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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Fungo destrói milhares de árvores e ameaça mais milhões no Reino Unido

Um fungo mortal da espécie Chalara fraxinea ameaça 126 milhões de freixos (árvores da família das oliveiras e nativas da região temperada do Hemisfério Norte) nas ilhas britânicas, segundo reportagem da agência de notícias France Presse. Procedente do continente, o fungo já destruiu milhares de árvores, afirma Simon Ellis, diretor-geral das sementeiras Crowders, no leste da Inglaterra. Só na propriedade dele, 50 mil freixos foram mortos. O primeiro alerta contra o problema, denominado “chalaropse”, foi emitido no começo do ano passado, quando o fungo foi detectado em plantas importadas. Mas sua descoberta na natureza durante o outono provocou comoção em todo o país. Em alguns meses, o fungo foi detectado em 352 locais. Esse organismo se desenvolve nas folhas mortas caídas no chão. Em seguida, seus esporos (células reprodutoras dos fungos) são transportadas pelo vento e depositados na folhagem dos freixos. Em alguns anos, as folhas murcham e a necrose (morte dos tecidos) invade seus galhos. Quanto mais jovem a árvore, mais rápido ela morre. Neste inverno, a doença está latente. Mas, com tempo bom, “vamos encontrá-la em todas as partes”, frisou Simon Ellis, acusando as autoridades de terem agido tarde demais. “A situação está totalmente fora de controle”, disse. Esse fungo é “capaz de devastar as paisagens britânicas”, alertou a Woodland Trust, associação de luta pela proteção das florestas, que teme um “desastre ecológico”. O governo britânico convocou no último outono boreal uma reunião “Cobra”, destinada a situações de crise. As importações de freixos foram proibidas, assim como a circulação de sementes ou plantas pelo país. Ao todo, cem mil árvores já foram derrubadas. A única esperança, por enquanto, é conter a doença e encontrar freixos resistentes “para reestruturar as florestas”. Ninguém sabe como erradicar a doença, que surgiu pela primeira vez em 1992 na Polônia e atinge hoje 22 países onde os freixos são frequentes. Na Dinamarca, o Chalara fraxinea já afetou 90% dessas árvores. Os ecologistas se preocupam também com os efeitos colaterais, pois os freixos abrigam uma importante biodiversidade. Seu desaparecimento das florestas “teria repercussões no conjunto do ecossistema”, destacou um relatório governamental. Mas os pesquisadores questionam como esse fungo cruzou o Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França. Alguns cientistas acreditam que os esporos tenham sido transportados pelo vento ou por pássaros. Mas o Chalara fraxinea pode ter viajado mais do que se pensa. Há especialistas que acreditam que ele possa ter vindo do Japão ou da Coreia, como efeito da globalização. “Um indivíduo ou uma comunidade pode perfeitamente procurar em uma sementeira europeia uma planta de freixo procedente da Ásia, aparentemente saudável, na qual o fungo está presente em estado latente”, explicou Arnaud Dowdiw, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Agrônoma (Inra), na França. “O problema é que as plantas ornamentais não estão submetidas à mesma regulamentação que as florestais no que diz respeito à rastreabilidade e à origem geográfica”, acrescentou. Para Dowdiw, a luta contra a chalaropse requer uma “verdadeira estratégia em escala europeia” e uma “concentração de todos”, evitando soluções apressadas e “curar o mal com outro mal”, como clonar as variedades resistentes sem respeitar a diversidade genética. (Fonte: Globo Natureza)

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