também podem ganhar sua autoestima de volta”. Essa não é a primeira polêmica que uma prisão brasileira criou. Nas quatro prisões federais do Brasil, alguns presos (selecionados por juízes) podem ler livros para diminuir seu tempo na cadeia também. Esse projeto se chama “Remição pela Leitura” e deixa os presos reduzirem no máximo 48 dias de uma pena por ano. Enquanto alguns consideram as iniciativas uma boa forma de reeducar presos e melhorar o sistema penitenciário, outros acham que as propostas são apenas formas de empurrar criminosos para fora de cadeias lotadas. http://hypescience.com

Brasil vai produzir medicamentos anti-Aids na África a partir do dia 21

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), que pertence à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e está vinculado ao Ministério da Saúde, vai inaugurar no dia 21, em Moçambique, na África, uma fábrica de medicamentos para tratar a Aids na região. Farmanguinhos já fabrica coquetel anti-HIV no Brasil, e agora decidiu exportar essa tecnologia. A previsão é produzir na planta 21 tipos diferentes de remédios antirretrovirais, que deverão atender à demanda do país e, após dois anos, de toda a África Subsaariana. O lançamento será feito na capital de Moçambique, Maputo, pelo vice-presidente Michel Temer. Foram quatro anos de planejamento e construção da fábrica, o que demandou um investimento de R$ 200 milhões. Metade do valor foi injetado pelo governo brasileiro, e também houve doações de empresas do setor privado, como a Vale. Moçambique é uma das nações com as mais altas taxas de presença do vírus HIV no mundo: uma pessoas infectada para cada três habitantes, ou mais de 30% da população. (Fonte: G1)

Vacinas em aves levaram a vírus mais agressivo nesses animais, diz estudo

Vírus utilizados na vacinação de aves misturaram seus materiais genéticos e deram origem a um novo tipo de vírus, mais agressivo que já matou um grande número de galinhas na Austrália. O alerta foi emitido por uma equipe de pesquisadores do país, que publicou um breve estudo com as conclusões na edição desta sexta-feira (13) da revista “Science”. A vacina que levou aos efeitos adversos era contra o vírus do herpes. Ela foi feita com uma forma “atenuada” do vírus, que não é tão agressiva, mas que ainda consegue se replicar. Esse vírus, no entanto, entrou em contato com outros tipos de vírus, dando origem a um tipo que não existia. O processo, na verdade, deu origem a dois novos subtipos de um vírus conhecido como ILTV. Existe uma vacina para o ILTV, mas ela não abrange os subtipos recém-criados. O resultado dessa mutação é uma epidemia com taxa de mortalidade de 17,6% das galinhas infectadas, o que já se torna um problema para os criadores australianos. É a primeira vez que uma mutação como essa, de vírus atenuados, é registrada com a vacina do vírus do herpes. A novidade deve causar grande impacto para a veterinária, pois mostra a fragilidade de um tipo de vacina bastante usado, e problemas semelhantes podem, teoricamente, voltar a ocorrer em breve. (Fonte: G1)

8 Fatos fundamentais sobre a seleção natural

1 – A TEORIA DA SELEÇÃO NATURAL NÃO NASCEU JUNTO COM A TEORIA DA EVOLUÇÃO Charles Darwin, quando começou a esboçar sua Teoria da Evolução em 1842, não estava inventando nada novo. Outros já haviam demonstrado o fato da evolução, como Lamarck, e Darwin estava palmilhando caminho já trilhado. Porém, ainda não se tinha um mecanismo para explicar como as espécies se modificavam. A inspiração veio do trabalho do Reverendo Malthus (1766 – 1834): a ideia de que os recursos crescem em progressão aritmética e os consumidores em progressão geométrica leva à conclusão imediata: não é possível que toda a prole dos consumidores sobreviva para passar seus caracteres adiante. E quem é que sobrevive? Como cada animal tem uma ligeira variação em relação aos de sua espécie, sobrevive quem tem alguma vantagem sobre a concorrência, na competição pela sobrevivência e reprodução. E, ao reproduzir, passa adiante suas características. 2 – A SELEÇÃO NATURAL NÃO SE CHAMAVA ISSO ORIGINALMENTE Darwin tinha um grande receio de passar a ideia errada sobre a sua descoberta, e evitava termos que levassem a uma compreensão teleológica (ou seja, de que tudo tem um objetivo) das coisas. A expressão “seleção natural” não aparece em seus livros, mas sim “sobrevivência do mais apto” (“survival of the fittest”). Curiosidade, o geneticista japonês Motoo Kimura sugeriu outro nome, a “sobrevivência do mais sortudo”. Os sortudos que nascessem com o gene “certo” acabavam sobrevivendo. 3 – A SELEÇÃO NATURAL DEMOROU A SER ACEITA Praticamente 80 anos. Desde a publicação da primeira edição, em 1859, até a década de 1940, a seleção natural não foi aceita por um número expressivo de cientistas. Não que não houvesse uma demonstração da seleção natural. O trabalho de James William Tutt, em 1846 (borboletas Biston Betularia), já havia demonstrado a seleção, coisa que voltou a ser feita por Haldane em 1924. Outras propostas existiam para explicar como as espécies surgiam com o tempo, como o pontualismo, e mesmo teorias criacionistas, mas o fato é que antes so biólogo e geneticista Theodosius Dobzhanksy fazer a síntese do trabalho genético de Mendel com a Teoria da Evolução, a seleção natural conforme proposta por Darwin foi rejeitada por uma boa parte dos biólogos evolutivos. Uma das razões para esta rejeição era que a ideia de um processo não direcionado, e que não levasse a um progresso garantido, ia contra a ideologia otimista vitoriana, que queria ver progresso em todas as transformações e alterações, mesmo as naturais. De certa forma, Darwin estava bem adiante de seu tempo. 4 – A SELEÇÃO NATURAL NÃO É “A SOBREVIVÊNCIA DO MAIS FORTE” Este é um erro comum: colocar a seleção natural como a sobrevivência do mais forte. A seleção natural não privilegia, necessariamente, o mais forte, mas o mais apto. E o mais apto pode ser o mais forte, ou o mais rápido, ou o maior, mas nem sempre é este o caso. Em 1977 aconteceu uma seca nas Ilhas Galápagos. As plantas produziram sementes menores e mais duras. No mesmo período, os cientistas observaram que os bicos dos tentilhões Geospiza fortis estavam 5% maiores que antes da seca. Em 1983 houveram chuvas torrenciais e as plantas produziram sementes mais macias. O tamanho médio do bico dos tentilhões voltou ao que era antes da seca. Neste caso, a seleção natural deu vantagem aos bicos mais fortes durante a seca. Depois da seca, um bico mais forte custa mais, em termos de metabolismo, e não dá vantagem nenhuma, assim o bico menor prevaleceu novamente. Outro exemplo é o dos animais de cavernas. Em um ambiente escuro, animais que têm olhos não têm vantagem alguma, e qualquer espécime que tivesse a sorte de nascer sem olhos estaria em vantagem, por que para desenvolver e manter os olhos, é preciso desviar um pouco da escassa energia obtida na caverna com a alimentação. Fora da caverna, quem nasce sem olhos está em desvantagem, por que não vê (o perigo) e é visto (pelos predadores), sendo eliminado pela predação. 5 – A SELEÇÃO NATURAL CONTINUA AGINDO NO SER HUMANO Durante algum tempo se questionou se o ser humano, vivendo em um ambiente artificial e sem predadores naturais, continuaria sofrendo a ação da seleção natural (e por conseguinte da evolução). Entretanto, pesquisas recentes demonstraram que o ser humano continua sendo selecionado. Por exemplo, a idade do primeiro filho mudou nos últimos 150 anos de 26 para 22 anos em uma região da Finlândia. A pesquisa conseguiu demonstrar que se trata de um traço genético, não cultural, e só tem uma maneira de uma característica genética se tornar comum ou predominante: através de processos de seleção natural e hereditariedade – evolução. Existem outras adaptações na raça humana. Os povos Inuit, que vivem nas regiões árticas, tem o corpo curto, atarracado, e membros pequenos, o que diminui a perda de calor. Os etíopes, por outro lado, são altos, longilíneos, com extremidades longas, para perder calor mais rapidamente. Outra característica genética é a manutenção da capacidade de digerir leite na idade adulta. Normalmente os mamíferos perdem esta capacidade quando crescem, mas em alguns seres humanos esta característica permanece, permitindo que eles tenham acesso a mais uma fonte de proteínas, gordura e açúcares. Finalmente, existem casos em que uma doença genética pode ser favorecida. Algumas pessoas possuem uma doença hereditária, uma mutação que altera a forma das hemácias, a “anemia falciforme” e a “talassemia”. Esta é uma condição que pode causar a morte na infância, além de sérios problemas, mas em ambientes onde a malária é endêmica, estes indivíduos têm vantagem, por que o parasita não consegue se adaptar a eles. 6 A SELEÇÃO NATURAL SÓ FUNCIONA ATÉ A IDADE REPRODUTIVA Um dos questionamentos que existem é por que temos o dente do siso, que se não tratado pode causar a morte do seu portador por septicemia. Ou do mal de Alzheimer, que causa demência. A resposta para isto é que os genes do dente do siso, do mal de Alzheimer e outras doenças genéticas degenerativas não são selecionados por que estes males se manifestam depois que a pessoa já teve filhos. Ou seja, os genes que determinam estas características são passados adiante, sem sofrer seleção. Outro erro comum é pensar que a Seleção Natural aumenta a longevidade, já que os humanos, por exemplo, tem vidas em média cada vez mais longas. Na realidade ela maximiza a reprodutividade e as características que são importantes até a idade reprodutiva. 7 – A SELEÇÃO NATURAL NÃO “PEGA” TUDO Uma das contribuições do biólogo Motoo Kimura para a Teoria da Evolução foi a Teoria Neutralista da Evolução, que diz que a maioria das mutações a nível molecular não tem influência na adaptação e seleção natural do indivíduo, e acabam se tornando comuns na espécie por um mecanismo chamado de “deriva genética”. De acordo com Kimura, a deriva genética é um mecanismo evolutivo que acontece sem seleção natural. Um gene se torna comum em uma população simplesmente por sorte: ele não aumenta nem diminui a adaptação dos indivíduos e acaba sendo passado adiante “de carona” com o resto do código genético que está sujeito à seleção natural. Entretanto, as mutações que hoje são neutras podem não ser amanhã. Uma mudança no ambiente e uma característica que antes era neutra pode passar a se constituir em vantagem ou desvantagem na luta pela sobrevivência, sendo então passível do mecanismo da “seleção natural”. 8 – A SELEÇÃO NATURAL É O AMBIENTE MOLDANDO O SER Em qualquer ambiente que você for, vai encontrar animais adaptados a ele, por que a seleção natural não para nunca, e começou desde sempre. Ambientes desérticos contam com animais que conseguem guardar mais água. Ambientes aquáticos contam com animais com corpo fusiforme, que gasta menos energia ao nadar. Ambientes de savana têm mais animais que conseguem ver melhor à grandes distâncias. A existência de predadores favorece os animais que conseguem ver mais em todas as direções, por isto a maioria das presas tem os olhos dos lados da cabeça, com praticamente nenhum ponto cego na visão. A existência de predadores rápidos favorece também as presas que são mais rápidas. Todo animal guarda no corpo e nos genes as informações sobre o ambiente em que vive. Mudando o ambiente, as informações mudam também. É a seleção natural que dá aos seres vivos o aspecto de terem sido projetados, “analisando” cada mínima alteração e adaptação do indivíduo, eliminando do jogo da vida todos os indivíduos que não estão tão aptos quanto seus concorrentes. Cada nova geração foi afiada um pouquinho mais nesta pedra de moer carne e sangue; a luta pela vida. Com o passar das gerações, as mudanças se espalham na população. Novas mutações acontecem e os corpos são mais uma vez burilados. Se uma asa um pouquinho maior permitia voar uma distância maior ou então gastar menos energia para voar a mesma distância, milhares de gerações depois o animal parece ter sido projetado para voar daquela forma. Sir Charles Darwin, com o mecanismo da sobrevivência do melhor adaptado, conseguiu uma ferramenta simples e ao mesmo tempo poderosa para explicar como as espécies se alteram com o passar do tempo, mas não foi o único mecanismo. Darwin também propôs a revolucionária ideia da seleção sexual, “tão revolucionária” que só foi aceita a partir da década de 1970, um século depois da publicação de “A Origem das Espécies”, depois que o homem já havia dividido o átomo e pisado na lua. [Evolução 101, Profa. Silvia R. Gobbo]