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sábado, 30 de novembro de 2013

A origem do oxigênio na atmosfera da Terra

O oxigênio compõe 21% da nossa atmosfera e é o terceiro elemento mais abundante do universo. Ainda assim, não é uma molécula fácil de se manter. Ele é extremamente reativo, formando óxidos e outros compostos com praticamente todos os outros elementos da tabela periódica. Mas se é assim, tão reativo, como foi que a nossa atmosfera conseguiu acumular tanto oxigênio? A resposta está nas cianobactérias, também conhecidas como algas azuis. Estas algas são capazes de usar a luz do sol, e combinar água com dióxido de carbono formando carboidratos e oxigênio. Este processo, a fotossíntese, é feito não só pelas algas, mas também pelos cloroplastos das plantas, que não deixam de ser algas incorporadas simbioticamente.Durante o Arqueano, uma das eras geológicas do nosso planeta, os micróbios primitivos viviam do jeito antigo – anaerobicamente. Estes organismos, e seus descendentes “extremófilos”, sobreviviam com ausência do oxigênio, usando o sulfato para atender suas necessidades energéticas. Cerca de 2,45 bilhões de anos atrás, a taxa isotópica do enxofre mudou, indicando que pela primeira vez o oxigênio estava se tornando um componente importante da atmosfera terrestre, de acordo com um trabalho publicado no ano 2000. Aproximadamente ao mesmo tempo, o ferro oxidado começou a aparecer em solos antigos, e faixas de ferro foram depositadas no solo oceânico, um produto das reações do oxigênio com a água do mar.Sabemos quando aconteceu – a produção de oxigênio começou em torno de 2,7 a 2,8 bilhões de anos atrás, e a oxigenação da atmosfera cerca de 2,45 bilhões de anos atrás -, mas não sabemos ainda por que as cianobactérias tomaram conta, quais os níveis de oxigênio na época, e por que levou mais um bilhão de anos para os níveis do elemento subirem o suficiente para permitir a evolução dos animais. Mais importante ainda, como foi que o nível atual foi atingido? Por que o equilíbrio ficou em 21% e não 10% ou 40%? É entendido que o clima, os vulcanismos, as placas tectônicas, e outros fatores tiveram seu papel na regulação do nível de oxigênio em vários períodos de tempo, mas ainda não há um teste confiável para determinar o valor exato da quantidade de oxigênio na atmosfera a qualquer tempo no registro geológico.Nossa única certeza é que a origem do oxigênio na atmosfera terrestre deriva de uma única coisa: a vida. [Scientific American]

Nova vacina contra HIV será aplicada no nariz

Pesquisadores da AIDS já tentaram várias estratégias para tentar combater a infecção pelo vírus HIV - até hoje sem sucesso. Agora, um novo tipo de vacina desenvolvida no âmbito de um projeto financiado pela União Europeia começará a ser avaliado. A nova vacina é baseada em uma das proteínas do envelope do vírus HIV, chamada proteína gp41. A ideia é bloquear a entrada do HIV nas células, tanto nas mucosas, quanto no sangue. Alvejar as mucosas parece ser uma boa ideia - 90% das infecções pelo HIV acontece por via sexual. O grande apelo da nova vacina é que seu alvo é o processo de fusão do vírus HIV nas células humanas. Integrando a proteína gp41 na vacina, os pesquisadores estão tentando desencadear a produção de anticorpos que bloqueiem a entrada do HIV nas células humanas. "Esta proteína gp41 do envelope do vírus não é nenhuma novidade na longa história do desenvolvimento de uma vacina anti-HIV," reconhece Alexandru Rafila, um dos líderes da equipe. "Mas é uma abordagem significativa na concepção da proteína que pode ser administrada como uma vacina, de modo que ela desencadeie uma resposta imune." Escassas esperanças O problema é que os alvos do vírus HIV não são apenas os linfócitos, que incluem as famosas células T, um componente chave do sistema imunológico do corpo que ajuda a combater doenças - o HIV ataca também outras células do sistema imunológico. E estas não são infectadas exclusivamente através da proteína gp41, mas também através de outros mecanismos. Os pesquisadores reconhecem que uma vacina eficaz contra a AIDS deverá impedir a contaminação de outros tipos de células. Diário da Saúde

domingo, 24 de novembro de 2013

EUA mudam forma de acompanhar e tratar colesterol alto

As associações de cardiologia mais importantes dos Estados Unidos surpreenderam a comunidade médica esta semana ao publicar novas orientações sobre como tratar o colesterol. As novas recomendações mudaram completamente as regras do jogo. Os pacientes agora não terão mais que perseguir a meta de permanecer abaixo de um nível específico de colesterol no sangue. Em vez disso, os pacientes serão classificados em quatro grupos para os diferentes tratamentos recomendados com drogas conhecidas como estatinas. Isso significa que um terço dos adultos que vive nos Estados Unidos poderá receber receitas das controvertidas estatinas na próxima vez que visitarem seu cardiologista. Tais substâncias diminuem os níveis do colesterol, mas seu uso está longe de ser unanimidade entre os médicos, tanto por conta dos efeitos colaterais, quanto pela eficácia questionável entre alguns pacientes. Drogas para colesterol reduzem risco de derrame, mas não para todos A outra novidade trazida pela orientação publicada pelo American College of Cardiology (ACC) e pela American Heart Association (AHA) é que, pela primeira vez, não se leva apenas em consideração os infartos, mas também os acidentes vasculares cerebrais. Riscos do colesterol No passado, as pessoas com níveis extremamente elevados, 190mg/dl ou mais, de colesterol ruim, conhecido como LDL, além de receberem tratamento com estatina, precisavam também reduzir o nível para 70mg/dl. Esta última meta não é mais necessária, pelo menos nos Estados Unidos. O novo guia divide os pacientes em quatro grupos: os que já sofrem de doenças cardiovasculares, aqueles com níveis de LDL de 190mg/dl ou mais, adultos acima de 40 anos com diabetes tipo 2, e adultos acima de 40 anos com risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares nos próximos 10 anos. No entanto, cardiologista José Antonio Carbonell afirma que a nova maneira de calcular o risco de eventos cardiovasculares "não provou ser muito precisa com determinados grupos da população, o que poderia significar que algumas pessoas receberiam tratamentos mais fortes do que elas possivelmente precisam." Martin Nieves, diretor da unidade de Medicina Interna do Instituto Médico La Floresta em Caracas, na Venezuela, concorda com Carbonell. Para ele, o temor é de que "mais pacientes recebam estatina". Mas, por outro lado, diz ele, "é improvável que os pacientes sejam afetados. Em vez disso, estas orientações são muito mais abrangentes", disse ele. Controvérsia Até hoje, as evidências científicas colocam a estatina como único tratamento farmacológico que provou ter um impacto na redução do colesterol, e, talvez por essa razão, estas novas recomendações deem tanta ênfase a este medicamento. "No entanto, a primeira intervenção causada pelo uso do medicamento é sobre o estilo de vida, como uma dieta saudável para o coração, atividade física regular, peso saudável, e não utilizar produtos de tabaco", diz Nieves. "A dieta mediterrânea ajuda a reduzir os níveis de colesterol no sangue de uma forma muito natural", diz Carbonell. No entanto, tais medidas naturais não podem ser as únicas quando há altos níveis de colesterol e elevado risco de doenças cardiovasculares. "Nas orientações de países europeus, que contam com um conjunto de objetivos, um paciente diabético que teve um acidente vascular cerebral, ou insuficiência renal, são pacientes de muito alto risco, e baixar os níveis de 190 para 80 não é suficiente. O ideal é chegar a 70mg/dl, desde que tolere as drogas", diz Rodriguez Padial. Agora, as orientações nos Estados Unidos recomendam fornecer doses altas de estatina. "Claro que baixa o colesterol, mas apenas em teoria terá benefícios", acrescenta Rodriguez. Diário da Saúde

Seu cérebro vê coisas que você não vê

Jay Sanguinetti, da Universidade do Arizona (EUA), fez uma descoberta que desafia as teorias sobre como o cérebro se relaciona com a percepção consciente - com a mente. Os experimentos mostraram que o cérebro processa e entende informações visuais que podem nunca chegar ao nível consciente. Em termos simples: seu cérebro "vê", mas você não. Isto desafia os modelos atualmente aceitos sobre como o cérebro processa a informação visual e abre questões totalmente novas sobre mente e cérebro. Consciência inconsciente Sanguinetti mostrou aos voluntários uma série de silhuetas negras, algumas das quais continham objetos significativos e reais representados pela porção branca do desenho. "Nós queríamos saber se o cérebro estava processando o significado dos objetos que estão do lado de fora dessas silhuetas. A questão específica foi 'Será que o cérebro processa essas formas ocultas ao nível de significado, mesmo quando a pessoa não as vê conscientemente?" esclarece o pesquisador. A resposta é sim. As ondas cerebrais dos participantes indicaram que, mesmo que uma pessoa nunca reconheça conscientemente as formas brancas, do lado de fora dos desenhos, seus cérebros processam essas formas até o nível da compreensão do seu significado. Mas depois o cérebro aparentemente descarta essa compreensão. Processamento do significado "Há uma assinatura no cérebro para o processamento significativo", explica Sanguinetti. "Um pico nas ondas cerebrais médias, chamado N400, indica que o cérebro reconhece um objeto e o associa com um significado particular." Esse pico ocorre cerca de 400 milissegundos depois que a imagem é mostrada - o N indica as ondas abaixo de um eixo de referência, enquanto as ondas acima desse eixo são chamadas de P. A presença do pico N400 indica que o cérebro dos voluntários reconheceu o significado dos formatos do lado de fora da figura, embora eles não tenham relatado sua identificação. Isto leva à questão de por que o cérebro processa o significado de uma forma e depois a descarta, "impedindo" que a pessoa fique consciente dela. Para essa questão os pesquisadores ainda não têm uma resposta.Diário da Saúde

Quem paga a reciclagem?

a Europa são as empresas. No Brasil, o governo e o setor privado não se entendem. Uma disputa é travada entre o setor público e as empresas para definir quem é responsável pelos custos da reciclagem das embalagens no Brasil. Uma parcela importante do setor privado não quer assumir o gasto com a coleta seletiva, exigência do governo federal, enquanto outra corrente propõe um modelo de financiamento baseado na experiência da Europa. A União deseja que as companhias assumam a parte dos custos da limpeza urbana relacionada à coleta de embalagens, cerca de 30% do lixo recolhido nas residências. “O que se discute é quanto e em que circunstâncias as empresas devem remunerar o município pela participação na logística reversa”, diz Zilda Veloso, diretora de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, em referência ao processo para garantir o retorno ao produtor dos materiais descartados pelos consumidores. As maiores empresas da cadeia, entre elas Coca-Cola, Nestlé, Unilever e Walmart, são contra. Reunidas na Coalizão, grupo formado por 21 associações empresariais e liderado pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem, elas tentam evitar o custo adicional. “Não temos de ressarcir a coleta seletiva, função legal das prefeituras”, diz Victor Bicca, presidente do Cempre. Caberia ao setor privado aumentar o número de pontos de entrega voluntária de lixo reciclável, apoiar as cooperativas de triagem e garantir a compra da sucata. Para o governo, não é suficiente. A Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro propõe um modelo de compartilhamento dos custos da reciclagem entre empresas e municípios. O formato, semelhante aos pontos verdes existentes em países europeus, é baseado no financiamento privado de uma gerenciadora responsável pela administração da logística reversa. “As empresas pagariam uma tarifa pela embalagem a cada produto colocado no mercado. A soma de recursos permitiria à gerenciadora discutir com os municípios como fazer o tratamento dos produtos”, diz Lucien Belmonte, superintendente da entidade. Caberia a essa estrutura fechar acordos e contratos com as cooperativas, beneficiadoras e recicladoras. A venda da sucata complementaria a remuneração do sistema. O modelo é semelhante àquele sugerido pelo governo, a partir de um estudo de viabilidade técnico e econômica realizado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Segundo a pesquisa, a existência de uma entidade gestora é importante para organizar o fluxo de sucata, otimizar o transporte entre centros distribuidores e obter ganho de escala. E a responsabilidade caberia às empresas. Uma terceira proposta, apresentada pela Associação Brasileira da Embalagem de Aço, também contempla a expectativa do ministério ao pressupor um gerenciamento e controle da logística reversa pelo setor privado. O governo busca combinar as propostas apresentadas para chegar rapidamente a um acordo. A definição de um sistema de logística deve ocorrer até o fim de dezembro, depois de um ano e meio de discussão, para atender às normas da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010. As metas para redução do descarte de recicláveis em aterros sanitários começam a contar a partir de 2015. coleta Quem paga a reciclagem?Na proposta da Coalizão, agrada ao ministério a atenção dada às cooperativas, pois a lei de resíduos sólidos estabelece como prioritária a inserção dos catadores no novo sistema. O grupo propõe triplicar o número de cooperativas e sustenta que a formalização da estrutura existente seria suficiente para atingir as metas exigidas, se municípios implantarem corretamente a coleta seletiva. Estima-se em 600 mil a 1 milhão o número de catadores no País e em 30 mil as cooperativas, incluindo os informais. “O modelo informal tem proporcionado ao Brasil níveis de reciclagem muito altos. É preciso fortalecer esse sistema complementar, formalizá-lo e diminuir o número de intermediários”, defende Bicca. O ministério cobra, porém, uma reestruturação completa do modelo, pois não concorda com a premissa de que o sistema atual é eficiente. A principal mudança em relação à cadeia que chega atualmente a metas impressionantes, como a reciclagem de 98% das latas de alumínio, é remunerar não só a sucata, mas toda a operação de coleta, transporte, triagem e beneficiamento dos produtos, além da destinação adequada da parcela não reciclável. Isso permitiria às cooperativas se autossustentarem e garantirem a venda até de materiais com baixo valor de mercado. Também evitaria a queda dos preços dos recicláveis em caso de saturação por insuficiente expansão do parque reciclador. “Hoje, quem determina o preço do reciclável é a indústria compradora, que não assume o custo do serviço. O sistema funciona com o trabalho escravo de catadores desassistidos ou remunerados pelas prefeituras pelo serviço ambiental”, diz Karin Segala, coordenadora de projetos do Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Pesquisa realizada pela LCA Consultores a pedido do Cempre concluiu que o mercado informal no Brasil permitiu em 2012, a reciclagem de 65% das embalagens produzidas. “A conta foi feita a partir do produzido e do processado pelos recicladores, o que permite contabilizar o recolhido informalmente nas ruas e nos lixões”, afirma Bicca. O número é encarado com desconfiança por outros agentes do setor. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública, o volume chega a, no máximo, 10%. “Se fossem 65%, o problema estaria resolvido”, diz Segala. A meta da política nacional é chegar a 60% até 2031. No município de São Paulo, onde o objetivo é saltar de 1,6% de coleta seletiva para 10% em 2016, a prefeitura investirá em centrais mecanizadas de triagem, além das 22 cooperativas conveniadas, por entender que apenas os catadores não darão conta da demanda. “As melhores cooperativas processam 4 toneladas de lixo por dia, e para atingir a meta será preciso processar 1,2 mil”, diz o vereador Nabil Bonduki. Para financiar a nova estrutura, a prefeitura tenta um acordo de cooperação com a iniciativa privada, o principal nó desse debate. É preciso ainda aumentar a capacidade de reciclagem da indústria. As empresas têm investido em tecnologias que elevam o potencial de reutilização de materiais na sua produção. É o exemplo das garrafas PET, cuja redução do grau de descontaminação da resina reciclada permite que ela seja usada para fabricar outros recipientes de alimentos. As empresas reivindicam a desoneração dos materiais recicláveis para tornar os produtos mais competitivos em relação às matérias-primas virgens, proposta em estudo no governo. A oferta regular a ser garantida pela universalização da coleta é outro fator de estímulo. “Hoje falta um gerenciamento do mercado de reciclagem que o encare como um setor econômico e não como um projeto social. Existe um potencial produtivo enorme, principalmente para os catadores, sem continuarmos a nos valer de sistemas subumanos com índices pífios de reciclagem”, diz Carlos Silva Filho, diretor-executivo da Abrelpe. Além das embalagens em geral, há outros quatro setores que precisam implantar um sistema de logística reversa: de agrotóxicos e de lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, eletroeletrônicos e medicamentos. Dentre eles, apenas o primeiro grupo chegou a um acordo. Os segmentos de lâmpadas fluorescentes e de eletroeletrônicos ainda discutem um modelo. A destinação correta das lâmpadas depende de uma solução para seu financiamento, mais cara por conta da toxidade dos componentes. Para eletroeletrônicos, um dos pontos a serem resolvidos é o modo de financiar o tratamento do resíduo decorrente do mercado ilegal. O acordo setorial para medicamentos está em fase de apresentação de propostas pelas empresas. * Publicado originalmente no site Carta Capital.

Decifrando os segredos da genética

Doenças genéticas atingem entre 2% e 3% das crianças nascidas de pais sadios. Um “erro” em um único gene, mutações inesperadas ou genes que, de acordo com o ambiente, aumentam nossa predisposição a doenças complexas podem resultar em mais de 20 mil condições como distrofias musculares, mal de Parkinson, Alzheimer, cardiopatias, autismo, nanismo, entre outras. O Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células Tronco (HUG-CELL, da sigla em inglês), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, já identificou mais de uma dúzia de genes responsáveis por algumas dessas doenças, desenvolveu testes para 45 delas e, por meio de aconselhamento genético, permite que milhares de famílias planejem a sua prole. Essa trajetória de pesquisa e de atendimento à população começou há pouco mais de dez anos, quando a investigação do mecanismo genético desencadeador de doenças exigia, além de muita pesquisa, uma certa dose de sorte: identificada uma família com pelo menos seis indivíduos afetados, os pesquisadores extraíam o DNA – molécula com cerca de 2 metros de comprimento e 2 nanômetros de espessura – de células de cada uma dessas pessoas, separavam-no em pedaços por meio de eletroforese, transportavam esses pedaços para filmes fotográficos e imprimiam os fragmentos em acetato antes de, meio às cegas, iniciar a investigação de seus milhões de pares de base. “Era como chegar a uma cidade sobre a qual não se tinha qualquer informação e tentar localizar uma casa específica”, costuma comparar Mayana Zatz, coordenadora do Centro, sediado no Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP). Entre 1995 e 1997, ciência e sorte ajudaram a equipe do IB, coordenada por Zatz, a identificar dois genes ligados a uma forma grave de Distrofia de Cintura e a uma mutação genética no cromossomo 21, responsável por uma cegueira progressiva conhecida como síndrome de Knoblock, que acometia membros de uma família do município de Euclides da Cunha, no estado da Bahia. A descoberta, realizada no âmbito do Projeto Temático Correlações gene-fenótipo: a nossa contribuição ao projeto genoma humano, apoiado pela FAPESP, foi das primeiras contribuições do Brasil ao Projeto Genoma Humano (PGH), iniciativa internacional que sequenciou cerca de 21 mil genes que codificam as proteínas em seres humanos, entre 1990 e 2003 (leia mais em http://revistapesquisa.fapesp.br/1997/07/01/usp-identifica-novos-genes-causadores-de-doencas/). Reunidas em um banco de dados, essas informações foram disponibilizadas a pesquisadores de todo o mundo como uma espécie de “lista de endereços” da investigação genética. Pouco antes da conclusão do Projeto Genoma, e já antecipando as perspectivas que se abririam para a biologia molecular, os pesquisadores do IB propuseram a constituição de um CEPID para o estudo do Genoma Humano, aprovado no primeiro edital do Programa lançado pela FAPESP. O objetivo era o de mapear e identificar novos genes relacionados a doenças e entender a variabilidade das doenças genéticas. “Descobrimos mais de uma dúzia de genes”, lembra Zatz. A função dos genes A descoberta de um gene representa um grande avanço no conhecimento dos mecanismos do organismo, mas não se traduz, imediatamente, na cura de uma doença. Identificado o gene, o passo seguinte é descobrir o que ele faz, quais mutações ou erros são responsáveis por uma doença genética ou malformação e qual o seu impacto clínico. “A ausência da proteína distrofina no músculo, por exemplo, leva a uma doença genética, a distrofia muscular. Quando se descobre o gene que produz a distrofina, já se sabe que aquele gene é importante na função normal do músculo. Ou seja: a partir da doença, acabamos encontrando a função do gene.” A equipe de pesquisadores descobriu, por exemplo, que o gene VAPB, presente no cromossomo 20 – que codifica a proteína homônima envolvida no transporte de substâncias no interior da célula –, está relacionado a três tipos distintos de doenças degenerativas nos neurônios motores: atrofia espinhal progressiva tardia, esclerose lateral amiotrófica (ELA) e uma de suas variantes atípicas, a ELA8. Eles encontraram alterações no gene que codifica a proteína VAPB em dezenas de indivíduos de sete famílias, todos portadores de uma dessas três doenças, e suspeitam hoje que uma deficiência na quantidade dessa proteína causa a morte de neurônios motores. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista American Journal of Human Genetics, em novembro de 2004, em artigo citado mais de 300 vezes. As investigações seguem seu curso, agora com a utilização de células-tronco em modelos animais (leia mais em http://revistapesquisa.fapesp.br/2004/10/01/uma-mutacao-tres-doencas/). Nova doença em Serrinha dos Pintos Muitas vezes o gene relacionado à doença pode ficar “escondido” numa família por várias gerações. Só se manifesta em dose dupla, ou seja, para ser afetada, a pessoa precisa receber uma cópia defeituosa de sua mãe e outra de seu pai. Foi o que ocorreu na pesquisa realizada pelo CEPID sobre um conjunto de sintomas que confinava à cadeira de rodas 26 pessoas, todos aparentados, moradores de Serrinha dos Pintos, munícipio rural com pouco mais de 4 mil habitantes, no Rio Grande do Norte. Os pesquisadores constataram tratar-se de uma nova doença neurodegenerativa, que batizaram com o nome de síndrome de Spoan (de Spastic paraplegia, optic atrophy and neuropathy) e descreveram em artigo publicado em Annals of Neurology. A equipe acaba de descobrir qual é o gene responsável pela doença: sabe que ele se encontra em uma região do cromossomo 11 onde existem pelo menos 143 genes, dentre os quais 96 eram fortes candidatos, por serem ativados em tecido nervoso. “Determinar qual deles está por trás da síndrome de Spoan não foi tarefa fácil”, afirma Zatz. O difícil, agora, é entender como ele atua (leia mais em http://revistapesquisa.fapesp.br/2005/07/01/spoan-uma-nova-doenca/). Descoberto o gene responsável pela Spoan, talvez seja possível desenvolver um teste diagnóstico para identificar pessoas portadoras da doença e doentes sem sintomas – mas com uma cópia anormal do gene e, portanto, potenciais transmissores da mutação. Planejando a família Entre 2000 e 2012, o Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano, sob a orientação de Maria Rita Passos-Bueno, desenvolveu novos testes para 45 doenças genéticas, além de um kit diagnóstico para autismo, já protegido por patente. “Descobrimos as mutações mais frequentes em nossa população e criamos testes específicos, em vez de usar importados, compatíveis com outros grupos étnicos, mas que nem sempre são adequados para os brasileiros.” Por meio desses testes é possível identificar casais clinicamente normais em risco de virem a ter filhos com doenças genéticas. “Damos a eles a possibilidade de planejar a prole”, sublinha Zatz. O Centro adquiriu, com recursos da FAPESP, um equipamento que permitirá testar milhares de mutações ao mesmo tempo e agilizar o diagnóstico de doenças como, por exemplo, a fibrose cística, que envolve mais de 1.500 mutações num único gene. Todos os testes podem ser realizados no CEPID e a equipe está “brigando”, como diz Zatz, para que eles ganhem cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS). O aconselhamento genético é uma das missões deste CEPID desde a sua criação, em 2000. “Quando é identificada uma doença na família, é preciso verificar se há risco de repetição”, justifica Zatz. No caso da Spoan, por exemplo, de herança autossômica recessiva, homens e mulheres têm a mesma probabilidade de apresentar a patologia. Mas a doença só se desenvolve em indivíduos nascidos com duas cópias do gene associados à síndrome, herdadas do pai e da mãe portadores da mesma mutação. Os pais não manifestam a síndrome – eles têm, em geral, apenas uma de duas cópias do gene – mas podem transmiti-la. Trata-se de uma roleta-russa biológica, cujos riscos aumentam quanto maior for o número de casamentos dentro da própria família. É o caso da doença identificada em Serrinha dos Pintos. Na época em que foi realizada a pesquisa, um em cada 250 habitantes do município tinha Spoan e um em cada nove era potencialmente transmissor da mutação para a prole. O aconselhamento envolve exames clínicos e genéticos, cálculo de risco de ocorrência ou recorrência, orientação pré-natal para casais ou gestantes, entre outros. “Atendemos, anualmente, 3.500 pessoas aproximadamente”, contabiliza Zatz. Pacientes in vitro Em 2005, os pesquisadores se deram conta de que, para competir com as pesquisas internacionais, teriam de incluir investigações com células-tronco no portfólio de pesquisas do Centro. A primeira tarefa foi batalhar pela aprovação da Lei de Biossegurança, que, promulgada em março de 2005, autorizou pesquisas com organismos geneticamente modificados e com células-tronco embrionárias. O capítulo da lei referente ao uso de células-tronco para pesquisa foi contestado sob o argumento de que feriria o artigo 5º da Constituição Federal, que garante o direito à vida. Em 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) arbitrou favoravelmente à pesquisa, depois de ouvir cientistas na primeira audiência pública de sua história. “A partir daí, começamos a contar com mais recursos para a investigação e pudemos oferecer alguma esperança às famílias de doentes incuráveis”, afirma Zatz (leia mais em http://revistapesquisa.fapesp.br/2007/05/01/quando-comeca-a-vida/). As pesquisas são realizadas com células-tronco dos pacientes e testes com modelos animais. “A partir de células-tronco dos pacientes, derivamos, em laboratório, linhagens celulares que representam diferentes tecidos, como ossos, cartilagem, gordura, músculo ou células nervosas. Essas linhagens são nossos pacientes in vitro”, diz. Assim, é possível estudar como uma mutação num determinado gene se expressa na célula de um paciente, por que um tecido é mais afetado do que outro e por que duas pessoas com a mesma mutação podem ter quadros tão diferentes. Os pesquisadores podem testar inúmeras drogas e terapias gênicas para tentar corrigir aquele defeito. “Desde que começamos essas pesquisas, coletamos linhagens de células-tronco de mais de 500 pessoas de famílias afetadas”, contabiliza a coordenadora do CEPID. Sete dessas linhagens celulares foram obtidas de quatro portadores de esclerose lateral amiotrófica (ELA) – causada por alteração no gene VAPB, identificada pela equipe do Centro – e de seus familiares sadios. A partir das células-tronco dos pacientes, foi estabelecida uma metodologia para o desenvolvimento de linhagens de células-tronco pluripotentes induzidas (IPS, da sigla em inglês) – o que permite a conversão de células adultas em células pluripotentes, viabilizando seu uso como células-tronco embrionárias. “A tecnologia valeu ao médico japonês Shinya Yamanaka o prêmio Nobel de Medicina 2012”, lembra Zatz. Yamanaka dividiu a láurea com o inglês John Bertrand Gurdon. “Já temos 40 linhagens de células IPS e estamos oferecendo isso como serviço à comunidade”, acrescenta Zatz. Outra estratégia de pesquisa envolve a injeção de células-tronco em modelos animais para a avaliação de efeitos clínicos. “Temos vários modelos de camundongos para estudar a regeneração de músculos, modelos de ratos para pesquisa com ossos e modelos de cães para o estudo de distrofias musculares”, descreve Zatz. Dois dos cães golden retriever que carregam uma mutação genética que os impede de produzir distrofina, proteína essencial à manutenção da integridade dos músculos, são assintomáticos. Os pesquisadores trabalham com a hipótese de que eles possuem genes ou mecanismos protetores que neutralizam o efeito negativo da mutação e querem descobrir quais são (leia mais em http://genoma.ib.usp.br/?p=213). Novas fontes de células-tronco A equipe do Centro também desenvolve investigações com células-tronco visando a terapia celular. Os pesquisadores identificaram novas fontes de células-tronco mesenquimais – com potencial para formar vários tecidos, como gordura, osso, cartilagem e músculo – na trompa de falópio e no músculo orbicular do lábio, e que resultou em mais uma patente. As pesquisas revelaram ainda que o tecido do cordão umbilical – e não o sangue do cordão – é rico em células-tronco mesenquimais. “Esse resultado, cuja publicação já foi citada mais de cem vezes, tem uma aplicação prática importante porque os bancos de cordão umbilical têm como rotina guardar o sangue e descartar o tecido”, explica Mayana. Em estudos pré-clínicos, o grupo comparou o potencial de células-tronco mesenquimais de diferentes fontes (tecido do cordão, trompa de falópio, gordura e polpa dentária) na regeneração muscular e óssea em diferentes modelos animais. Os resultados dessas pesquisas resultaram em 41 publicações internacionais e duas patentes. Em 2011, a equipe liderada por Mayana Zatz participou do segundo edital do Programa CEPID da FAPESP. A proposta de constituição do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco foi aprovada e deverá consolidar a experiência do grupo na investigação de doenças genéticas com uso de células-tronco e incorporar novos temas de pesquisa. Até 2024, o projeto vai comparar a variação do genoma e o funcionamento do cérebro entre indivíduos brasileiros saudáveis com mais de 80 anos e um grupo de pessoas com mais de 60 anos. Também desenvolverá kits para o diagnóstico de doenças raras, estabelecerá parcerias com empresas startups de biotecnologia e implantará programas de educação e difusão da Ciência.Agência FAPESP

Brasil tem 157 cidades em risco de dengue e 525 em alerta, diz Saúde

O Brasil tem 157 municípios em situação de risco de dengue e outros 525 em alerta, a maioria na Região Nordeste, informou o secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, nesta terça-feira (19), em Brasília, durante o lançamento da campanha nacional contra a dengue, intitulada “Não dê tempo para a dengue” e encabeçada pelo ex-jogador de futebol e ex-capitão da seleção brasileira Cafu. As cidades consideradas em risco, ou com sinal vermelho, são aquelas onde foram encontrados focos de dengue em mais de 4% das residências visitadas. Já os municípios em alerta ou sinal amarelo são aqueles em que houve foco em 1% a 3,9% dos domicílios. Esses dados fazem parte do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa), que mediu o nível de infestação pelo mosquito em 1.300 cidades brasileiras. Ao todo, foram encontrados focos de dengue em duas a cada cem casas pesquisas para o levantamento, revelou Barbosa. Em 2013, o país notificou mais de 1,4 milhão de casos suspeitos, um aumento de 54,6% em relação a 2010. No ano passado, entre janeiro e novembro, foram registrados 500 mil casos de dengue, e o governo atribui essa elevação à transição dos governos municipais, que teria dificultado os trabalhos dos agentes de saúde, e à entrada do sorotipo 4, ao qual grande parte da população ainda está bastante suscetível. O Sudeste foi a região com o maior número de notificações da doença em 2013, responsável por 63,4% do total, seguido do Centro-Oeste, com 18,4%, apontou Barbosa. Já as internações por dengue sofreram uma redução de 30% em relação a 2010, segundo o secretário. O grande objetivo do Ministério da Saúde para a próxima temporada, que vai de janeiro a maio de 2014, é diminuir a quantidade de óbitos e de casos graves – estes tiveram um aumento de 61% em 2013. Segundo Barbosa, o Brasil já tem um dos menores índices de mortalidade por dengue das Américas – 0,03 óbito para cada cem notificações –, e com melhorias na assistência o país conseguiu evitar 394 mortes pela doença este ano. Investimento de R$ 363 milhões – Para manter a atenção voltada sobre a dengue neste verão, o governo destinará mais de R$ 363 milhões a ações de vigilância, prevenção e controle. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alguns estados (como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás) têm capacidade para diminuir ainda mais os óbitos e casos graves. “Já conseguimos uma forte redução, mas esse número ainda não nos deixa satisfeitos. Observamos uma evolução muito rápida da dengue em pacientes idosos. Por isso, precisamos agir com mais cuidado. Profissionais estão sendo treinados para identificar sinais de alerta, fazer a prova do laço”, disse Padilha. De acordo com o ministro, muitas vezes os pacientes procuram um posto de saúde, mas não recebem acompanhamento durante a evolução do quadro. Quando acabam voltando à unidade, já estão em uma situação bem mais grave. “Os médicos do Mais Médicos vão reforçar os cuidados da atenção básica nos bairros da periferia. Cerca de 80% deles vêm de países com experiência muito consolidada em cuidados com a dengue. Cuba, por exemplo, teve uma das menores letalidades quando enfrentou epidemias. Essa é uma das vantagens para as nossas equipes”, destacou Padilha. Segundo ele, os integrantes do programa participarão de uma videoconferência nesta quinta-feira (21) para obter mais informações sobre a campanha. Sobre a presença de Cafu nos vídeos e no lançamento da ação, o ministro disse que o jogador tem a imagem de um líder que consegue mobilizar um time quando está em baixa e chamar a atenção. “São lideranças como essa que precisamos em cada bairro, em cada comunidade do nosso país. Os municípios precisam de agentes de saúde assim para combater a dengue”, afirmou Padilha. Água x lixo – Há diferentes meios de proliferação para o mosquito da dengue, o Aedes aegypti, e eles variam de região para região. No Sudeste, por exemplo, 37,5% dos depósitos estavam em água armazenada em recipientes e 36,4%, no lixo. A maioria desses criadouros foram encontrados em domicílios, em pratos de plantas, caixas d’águas e outros locais. Já no Centro-Oeste, o lixo é responsável pela maior parte dos depósitos do mosquito. Segundo o ministro Padilha, um ovo do Aedes aegypti é capaz de sobreviver até 300 dias em um recipiente seco, à espera de água. “É por isso que pequenos detalhes em casa até grandes ações, como coleta de lixo e cata-bagulho, são fundamentais para enfrentar a dengue”, ressaltou o ministro. Para Padilha, o “campeonato” contra a dengue precisa começar antes que os casos apareçam, o que tem sido feito pelo ministério desde 2011, na tentativa de mobilizar os estados e municípios. “O LIRAa é um guia importante de prevenção de risco, e serve para alertar os prefeitos sobre as ações de combate à dengue”, disse Padilha. (Fonte: G1)

Últimas duas décadas registraram 15 mil eventos climáticos extremos, somando 530 mil fatalidades

Mesmo sem considerar o furacão Haiyan, que acaba de devastar as Filipinas, um novo levantamento feito pelo instituto alemão Germanwatch assusta ao apresentar os números dos últimos 20 anos de desastres climáticos. Segundo o Global Climate Risk Index (Índice Global de Risco Climático), entre 1993 e 2012, mais de meio milhão de pessoas morreram em decorrência direta de aproximadamente 15 mil eventos climáticos extremos. Já os prejuízos econômicos foram de US$ 2,5 trilhões. “A tragédia humana causada pelo super tufão Haiyan será apenas registrada em relatórios futuros. Mas nossos resultados são um alerta para mostrar que as políticas climáticas e um melhor gerenciamento de desastres são urgentes”, explicou Soenke Kreft. O índice aponta que Honduras, Mianmar e Haiti foram os países que mais sofreram nos últimos 20 anos (veja na tabela). Considerando apenas 2012, Haiti, Filipinas e Paquistão foram os que registraram mais perdas. O Germanwatch destaca que oito dos dez países no topo no índice são nações em desenvolvimento e com baixa renda per capita. Além disso, apresentam baixa industrialização e por isso praticamente não contribuíram para as mudanças climáticas. Entre os eventos extremos citados aparece o furacão Sandy, que assolou boa parte do Caribe e da Costa Leste norte-americana, o tufão Bopha, que atingiu as Filipinas em 2012 matando mais de mil pessoas, e as enchentes da temporada de monção no Paquistão em 2010, as piores já registradas no país. Aqui na América do Sul o índice salienta a seca na Amazônia Ocidental em 2010, quando o Rio Negro atingiu um recorde de baixa. “O ano de 2015 representa o limite, é quando precisamos estabelecer o novo acordo climático, e estruturas internacionais para lidar com desastres. Os países reunidos agora na Conferência do Clima de Varsóvia (COP 19) precisam ter isso em mente”, concluiu Kreft. Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Formigas se organizam e tomam decisões em grupo, sugere estudo americano

Assim como você organiza as tarefas de seu dia, como ir ao banco, almoçar, retornar ao trabalho e estudar um idioma, por exemplo, animais também pensam em seu cotidiano de forma a organizá-lo e, muitas vezes, fazem isso de forma coletiva. Isso é o que afirma um novo estudo, conduzido pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e divulgado nesta semana no periódico científico Biology Letters. Os pesquisadores estudaram o comportamento de formigas e chegaram à conclusão que esses insetos muitas vezes mudam a ordem de suas atividades ao longo do dia denotando sofisticação na organização de tarefas e levando em conta preferências e necessidades. Para chegar à afirmação, os cientistas Taka Sasaki e Stephen Pratt —ambos autores do estudo e com experiência na análise de animais formadores de colônias— realizaram o seguinte experimento: oferecer a uma colônia de formigas da espécie Temnothorax rugatulus, desabrigadas de seu formigueiro original, dois novos formigueiros com características distintas e ver por qual deles os insetos optariam. Em um dos casos, o formigueiro tinha entradas com tamanhos variados; em outro, a exposição à luz era alterada artificialmente. Isso estimulava as formigas a fazerem escolhas na busca pelo novo lar, já que, naturalmente, elas tendem a preferir ninhos com entradas pequenas e com baixo nível de intensidade de luz. “É como acontece com seres humanos escolhendo um imóvel para compra. São muitas opções e variáveis a considerar, como tamanho, vizinhança e número de quartos, por exemplo. O processo é similar para as formigas, sendo quase impossível achar um formigueiro com tudo o que elas querem”, pondera Pratt na divulgação do estudo. Priorização e renúncia – Dessa forma, segundo o cientista, as formigas demonstraram um notável nível de inteligência ao avaliarem as possibilidades e limitações de seus novos formigueiros. De acordo com os dados da pesquisa, as formigas foram obrigadas a priorizar suas preferências e renunciar a alguns itens em nome de outras características, ordenando as escolhas. Assim, os insetos demonstraram valorizar mais um novo formigueiro com menor exposição à luz em detrimento de um formigueiro com entradas menores, apontando a capacidade de consenso em decisão e priorização de necessidades. “Tínhamos centenas de formigas e, de alguma forma, elas chegaram a uma decisão”, diz Pratt. “Como elas fazem isso sem ter ninguém no comando dizendo o que tem de ser feito?”, se pergunta o cientista, que planeja novas pesquisas junto a esses insetos de forma a, um dia, entender como algumas formigas tem a capacidade de liderar a colônia. O objetivo de Pratt e Sasaki, ressalta o estudo, é conseguir aplicar esse conhecimento às relações humanas para que decisões tomadas coletivamente se mostrem tão fáceis para nós quanto o são para as formigas. (Fonte: UOL)

domingo, 17 de novembro de 2013

Diabetes afeta 382 milhões de pessoas em todo o mundo

Os estados desenvolveram na quinta-feira (14) uma série de eventos em função do Dia Mundial do Diabetes. No Rio de Janeiro, o Corcovado e o Estádio do Maracanã foram iluminados de azul e, em vários pontos da cidade, profissionais distribuíram panfletos alertando para os riscos da doença e mediram a glicose das pessoas. O objetivo é tentar diminuir os casos sobre o diabetes, problema de saúde que evolui silenciosamente e de fácil tratamento preventivo. O dia de combate foi criado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, em inglês), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), por causa do crescente número de casos em todo o mundo. O procedimento de diagnóstico é feito, geralmente, quando o médico constata que o paciente tem a taxa de glicose no sangue (hiperglicemia) acima do tolerado. Segundo o Ministério da Saúde a obesidade, o sedentarismo, a má alimentação, o consumo exagerado de alimentos ricos em gorduras saturadas de origem animal e o consumo insuficiente de frutas e verduras são os principais causadores da doença. O diabetes já afeta 382 milhões de pessoas em todo o mundo a a estimativa é que, até 2035, este número aumente para 592 milhões de pessoas. Os dados são do IDF. O Ministério da Saúde alerta para o fato de 7,4% da população brasileira já ter sido diagnosticada com diabetes Mellitus. A doença é uma das cinco que mais matam e tem crescido cada vez mais, porém ela pode ser combatida com uma alimentação saudável, exercícios físicos diários e o emagrecimento sempre que necessário. Pacientes com diabetes podem retirar o remédio gratuitamente para o controle da doença em 546 farmácias do governo e 23.768 farmácias particulares credenciadas ao Programa Farmácia Popular. Para receber o medicamento, o paciente deve apresentar um documento de identidade, CPF e receita médica, dentro do prazo de validade podendo ser emitida por qualquer profissional de saúde que trabalhe nas redes pública ou privada. (Fonte: Agência Brasil)

Dados do Inpe apontam aumento de 28% no desmatamento da Amazônia

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta quinta-feira (14) apontam que foram desmatados 5.843 km² no período de agosto de 2012 a julho de 2013 na Amazônia Legal, número 27,8% maior que no período anterior, quando foram registrados 4.571 km² de áreas derrubadas. É o equivalente a quase quatro vezes o município de São Paulo. A Amazônia Legal compreende todos os estados da Região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão. Os dados de desmatamento são do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal), do Inpe, e representam o índice oficial de desmatamento do governo federal. A alta já era esperada porque outro sistema, o Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), um instrumento mais rápido e menos preciso, voltado a gerar alertas para a fiscalização ambiental, vinha registrando um crescimento dos desmates. Em relação a cada estado, a maior área desmatada foi no Pará, que desmatou 2.379 km², 37% a mais do que em 2012. No entanto, o maior aumento de desmate (52%) ocorreu em Mato Grosso, onde 1.149 km² de floresta foram cortados. Também foram responsáveis por aumentos o estado de Roraima (49%), com 933 km² de cobertura florestal desmatada; o Maranhão (42%), que talhou 382 km² de floresta; e Rondônia (21%), sendo responsável por 933 km² de desmatamento em 2013. O estado do Amazonas foi o que apresentou menor aumento, de 7%, que representaram 562 km² a menos de floresta. Por outro lado, três estados da Amazônia brasileira reduziram sua taxa de desmatamento. O Amapá foi o que percentualmente que mais reduziu em relação a 2012, baixando sua área desmatada de 27 km2 para 11 km2. A diferença foi de 59%O Acre reduziu de 305 km2 para 199 km2, o que representou diferença de 35%. E o Tocantins baixou 17% de sua taxa de desmatamento, passando de 52 km2 de desmate em 2012 para 43 km2 em 2013. Ao todo, foram registrados 3.921 inquéritos policiais relacionados ao desmatamento na região nesse período, sendo 350 por crimes contra a administração ambiental, 1.663 por crimes contra a flora e 1.908 por conta de mineração ilegal, informou o Ministério do Meio Ambiente. A fiscalização do desmatamento na Amazônia em 2013 custou R$ 50.567.733, contabilizando os custos de diárias dos funcionários, de aeronaves e de locação de viaturas. Segundo a agência AFP, Izabella Teixeira convocou uma reunião de emergência para a próxima terça-feira (19) com todos os secretários de Meio Ambiente dos estados amazônicos para pedir explicações e aplicar medidas para reverter a situação. “O governo brasileiro não vai tolerar e considera inaceitável qualquer aumento do desmatamento ilegal”, afirmou a ministra, garantindo que o país seguirá comprometido com uma drástica diminuição no desmatamento. (Fonte: G1)

Cigarro eletrônico carece de dados sobre prejuízos, dizem especialistas

Cientistas, especialistas, políticos e representantes da indústria se reuniram na Real Sociedade de Londres nesta terça-feira (12) para discutir os prós e contras do cigarro eletrônico e destacaram que, até o momento, não há informações suficientes sobre os efeitos nocivos desse dispositivo, sobretudo a longo prazo. Esses aparelhos em forma de caneta são alimentados por uma bateria e simulam o fumo ao aquecer e vaporizar uma solução líquida que contém nicotina. O uso do “e-cigarro” em todo o mundo tem se popularizado, e estima-se que hoje já haja 7 milhões de adeptos. No Brasil, porém, a importação e a comercialização do produto estão proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Segundo as autoridades sanitárias dos países ocidentais, ainda é cedo para avaliar os impactos a médio e longo prazo de um fenômeno recente como esse. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a segurança dos cigarros eletrônicos ainda não foi comprovada cientificamente, assim como a eficiência dos sistemas eletrônicos de administração de nicotina com o objetivo de fazer alguém parar de fumar. A diretora executiva do grupo de pressão antitabaco ASH, Deborah Arnott, diz que os “e-cigarros” podem permitir avanços na saúde pública, mas adverte que ainda não há informações suficientes sobre seus efeitos. Segundo ela, a indústria do tabaco está começando a controlar a fabricação desses produtos. “A ASH acredita que os cigarros eletrônicos têm um potencial significativo e são muito menos prejudiciais que o tabaco. No entanto, sem regulamentação, sua segurança e eficácia não estão garantidas”, disse Deborah à AFP. Além disso, para a diretora, “se eles chegam a ter agentes cancerígenos, não veremos seus efeitos imediatamente, mas 10, 15 ou 20 anos depois é que as pessoas vão morrer disso”, acrescentou. ‘E-cigarro poderia salvar vidas’ – Segundo os defensores do cigarro-eletrônico, relatórios científicos e médicos apontam cada vez mais que os prejuízos do produto são muito inferiores aos dos cigarros reais. De acordo com Jacques Le Houezec, consultor em saúde pública e dependência do tabaco, os “e-cigarros” contêm algumas substâncias nocivas, mas seus níveis de toxicidade são de 9 a 450 vezes inferiores aos dos verdadeiros. Para o grupo defensor da novidade, o dispositivo também é uma forma relativamente eficaz de abandonar o vício e poderia salvar a vida de milhões de fumantes em todo o planeta. “Os cigarros matam 5,4 milhões de pessoas por ano no mundo”, avaliou Robert West, professor de saúde mental e diretor de estudos sobre tabaco na Escola Universitária de Londres (UCL). Segundo ele, o uso de cigarros eletrônicos pode salvar milhões de vidas, mas seria preciso saber “se é possível alcançar esse objetivo e como atingi-lo da melhor forma”. Cigarro eletrônico x adesivo – Um estudo neozelandês publicado em setembro pela revista científica “The Lancet” sustentou que o cigarro eletrônico é “pelo menos igual em eficácia aos adesivos de nicotina” para ajudar um fumante a abandonar o vício. A principal crítica ao produto é que, embora ele possa ajudar uma pessoa a deixar o tabaco, também pode incentivar o fumo em muitos jovens que nunca o fizeram, criando dependência em nicotina e, por fim, levando-os ao tabagismo. (Fonte: G1)

Tufão Hayan é alerta sobre impacto de mudança climática, diz agência da ONU

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirma que 2013 deve ser um dos dez anos mais quentes já registrados e continuar com o padrão de altas temperaturas resultantes diretamente da mudança climática causada pela atividade humana. Pesquisadores afirmam que ainda não é possível afirmar se, com isso, a frequência de ciclones tropicais vai aumentar, mas o presidente da OMM, Michel Jarraud, diz que a expectativa é de que o impacto das tempestades seja mais intenso. “Todos os anos mais quentes ocorreram desde 1998 e neste ano, mais uma vez, continua a tendência subjacente, de longo prazo. Os anos mais frios agora são mais quentes do que os anos mais quentes antes de 1998″, afirma Jarraud. “Concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa alcançaram novos patamares em 2012, e esperamos que eles alcancem níveis sem precedentes de novo em 2013. Isso significa que estamos comprometidos com um futuro mais quente.” O presidente do Banco Mundial, Kim Yong Kim, disse à BBC que o aquecimento global já não pode mais ser ignorado e pediu medidas para reduzir emissões de poluentes e minimizar as probabilidades de desastres como o tufão Hayan, que matou milhares de pessoas nas Filipinas. A opinião de Kim também é compartilhada por Jarraud. “As Filipinas foram prejudicadas pelo tufão Hayan e ainda estão lutando para se recuperar de um outro tufão há um ano”, afirmou o presidente da OMM. “Apesar de não podermos atribuir diretamente os ciclones tropicais individuais à mudança climática, níveis mais altos do mar já estão tornando as populações costeiras mais vulneráveis a ondas causadas pelas tempestades”, acrescentou. A projeção sobre 2013 divulgada nesta quarta-feira ainda é provisória e depende dos padrões de clima a serem registrados até o fim do ano, mas confirma que o nível global do mar bateu um novo recorde. O presidente do Banco Mundial afirmou que a tendência geral é clara e pediu que os governos acabem com subsídios a combustíveis fósseis e forneçam à população fontes limpas de energia. Argumentos da Austrália – O clima extremo não atingiu apenas as Filipinas. Em 2012, os Estados Unidos registraram recordes de temperaturas altas e, em 2013, foi a vez da Austrália. O país registrou o mais quente período de 12 meses, encerrado em agosto. O recorde foi quebrado nos 12 meses de setembro de 2012 a setembro de 2013 e novamente em outubro. Apesar dos recordes na temperatura, a mudança climática se transformou em uma polêmica política na Austrália, com o novo governo do país cancelando um imposto sobre carbono e se recusando a contribuir com um fundo criado para ajudar países pobres mais afetados pela mudança no clima. Há muito ceticismo sobre as mudanças climáticas na Austrália, e os ministros do governo do país destacam as incertezas a respeito das projeções futuras. Mas o pesquisador Kevin Parton, do Instituto da Terra, Água e Sociedade da Universidade Charles Sturt, em Nova Gales do Sul, diz que os dados divulgados nesta quarta reforçam os alertas da comunidade científica nos últimos anos. “A mensagem geral da projeção da OMM é que as condições recentes em todas as partes do planeta foram precisamente o que os cientistas do clima previram que iria ocorrer sob as condições de aquecimento global”, afirmou. “Além do aumento nas temperaturas globais, a projeção aponta para muitos, muitos exemplos de clima extremo, da Grã-Bretanha à Rússia, do Sudão à Argentina. Também destaca o grande impacto da mudança climática no gelo do Mar do Ártico, na camada de gelo da Groenlândia, no gelo do mar da Antártida e no aumento global do nível do mar.” “Se você analisar as ondas de calor dos últimos 12 meses, então as condições extremas ocorreram na Austrália, África do Sul, Paquistão, Áustria, Finlândia, China e Japão”, acrescentou. Steve Rintou, chefe de pesquisas do CSIRO (Centro de Pesquisa Marinha e Atmosférica da Austrália) lembra que a “temperatura média global em cada uma das últimas três décadas foi mais quente do que qualquer outra década antes, indo até 1850, como foi apontado no relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) lançado recentemente”. “Há provas convincentes de que as atividades humanas são primariamente responsáveis pelo aquecimento nos últimos 50 anos”, acrescentou. As novas projeções coincidem com a realização da reunião sobre o clima da ONU em Varsóvia, na Polônia, onde delegações de diversos países lutam para avançar na elaboração de soluções políticas para lidar com o assunto. (Fonte: Terra)

Guia sobre anfíbios da Mata Atlântica reúne dados de 457 espécies

O Guia de Anfíbios da Mata Atlântica: diversidade e biologia, com informações sobre alimentação, reprodução e conservação de 457 espécies da Mata Atlântica, acaba de ser lançado. Cerca de 85% da diversidade total de anfíbios desse bioma está relatada na publicação – em português e inglês e com mais de 500 fotografias. O livro é organizado por Célio Haddad, professor do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, que foi membro da Coordenação do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA) entre 2009 e 2012. Cynthia Prado e Ivan Sazima colaboraram na compilação dos dados do livro. Mais informações sobre o guia: www.anolisbooks.com.br/pt/catalogo/detalhe/1/519.html Agência FAPESP

Instituto da Criança lança site ABC da Saúde Infanto-Juvenil

Transmitir informação sobre a saúde infanto-juvenil a mães e pais de forma “segura, isenta e com boa base médico-científica”. Essa é a proposta do portal lançado no fim de outubro pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa em Saúde da Criança e do Adolescente (NAP CriAd), sediado no Instituto da Criança (ICr) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa. Além de matérias e artigos sobre vários tópicos ligados à saúde nas primeiras décadas de vida, o portal traz vídeos que demonstram condutas recomendadas a uma série de momentos que inspiram dúvidas nos pais, como, por exemplo, os cuidados com a primeira dentição. Os assuntos são divididos em oito editorias: comportamento, crescimento, alimentação, brincar, vacinação, doenças, emergência e segurança. O corpo médico e profissionais técnico-científicos ICr são responsáveis pelo conteúdo. “O ABC da Saúde Infanto-Juvenil é a realização de um sonho antigo, que nasce com a missão de amparar as famílias com informações fundamentadas, isentas e de credibilidade”, disse Magda Carneiro Sampaio, presidente do conselho diretor do ICr e coordenadora de pesquisa do NAP-Criad. Ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o Instituto da Criança atende em média 6.500 pacientes com até 18 anos mensalmente e é reconhecido pelo Ministério da Saúde como centro de referência nacional na saúde da criança. “Nosso único compromisso é com o bem-estar da criança e do adolescente e com o conhecimento científico bem estabelecido. O conteúdo de cada tópico reflete o que de melhor sabemos sobre aquele assunto”, disse Carneiro Sampaio. Segundo ela, jornalistas especializadas estão encarregadas de adaptar a linguagem dos médicos e de outros profissionais para torna-la mais compreensível ao público. O site pode ser acessado em: www.abcsaudeinfantojuvenil.com.br/abc/home/ Agência FAPESP

Mundo corre o risco de ficar 3,6ºC mais quente, adverte a AIE

emissoes ecod 300x183 Mundo corre o risco de ficar 3,6ºC mais quente, adverte a AIE Crescimento das emissões de gases-estufa do setor de energia preocupa. Foto: Martini DK O mundo ficará, em longo prazo, 3,6 graus Celsius (ºC) mais quente se os governos simplesmente mantiverem os seus objetivos atuais, alertou na terça-feira, 12 de novembro, a Agência Internacional de Energia (AIE). Os representantes do órgão participam em Varsóvia (Polônia) das discussões sobre as alterações climáticas. No cenário estabelecido pela AIE para os países desenvolvidos, as emissões de gases que provocam o efeito estufa relacionados com a energia, que representam cerca de dois terços do total das emissões, sofrerão um aumento de 20% até 2035, mesmo com os esforços já anunciados pelos países comprometidos com as preocupações ambientais. Este cenário “leva em conta o impacto das medidas anunciadas pelos governos para melhorar a eficiência energética, o apoio às energias renováveis, a redução dos subsídios aos combustíveis fósseis e, em alguns casos, a colocação de um preço nas emissões de gás carbônico”, destacou a AIE no relatório anual de referência, apresentado na terça-feira em Londres. No entanto, o aumento de 20% nas emissões de energia – principalmente as geradas pelo carvão e pelo petróleo e, em menor grau, do gás – dentro de 20 anos, “deixa o mundo a caminho de temperaturas médias globais de 3,6°C, bem acima da meta de 2ºC definida internacionalmente”, informou a AIE. Ao observar o papel fundamental do componente energético no sucesso ou no fracasso da política climática internacional, o departamento de energia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apoiou as iniciativas recentes, entre as quais o plano de ação apresentado pelo presidente norte-americano Barack Obama; o anúncio de Pequim relativo a uma limitação de carvão; e o debate europeu sobre metas climáticas para 2030, salientando que “todas têm o potencial de limitar o crescimento das emissões de gás carbônico”. * Publicado originalmente na Agência Lusa e retirado do site EcoD. (EcoD)

Governo fará primeiro leilão exclusivo de energia renovável

Um total de 429 projetos foi habilitado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, para o leilão de energia A-3, que o governo federal promoverá na segunda-feira (18), com o objetivo de garantir o abastecimento do mercado consumidor nacional em 2016. A capacidade instalada alcança 10.460 megawatts (MW). A fonte de geração eólica (dos ventos) responde por 381 empreendimentos, totalizando 9.191 MW, dos quais 105 projetos estão localizados na Bahia e 110 no Rio Grande do Sul. O restante está distribuído no Ceará (51), no Maranhão (seis), em Pernambuco (dez), no Piauí (26), no Rio Grande do Norte (71) e em Santa Catarina (dois). A assessoria de imprensa da EPE informou que o preço máximo do leilão será de R$ 126 por megawatts-hora (MWh), para todas as fontes participantes. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, destacou que este é o primeiro leilão que conta com a participação exclusiva de fontes renováveis, além de marcar a estreia da fonte solar nos pregões de comercialização de energia efetuados pelo governo a cada ano. Segundo Tolmasquim, embora a energia solar ainda não seja competitiva com as demais fontes, em termos de custo, sobretudo a eólica, “os projetos inscritos permitem que a EPE planeje a entrada da energia solar na matriz energética brasileira”. Trinta e uma centrais de geração fotovoltaica foram habilitadas para o leilão, somando capacidade de 813 MW. * Edição: Marcos Chagas. ** Publicado originalmente no site Agência Brasil. (Agência Brasil)

OMM diz que 2013 está entre os 10 anos mais quentes da história

O novo boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM) retrata como o atual ano está alinhado às previsões sobre as mudanças climáticas, apresentando todo o tipo de condições extremas. Para começar, 2013 está em curso para ser um dos dez anos mais quentes já registrados desde 1850. Até agora, o ano aparece em sétimo lugar, empatado com 2003, com uma temperatura 0,48oC acima da média entre 1961 e 1990. “As temperaturas estão semelhantes às médias entre 2001 e 2010, a mais quente década já observada. Todos os anos mais quentes [desde 1850] aconteceram depois de 1998, e 2013 mantêm essa tendência. Mesmo os anos mais frios registrados recentemente são mais quentes do que os recordes antes de 1998”, declarou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM. “As concentrações de gases do efeito estufa alcançaram um recorde em 2012, e estimamos que em 2013 um novo patamar seja atingido. Isso significa que estamos nos comprometendo com um futuro mais quente”, completou. A entidade também confirma o aumento do nível dos oceanos, que bateu um recorde. Os oceanos estão subindo atualmente a uma taxa anual de 3,2 milímetros, praticamente o dobro da média do século XX, 1,6 milímetro. “O nível dos oceanos continua a subir devido ao degelo das calotas polares e das geleiras. Mais de 90% do calor extra que estamos gerando através dos gases do efeito estufa está sendo absorvidos pelos oceanos, os quais continuarão a aquecer e a expandir por centenas de anos”, explicou Jarraud.
A presença de gelo marinho no Ártico se recuperou um pouco com relação ao derretimento sem precedentes visto em 2012, mas 2013 ainda apresenta um dos menores níveis da história. O nível mínimo foi atingido no dia 13 de setembro, com 5,1 milhões de quilômetros quadrados, a sexta menor marca já registrada. Trata-se de 1,1 milhão de quilômetros quadrados a menos do que a média entre 1981 e 2012. Sobre precipitação, a OMM registrou condições extremas tanto para o excesso quanto para a falta de chuvas em diversas partes do planeta. Na América do Sul, o Nordeste do Brasil apresentou precipitação muito abaixo da média, com muitas áreas sofrendo a pior seca dos últimos 50 anos. O planalto brasileiro também experimentou falta de chuva, com os piores níveis desde 1979. Secas assolaram ainda a África, com Angola e Namíbia tendo a pior situação em trinta anos. Já a Europa, em especial Alemanha, Polônia, República Tcheca, Áustria e Suíça, teve em maio e junho de 2013 a maior precipitação desde 1950, com os rios Danúbio e o Elba transbordando. O Sudeste Asiático, incluindo Índia, Paquistão e partes da China, teve em 2013 a mais longa temporada de monções já vista. Com relação a furacões e tufões, a média histórica foi respeitada na maioria das regiões do planeta. A exceção foi o Pacífico Norte Ocidental, com 30 tempestades, sendo 13 tufões, contando o Haiyan, possivelmente o maior já registrado. “Apesar de não podermos atribuir ciclones tropicais às mudanças climáticas, o nível mais alto dos oceanos já torna as populações costeiras mais vulneráveis a esses eventos extremos. Vimos isso com trágicas consequências nas Filipinas”, concluiu Jarraud. * Publicado originalmente no site Carbono Brasil.

sábado, 16 de novembro de 2013

Brasil vai sediar fórum global de resíduos sólidos da ONU em 2014

Anúncio ocorreu durante a edição deste ano do evento, realizado na Suécia O Brasil foi escolhido para sediar a edição 2014 do Fórum Global IPLA sobre Gestão de Resíduos Sólidos, promovido anualmente pela Parceria Internacional para Expansão de Serviços de Gestão de Resíduos para Autoridades Locais (IPLA), um programa mantido pela Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Regional (UNCRD). O anúncio, feito durante o Fórum deste ano – realizado entre os dias 9 e 11 de setembro na cidade de Boras, na Suécia –, teve como representantes do Brasil Silvano Silvério da Costa, presidente da AMLURB – Autoridade Municipal de Limpeza Urbana de São Paulo; e Carlos Silva Filho, diretor executivo da ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, que atua como secretaria sub-regional da IPLA na área sul da América Latina. “Um dos motivos que levou a IPLA a eleger o Brasil como sede do próximo Fórum é o fato de que o País também vai sediar no ano que vem o Congresso Mundial da ISWA, um dos mais importantes eventos de resíduos sólidos do mundo. Outro fator que influenciou na decisão foi a nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos que, na visão da ONU, é uma legislação bastante moderna e ambiciosa para avançarmos rumo a uma gestão sustentável de resíduos, servindo de exemplo para o restante da América Latina e para outros países em desenvolvimento”, declara o diretor executivo da ABRELPE. As discussões do Fórum Global da IPLA resultam em um documento aprovado pelos membros da entidade que define metas a serem cumpridas por eles. “O teor da resolução final deste ano foi no sentido de que somente através de parcerias vamos conseguir alcançar uma melhor gestão de resíduos. Por isso, é fundamental o comprometimento das partes envolvidas no encaminhamento dos projetos de Parceria Público-Privadas para disponibilizar soluções perenes e duradouras”, explica Silva Filho. Além de São Paulo e Curitiba, também estavam representadas no Fórum promovido na Suécia cidades como Bangkok, Quito, Bogotá, Bangladesh, Gotemburgo e Shanghai. Entre os casos de sucesso apresentados, destaque para o de Boras, que sediou o evento. Segundo dados da autoridade de limpeza urbana local, apenas 4% dos resíduos são encaminhados para aterros sanitários, que também geram o gás metano empregado como combustível para abastecer a frota de ônibus, táxis e caminhões de coleta de resíduos. Fonte: Abrelpe

Mundo pode virar uma tremenda lixeira em 2100

A cada 24 horas, a humanidade joga no lixo mais de 3,5 milhões de toneladas de resíduos. Isso representa pelo menos 40 toneladas por segundo, um aumento de dez vezes em relação ao que gerávamos cem anos atrás. Pior, esse número provavelmente irá dobrar até 2025 e, se mantido o ritmo atual de descarte, até 2100 poderemos atingir o “pico” do lixo, com uma geração de 11 milhões de toneladas diárias, o triplo da taxa de hoje. Vai faltar lugar para armazenar tanta sujeira. O alerta vem de um estudo publicado no periódico científico Nature, que analisa três cenários diferentes, tentando determinar quando chegaríamos ao “pico do lixo”. Seguindo o modelo “business as usual”, o auge da produção de resíduos será atingido ainda neste século, com a África sub-saariana respondendo pela maior parte do crescimento. De acordo com a pesquisa, o aumento da renda das populações de países pobres e em desenvolvimento e, naturalmente, do seu poder de consumo, são a principal alavanca da geração de lixo e da alta do desperdício. Para o pior cenário, o estudo assume um futuro em que o mundo está nitidamente dividido entre regiões de extrema pobreza, riqueza moderada e subsistência. Um cenário onde pouco ou nenhum progresso foi feito para enfrentar a poluição e outros problemas ambientais, e onde os objetivos de desenvolvimento globais não se efetivaram. Nesse cenário, a produção de resíduos aumenta em 1 milhão em relação ao business as usual, atingindo 12 milhões de toneladas por dia. No melhor cenário, o pico de produção vai girar em torno de 8,4 milhões de toneladas por dia em 2075. Nesse mundo, a população humana se estabiliza em 7 bilhões de pessoas, das quais 90% vivem em cidades. “As pessoas são mais educadas e ambientalmente conscientes, e os níveis de pobreza em países em desenvolvimento apresentam a menor baixa de todos os tempos”, diz o estudo. Mudando o jogo – Dá para reverter esse quadro? Sim, é possível. Para evitar que o mundo se transforme numa grande lixeira, onde tudo é descartado, a solução passa pela preciosa regra dos 3Rs – reduzir, reutilizar e reciclar. Segundo o estudo, muito pode ser feito localmente para reduzir o desperdício. Alguns países e cidades estão liderando o caminho. São Francisco, na Califórnia, por exemplo, tem a meta ambiciosa de reaproveitar tudo o que no lixo é reciclável, até 2020. Atualmente, mais de 55% dos seus resíduos são reciclados ou reutilizados. A cidade japonesa de Kawasaki, por sua vez, tem melhorado seus processos industriais para evitar a geração de 565 mil toneladas de resíduos potencialmente perigosos. Para isso, estimula a troca e a reutilização de materiais entre empresas de aço, cimento, química e papel. (Fonte: Exame.com)

Especialistas alertam para ocorrência maior de ciclones violentos

Os meteorologistas ainda precisam vincular formalmente o aquecimento global à ocorrência de tufões como o que devastou as Filipinas, mas eles esperam uma incidência crescente de fenômenos climáticos extremos, devido ao aumento das temperaturas dos oceanos. O rastro de morte e destruição deixado na passagem do supertufão Haiyan esteve na ordem do dia de uma nova rodada das negociações climáticas das Nações Unidas, iniciada nesta segunda-feira na Polônia, enquanto as autoridades filipinas advertiram que cerca de 10 mil pessoas podem ter morrido nesta que já é considerada uma das piores catástrofes ambientais da História. O Haiyan – tufão mais potente já registrado a tocar terra – varreu as Filipinas na sexta-feira, dias antes da abertura de 12 dias de negociações climáticas em Varsóvia, em meio a uma série de alertas sobre um aquecimento do clima potencialmente desastroso, com a ocorrência crescente de fenômenos climáticos extremos. “Existe uma tendência de aquecimento (dos oceanos) e o aumento na intensidade de furacões é parte do risco”, afirmou Herve Le Treut, professor universitário em Paris e climatologista. Tufões, furacões e ciclones são nomes diferentes dados ao mesmo fenômeno climático potente, de acordo com a região que afeta, mas os meteorologistas usam o termo genérico “ciclone” quando falam de forma abrangente sobre essas supertempestades. Em setembro, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), atendendo a uma demanda das Nações Unidas para fazer avaliações científicas sobre os riscos das mudanças climáticas, concluiu em um relatório que é “virtualmente correto que a superfície do oceano esquentou entre 1971 e 2010″. Estima-se que as temperaturas tenham aumentado em cerca de 0,1 grau Celsius por década até 75 metros de profundidade e mais ainda a uma profundidade um pouco maior. Os meteorologistas acreditam que a superfície dos oceanos também tenha ficado mais quente na primeira metade do século XX, mas ainda se discute se o aumento das temperaturas dos oceanos é causada pelo homem ou por mudanças naturais no planeta. Para Fabrice Chauvin, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Meteorológica francês, não existiam satélites para rastrear ciclones antes dos anos 1970, o que dificultava a realização de estudos detalhados sobre o fenômeno. No entanto, em 2007, o IPCC alertou ser “provável” que ciclones se tornassem mais intensos e provocassem mais chuvas do que antes. Os ciclones são formados a partir de simples tempestades com descargas elétricas em algumas épocas do ano, quando a temperatura do mar fica acima dos 26 graus Celsius até uma profundidade de 60 metros e extraem sua energia do calor. Chauvin explicou que temperaturas mais elevadas na superfície dos oceanos criariam uma fonte maior de energia térmica para os ciclones. “Consequentemente, haveria uma tendência de haver ciclones sutilmente mais violentos”, afirmou, destacando, entretanto, que modelos climáticos gerados por computador preveem menos supertempestades no futuro. Steven Testelin, meteorologista especializado em previsão do tempo no serviço climático francês Meteo-France, acrescentou que o aquecimento dos oceanos está “longe de ser uniforme”. “Alguns mares se aquecem mais rápido do que outros, o que pode levar a ciclones mais intensos em algumas áreas”, afirmou. As negociações climáticas das Nações Unidas em Varsóvia visam a trabalhar por um acordo para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta a ser assinado em 2015, em Paris, e o Haiyan foi o tema dominante da sessão inaugural, nesta segunda-feira. Em um apelo emocionado aos delegados, o negociador climático das Filipinas, Naderev Sano, prometeu fazer greve de fome durante as negociações até que haja um avanço concreto na direção do combate às mudanças climáticas que ele responsabiliza pelo tufão que castigou sua cidade natal. “O que meu país tem sofrido como resultado deste evento climático extremo é insano. A crise climática é insana. Podemos deter esta insanidade bem aqui, em Varsóvia”, declarou. “Falo pelas incontáveis pessoas que não vão mais poder falar por si próprias”, concluiu. (Fonte: Terra)

Conferência de Varsóvia debate quem paga por danos ambientais inevitáveis

Loss and damage, em português perdas e danos – a expressão é usada pelos negociadores do clima para descrever um tema central na conferência sobre mudanças climáticas de Varsóvia, que começou nesta segunda-feira na capital da Polônia. O termo se refere àqueles danos que não podem ser evitados, mesmo que sejam construídas barragens mais altas ou prédios ainda mais resistentes a tornados. “Não se pode evitar que (as mudanças climáticas) causem danos, que haja mais fenômenos meteorológicos extremos, como secas e furacões, que pequenos atóis desapareçam”, afirma Thomas Hirsch, consultor da organização humanitária Brot für die Welt, ligada à Igreja Evangélica da Alemanha. Ele cita como exemplo as ilhas Carteret, que pertencem à Papua-Nova Guiné e estão localizadas no sul do Pacífico. “Nos últimos 25 anos, as ilhas perderam cerca de 60% de sua superfície. Algumas foram dividas ao meio”, diz. Os cerca de 3 mil moradores dessas ilhas pedem ao governo a transferência de suas residências. Mas, segundo o consultor, o governo não sabe para onde levar essas pessoas nem tem os recursos para essa ação. Como e quem deve pagar por danos inevitáveis como esse são as perguntas centrais no debate sobre damage and loss. Ponto central dos debates – Essas questões também estão na pauta da conferência na Polônia, que ocorre no estádio de Varsóvia. No encontro do ano passado, em Doha, ficou estipulado como meta para a negociação deste ano o estabelecimento de um mecanismo internacional que se ocupasse com a temática das perdas e danos. “Nós percebemos as negociações sobre perdas e danos como ponto central para Varsóvia”, afirma a negociadora-chefe da Alemanha, Nicole Wilke. Mas como esse mecanismo vai funcionar na prática deve render muita discussão na Polônia. Os países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, querem evitar, de todas as maneiras, que haja um comprometimento legal para arcar com danos que, neste momento, nem se sabe que valor podem alcançar. Mas para os defensores de pequenos países insulares que estão sumindo, assim como para os representantes de países mais pobres e menos desenvolvidos, uma posição concreta é fundamental. “Esses países viajaram para Varsóvia com um objetivo claro: ou conseguimos avanços nessa área ou a conferência fracassa”, diz Hirsch. Acordo para 2020 – Outro tema central deste encontro será o novo acordo global sobre o clima, que deve entrar em vigor em 2020. Na conferência de 2011, em Durban, ficou estipulado que esse tratado deveria ser assinado em 2015, no encontro em Paris. Para alcançar essa meta, segundo o diretor da organização Germanwatch, Christoph Bals, é necessário que em Varsóvia seja traçado um roteiro para as negociações até 2015. Wilke concorda, e compara um acordo sobre o clima com uma maratona. “Há um longo percurso pela frente e eu preciso de uma ideia clara sobre meu objetivo, onde estão as marcas que delimitam o percurso e onde recebo comida e bebida”, diz. Para Wilke, a conferência de Varsóvia deveria definir tudo isso. Mas há dúvidas se ela chegará a um plano concreto. Bals reforça que as negociações se baseiam no recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que afirma com 95% de certeza que as mudanças climáticas são causadas pela ação humana. Segundo o relatório, ainda é possível limitar o aquecimento global até o final do século em 2 °C, mas, para isso, são necessárias medidas políticas drásticas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Muitos observadores duvidam que esse alerta bastará para fazer avançar as negociações. (Fonte: Terra)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

OrbSys Shower: o sistema de chuveiro que recicla água

No espaço, astronautas passam anos sem um novo suprimento de água. Flutuando em uma cápsula no espaço, eles se lavam e bebem da mesma fonte, continuamente reciclada. Então, se perguntou o designer industrial Mehrdad Mahdjoubi, por que nós não fazemos o mesmo na Terra? Este foi o conceito por trás de OrbSys Shower – um sistema de purificação de alta tecnologia que recicla a água enquanto você se lava. Como funciona? Semelhante aos chuveiros do espaço, que funcionam em um “sistema de circuito fechado”, a água quente cai do chuveiro para o ralo e é purificada instantaneamente para o padrão de água potável e, em seguida bombeada para fora. Como o processo é rápido, a água permanece quente e somente precisa de ser reaquecida muito ligeiramente. Como resultado, o sistema economiza mais de 90% no uso da água e 80% na energia cada vez que é usado, além de produzir água mais limpa do que a torneira média. “Com o meu chuveiro, que está em constante reciclagem da água, você só usaria cerca de cinco litros de água por um banho de 10 minutos. Em um banho regular, você iria usar 150 litros de água, 30 vezes mais. É muita economia”, explica Mahdjoubi. De acordo com uma pesquisa realizada pela sua empresa, a economia do chuveiro se traduz em pelo menos € 1.000 (cerca de R$ 3.130) nas contas de energia a cada ano. Mahdjoubi propôs o OrbSys enquanto estudava Desenho Industrial da Universidade de Lund, na Suécia. Seu conceito fazia parte de um projeto em colaboração com o Centro Espacial Johnson da NASA, que visava desenvolver ideias que poderiam ajudar expedições espaciais. “Em um ambiente extremo, como uma missão espacial para Marte, conceitos de design são apresentados para utilizar todos os recursos possíveis a fim de chegar até lá e voltar. Eu não vejo nenhuma razão pela qual [sistemas] não poderiam ser tão eficientes na Terra quanto são no espaço”, diz Mahdjoubi. No Brasil, o consumo de água em 2011 foi de 63,6 mil m³, com uma média mensal de 5,3 mil m³, representando uma queda de 7% no consumo em relação ao ano de 2010. Apesar da redução, é muita água – especialmente levando-se em conta que outros países do mundo nem sequer possuem acesso a água limpa. Salvando o mundo O conceito de um chuveiro que poupe água não é nenhuma novidade, mas, porque esse não compromete o conforto, é diferente dos demais. O sistema tem uma maior pressão de água e um fluxo muito estável, ao contrário dos chuveiros convencionais, porque funciona de forma independente de outros aparelhos. Este ano, os chuveiros foram instalados pela primeira vez em Ribersborgs Kallbadhus, uma casa de banho do litoral da Suécia. Durante os meses de verão, mais de 1.000 banhistas nadaram nas águas ricas em plâncton e algas marinhas antes de tomar banho. O teste de campo foi muito importante. Os chuveiros foram utilizados cerca de 10 horas por dia e o feedback foi bom. O sistema possui mais de uma aplicação possível. Se implantado em uma escala maior, a tecnologia de purificação desenvolvida por OrbSys poderia ser usada em torneiras e bebedouros nos países em desenvolvimento do mundo, onde doenças relacionadas com a água são abundantes. “Todo mundo deve economizar tantos recursos quanto possível, porém, obviamente, estes chuveiros seriam ainda mais benéficos para as pessoas que vivem em áreas com escassez de água”, afirma o criador. “Eu quero que ele [o sistema] comece a chegar a tantas pessoas quanto possível. Esse é o próximo passo”, concluiu. [CNN, BNDES]

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

COP19 – Novos horizontes para as negociações do clima

Os países presentes em Varsóvia, na Polônia, para a COP-19, tem o dever e o desafio de assumir compromissos ambiciosos e urgentes para controlar o aquecimento global. Teve início nesta segunda-feira (11), em Varsóvia, a 19a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-19). Em meio ao frio inverno europeu, as discussões em torno das mudanças climáticas e seus impactos globais começam a esquentar os corredores do centro de convenções e de toda a capital polonesa. A reunião, que conta com a participação de representantes de 190 países, dará sequência às negociações sobre um novo acordo climático, que tem até 2015 para ser finalizado e passará a vigorar em 2020, substituindo o Protocolo de Kyoto. Apesar de os pensamentos já estarem direcionados ao novo tratado, Kyoto ainda está de pé e os países desenvolvidos precisam apresentar metas mais ambiciosas e concretas para esta segunda fase, acordada na COP-18, em Doha, Qatar. Para garantir que a temperatura global fique abaixo dos 2 graus Celsius, é crucial que a distância entre o nível que as emissões precisam atingir até 2020 e o que elas se encontram hoje seja drasticamente diminuída. Além disso, os países ricos devem trazer investimentos para o Fundo Verde para o Clima, mecanismo financeiro criado para mobilizar recursos que ajudem os países em desenvolvimento a atenuar os impactos do aquecimento global. A proposta que o governo brasileiro apresentou para esta conferência inclui a cobrança de ações mais efetivas e urgentes de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa por parte dos países desenvolvidos até 2020. “Devemos romper com o imobilismo em que os países ricos estão imersos diante dos compromissos para conter a elevação da temperatura global”, afirmou em audiência pública em Brasília o novo negociador-chefe da delegação brasileira, embaixador José Marcondes de Carvalho. Também foi sugerida, e será colocada em debate, a realização de uma ampla consulta pública sobre o tema em cada país, além de um pedido oficial, endereçado ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), de criação de uma metodologia para que cada país possa calcular sua responsabilidade histórica sobre o aumento da temperatura global. Em Doha, o governo brasileiro apresentou o menor índice histórico do desmatamento na Amazônia – 4.656 quilômetros quadrados entre agosto de 2011 e julho de 2012. Entretanto, em 2013, os alertas de degradação florestal e desmatamento na Amazônia Legal voltaram a apresentar sinais de crescimento. Os dados do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real) para agosto de 2012 a julho de 2013 apontaram um aumento de 35% com relação ao período anterior. Além disso, os setores de energia e agropecuária têm apresentado um aumento exponencial de emissões. “O desafio que o Brasil tem pela frente ainda é maior do que as conquistas realizadas na área de florestas. O governo brasileiro deve ser reconhecido internacionalmente por seus esforços, mas o desmatamento ainda é uma ameaça presente e o país precisa zerá-lo para provar que está fazendo de fato o seu dever de casa. É necessário também que a Política Nacional sobre Mudança do Clima seja plenamente implementada para controlar as emissões crescentes dos demais setores e garantir a redução prevista na meta internacional”, defendeu Renata Camargo, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. A participação do setor de energia no escopo total de emissões brasileiras dobrou de 16% para 32% de 2005 a 2010. E o setor tende a continuar aumentando sua participação no aumento do clima global, uma vez que políticas mais rigorosas de eficiência energética estão fora das prioridades do governo e os combustíveis fósseis continuam a ter a parcela mais gorda dos investimentos na área – 72%, segundo o Plano Decenal de Energia 2022. No novo tratado, todos os países, incluindo os do Anexo II do Protocolo de Kyoto (grupo das nações em desenvolvimento) deverão adotar metas obrigatórias de redução de emissões, que serão legalmente cobradas no âmbito das Nações Unidas. “O Brasil ainda figura na lista dos seis maiores emissores de gases-estufa do mundo. O país tem o potencial de ser um verdadeiro líder nas negociações climáticas, mas precisa de fato assumir este papel, implementando uma política climática coerente e consistente com o seu nível de emissões”, frisou Renata Camargo. * Publicado originalmente no site Greenpeace. (Greenpeace)

6 mitos sobre alergias

De pessoas que tiram o glúten da dieta e que podem não precisar fazer isso até aqueles que equivocadamente não tomam a vacina contra a gripe por serem alérgicas a ovo, mitos sobre alergias são comuns. Às vezes, até mesmo médicos acreditam nessas lendas urbanas. Por isso mesmo, depois de ouvir informações incorretas por várias vezes, o Dr. David Stukus, um alergologista pediátrico do Hospital Infantil Nationwide, de Columbus, no estado norte-americano de Ohio, contou que decidiu investigar a origem destes boatos e por que eles são tão corriqueiros. “Esses equívocos são bastante comuns no público em geral, bem como entre os clínicos gerais”, relata Stukus. Ele descobriu que havia falta de evidência científica para muitas ideias a respeito de alergias e atestou que existe muita desinformação circulando pela internet. “Se alguém está pesquisando por conta própria, esta pessoa pode ser levada na direção errada mesmo naqueles que parecem ser sites confiáveis”, explica. Outra razão para estes mitos persistirem é que, embora certas crenças tenham sido refutadas pela ciência, a informação correta ainda não permeou nossa cultura. Abaixo relatamos alguns dos mitos mais comuns sobre alergias e a verdade por trás deles. 6. Alergia a corantes artificiais As pessoas atribuem muitos sintomas como urticária crônica ou até mesmo asma como uma consequência a ser alérgico a corantes artificiais utilizados em alimentos. Stukus ressalta que é muito comum culpar essas substâncias até mesmo em casos de problemas comportamentais e de TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). No entanto, não há nenhuma evidência científica de que os corantes artificiais causem estes sintomas. “Um monte de gente realmente lista isso como uma alergia em seu registro médico oficial, o que torna muito difícil prescrever determinados medicamentos, e altera o efeito de terapias que poderiam receber, causando gastos desnecessários”, explica. Alergias não são “acidentes imunológicos”, mas sim defesas intencionais do organismo 5. Alergia ao ovo e vacinas contra a gripe As pessoas que são alérgicas a ovo podem pensar que não podem tomar a vacina sazonal contra a gripe. Entretanto, a verdade é que, embora elas possam conter quantidades muito baixas de proteína do ovo – porque o vírus é frequentemente cultivado em ovos de galinha – as vacinas são seguras para as pessoas com alergia ao alimento. A segurança das vacinas contra a gripe para pessoas alérgicas tornou-se uma questão importante durante a pandemia de gripe suína de 2009. “Desde então, pelo menos 25 ensaios clínicos bem conduzidos têm mostrado que as vacinas não contêm uma quantidade significativa de proteína de ovo e que são extremamente seguras, mesmo para as pessoas alérgicas”, disse Stukus. 4. Alergia a frutos do mar e tomografia computadorizada Há um equívoco que as pessoas com alergias a frutos do mar estão em maior risco de reações negativas ao iodo que às vezes é usado como um “agente de contraste radiológico” durante tomografias para obter uma melhor imagem. “Este foi criado pelos próprios médicos, cerca de 40 anos atrás”, revelou o alergologista, se referindo a quando o rumor começou a se espalhar. Em um estudo de 1975, os pesquisadores observaram que 15% dos pacientes que apresentaram reações adversas a um agente de contraste radiológico também relataram serem alérgicas a mariscos. Por este motivo, os pesquisadores supuseram que o iodo, presente tanto marisco quanto no agente, poderia ser o culpado. Porém, quase o mesmo número de pacientes no estudo tinham relatado alergias a outros alimentos, tais como leite e ovos. “O iodo não pode causar alergia, ele está presente em nossos corpos e no sal de cozinha”, garantiu Stukus. As pessoas alérgicas ao marisco são alérgicas a uma proteína específica, que não está presente nos agentes radiológicos. E os médicos ainda podem ainda estar propagando o mito. Um estudo de 2008 do American Journal of Medicine descobriu que quase 70% dos radiologistas e cardiologistas perguntou a seus pacientes sobre alergias a frutos do mar antes de administrar agentes radiológicos e muitos deles alteraram o procedimento nos casos de pessoas alérgicas ao marisco. Como a saliva dos pais pode evitar que uma criança desenvolva alergias 3. Alimentos alergênicos e bebês É comum pensar que alimentos como nozes e peixe não devem ser administrados a crianças até aos 12 meses de idade, com base nas orientações emitidas em 2000 pela Academia Americana de Pediatria. No entanto, a organização mudou suas diretrizes em 2008 devido à falta de provas, e declarou que as crianças podem comer esses alimentos a partir de 6 meses de idade (desde que não representem um perigo de asfixia). “Mas a orientação que foi criada há 13 anos ainda está sendo seguida hoje em dia por clínicos gerais, bem como pelo povo”, relata Stukus. Na verdade, estão surgindo evidências que sugerem que a introdução precoce de alimentos potencialmente alergênicos pode ser boa para as crianças e podem promover uma maior tolerância no organismo delas. “Os estudos em andamento estão tentando provar isso. Nós também não temos grandes evidências a respeito disso, mas [as informações] estão se acumulando”, acrescenta. No entanto, o especialista observou que as novas diretrizes podem não se aplicar a crianças que vêm de famílias com um forte histórico de alergias alimentares. 2. Ser “alérgico” ao glúten “Alergias” ao glúten, na verdade, não existem. O Dr. Stukus explica que é uma outra proteína do trigo dos pães a qual algumas pessoas podem ser alérgicas. Porém, as pessoas podem ter intolerância ao glúten ou doença celíaca, uma condição autoimune em que comer alguns alimentos causa inflamação e vários sintomas. Outro problema relacionado ao glúten é chamada de sensibilidade ao glúten não celíaca. “As pessoas relatam sintomas e têm queixas vagas, mas não há nenhum sinal objetivo ou uma ferramenta de diagnóstico para confirmar [a sensibilidade não celíaca]“, conta Stukus. Bebês que crescem com animais de estimação desenvolvem menos alergias a eles 1. Animais de estimação hipoalergênicos Infelizmente, não existe tal coisa como um cão ou gato verdadeiramente hipoalergênicos, afirmou o médico. Na realidade, todos os animais secretam alguns alérgenos na sua saliva, glândulas sebáceas e glândulas perianais – não são os pelos que provocam alergias. No entanto, algumas raças são menos incômodas para quem sofre de alergias do que outras. [LiveScience]

sábado, 9 de novembro de 2013

Os primeiros moradores da Terra foram os ESTOMATÓLITOS

ESTROMATÓLITOS: conceito, importância e aplicação CONCEITO: Estromatólito: (do grego stroma=cama, camada e lithos=rocha). São estruturas laminadas construídas principalmente por cianobactérias, erroneamente também chamadas de algas azuis. Estas bactérias formam uma rede filamentosa, recoberta por bainhas mucilaginosas, que fixam o carbonato de cálcio do meio circundante, construindo, pouco a pouco, uma estrutura laminar que se desenvolve através da agregação de grãos detríticos, cimentados pelo carbonato de cálcio. Estas estruturas laminares podem assumir a forma de esteiras microbianas, camadas, domos, colunas e oncólitos.
FONTE:people.hofstra.edu IMPORTÂNCIA E APLICAÇÃO: Entre outras coisas, os estromatólitos são a evidência mais antiga da vida que se conhece na Terra. São organismos que mantiveram a sua linha evolutiva sendo também os primeiros recicladores de carbono. Foram os primeiros produtores de oxigénio e os primeiros formadores de zonas de recifes. As cianobactérias que participavam na construção dos estromatólitos, foram possivelmente responsáveis pela geração de parte do oxigénio da atmosfera primitiva terrestre, realizando a fotossíntese e fornecendo a energia e o carbono, directa ou indirectamente, para uma vasta comunidade de seres vivos, sendo a forma de vida dominante por mais de 2 mil milhões de anos.Possivelmente, foram os responsáveis pelo acúmulo de O2 na atmosfera primitiva, o que possibilitou o aparecimento da camada de Ozônio (O3), que retém parte da radiação ultra-violeta, permitindo a evolução de organismos mais sensíveis à radiação UV. As cianofíceas são pouco sensíveis a esta radiação, possuindo um sistema de reparo do material genético. Além de sua importância científica para o estudo de ambientes do passado da Terra, isso tem importância por sua raridade e singularidade e, também, por se constituírem em verdadeiras "florestas aquáticas" com a geração de O2 e o mecanismo de “sequestro de carbono”, num momento em que todos se voltam para soluções que revertam à possível ação humana na mudança climática global.
FONTE:people.hofstra.edu FONTE: lagosonline.zip.net www.dicionario.pro.br http://paleontobiologia2010.blogspot.com.br/

Mais de 190 países se reúnem para dar impulso ao acordo sobre o clima

Lançar as bases para um acordo em 2015 que tentará conter as mudanças climáticas: mais de 190 países se reúnem a partir de segunda-feira em Varsóvia, sob a égide da ONU, para atender a essa enorme desafio e lançar dois anos de negociações que se anunciam difíceis. A ambição é ter sucesso no grande encontro climático previsto para Paris em menos de dois anos, onde Copenhague fracassou em 2009: selar um acordo sobre uma redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) suficiente para limitar o aquecimento global a 2°C em relação à era pré-industrial. “É agora que devemos agir contra as mudanças climáticas, e Varsóvia tem que mostrar que compreendemos esta mensagem”, declarou recentemente a responsável pelas questões climáticas na ONU, Christiana Figueres. O mercúrio já aumentou em 0,8°C em um século e poderia chegar a cerca de 5°C até 2100 se o mundo não realizar uma transição energética urgente, lembrou, em setembro, especialistas em clima do IPCC. No entanto, as emissões de gases do efeito estufa continuam a crescer, e mais uma má notícia: o carvão – o combustível fóssil mais poluentes – deve se tornar em 2020 a primeira fonte de energia da economia mundial devido à apetite dos principais emergentes. Portanto, o cálculo é simples. Para conter o aquecimento global a 2°C, será necessário que as emissões de GEE em 2020 permanecem em até 44 Gt contra cerca de 50 Gt por ano atualmente, e, em seguida, seja reduzido pela metade, até 2050, indicou nesta semana o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP). O que está em jogo nestas negociações é dividir o esforço entre os grandes poluidores como a China (23% das emissões globais de GEE), os Estados Unidos (15%), a União Europeia (11%), a Índia e Rússia (5%). “Esta é uma negociação extremamente difícil”, segundo o embaixador climático da França, Jacques Lapouge. “São quase 200 países que devem decidir por consenso sobre questões de competitividade, poder, princípios, seu papel na governança global, questões que são absolutamente enormes”. Conforme decidido em Durban, em 2011, o acordo de 2015 deverá contar com o envolvimento de todos os países – ao contrário do Protocolo de Quioto, que cobria apenas os países industrializados – e ser juridicamente vinculativo. As discussões se anunciam difíceis quanto ao nível de restrições legais do texto, questão particularmente sensível para os americanos que ainda relutam em ratificar um tratado internacional, ou no nível de envolvimento das economias emergentes, que clamam por seu direito ao desenvolvimento e a responsabilidade dos países industrializados no aquecimento global. Se nenhuma decisão final é esperada em Varsóvia, “é importante conseguir superar algumas diferenças e ter mais clareza sobre o que as partes estão tentando alcançar em Paris”, considera Alden Meyer, da ONG americana Union of Concerned Scientists . “Alguns países dizem que em Paris deve ser concluído um acordo sobre a estrutura e as regras, e que os números” sobre a redução de gases do efeito estufa “viria depois”, diz ele, fazendo especial referência ao Brasil. “Este é um passo para trás a partir do que foi acertado em Durban”. Progressos na questão da ajuda financeira aos países do sul para lidar com o aquecimento global também são esperados. Este é um dos pontos de atrito recorrentes nestas negociações, muitas vezes sob o peso da falta de confiança nos países desenvolvidos. O Fundo Verde, cuja constituição está prestes a ser concluída e pelo qual deverá transitar até 2020 uma parte dos cerca de 100 bilhões de dólares por ano prometidos pelos países ricos, deve receber seus primeiros fundos em 2014. A conferência de Varsóvia vai durar duas semanas e será concluída em 22 de novembro. (Fonte: Terra)

Primeira dose de vacina anti-HIV é aplicada em macacos no Butantan

O Instituto Butantan e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) aplicaram na terça-feira (5) a primeira dose de uma vacina brasileira anti-HIV em quatro macacos rhesus adultos (entre 2 e 7 anos) e saudáveis que vivem no macacário do Butantan. O objetivo do estudo é encontrar um método seguro e eficaz de imunização contra a Aids para ser usado em seres humanos. Segundo o professor da FMUSP e pesquisador do Instituto do Coração (Incor) Edecio Cunha Neto, um dos coordenadores do trabalho, serão aplicadas quatro doses nessa primeira fase de testes. Três delas, que serão injetadas a cada 15 dias, contêm a mesma substância (fragmentos de HIV), e a quarta tem como vetor (hospedeiro intermediário) um vírus que causa resfriado, chamado adenovírus 5. Essa última dose será aplicada dois meses após a terceira, o que deve ocorrer em fevereiro. Ao todo, os quatro macacos serão acompanhados por seis meses. “A combinação do HIV com o vírus do resfriado causa uma resposta imune mais poderosa. Devemos ter os primeiros resultados já em abril. Se essa etapa der certo, a vacina será aplicada em outros 28 macacos do Butantan”, diz Cunha Neto. O imunizante contido na vacina, batizado de HIVBr18, foi desenvolvido e patenteado pela USP. Segunda fase em 2014 – Na segunda fase de experimentos, prevista para o primeiro semestre de 2014, os 28 macacos serão divididos em quatro grupos e receberão duas ou três doses da vacina, com diferentes combinações de três vetores virais (adenovírus 68, que causa resfriados em chimpanzés; vírus da vacina da febre amarela e um derivado da vacina da varíola). “Os animais não vão se infectar com essas doenças nem com o HIV, pois a vacina inclui apenas pequenos pedaços do vírus e ele não infecta macacos, apenas o SIV (Vírus da Imunodeficiência Símia), ‘primo’ dele”, explica o pesquisador. Segundo Cunha Neto, o SIV passou para os humanos na segunda metade do século 19, não por meio de relações sexuais, como muitos imaginam, mas por caçadores que matavam os macacos e se feriam com ossos deles na hora de cortar pedaços da carne. Cunha Neto diz que isso foi deduzido por meio de um sequenciamento genético dos dois vírus. A equipe acredita que os fragmentos de HIV contidos na vacina já sejam suficientes para o hospedeiro (macaco) combater uma infecção. Ao todo, os 28 primatas serão acompanhados durante dois anos. Um ano após a aplicação da primeira dose, será possível saber exatamente a resposta imune da vacina, ressalta Cunha Neto. Mas o monitoramento se estenderá por mais 12 meses para verificar por quanto tempo essa imunidade se mantém, se ela é realmente duradoura. De acordo com o diretor do Butantan, Jorge Kalil, um dos responsáveis pela pesquisa, toda essa fase pré-clínica, de testes em animais, deve se estender até 2016. “Com a primeira dose que aplicamos ontem, esperamos que os macacos produzam anticorpos chamados linfócitos T auxiliadores (CD4), que serão capazes de se proliferar e favorecer a resposta de defesa”, diz Kalil, que iniciou o projeto em 2001. As próximas doses, segundo o diretor do Butantan, funcionarão como um reforço para aumentar o nível de resposta imune dos macacos. Paralelamente à aplicação da vacina anti-HIV, os pesquisadores vão estudar, in vitro, o plasma sanguíneo e as células dos animais para avaliar o grau de resposta e se a dose pode ser efetiva. Essas amostras de sangue também serão expostas em laboratório a mais fragmentos de HIV. Segundo Cunha Neto, a partir do momento em que saírem os primeiros resultados no grupo dos 28 macacos, os cientistas pretendem dar entrada, junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) – ligado ao Ministério da Saúde –, nos protocolos para início dos ensaios clínicos em humanos. “Assim, podemos ganhar tempo, pois essa etapa de aprovação costuma demorar um ano. Por isso, queremos antecipar esse processo em alguns meses”, diz o pesquisador da USP. Macacário mais seguro – Para evitar investidas de ativistas contra o uso de animais em pesquisas, o macacário do Instituto Butantan teve a segurança reforçada antes do início dos testes com a vacina anti-HIV. O local ganhou câmeras de monitoramento 24 horas e vigias em novos turnos. Segundo Cunha Neto, os animais são bem tratados e, ao contrário do que dizem os ativistas, não é possível substituir os macacos por outra coisa para saber se a vacina realmente funciona. “Para ver se ela causa algum malefício no indivíduo, precisamos testar a dose em um organismo inteiro. E é muito radical achar que os próprios humanos deveriam ser as cobaias. Se a vida desses ativistas um dia estiver em risco e eles precisarem de remédio para hipertensão ou doença cardíaca, duvido que se lembrem disso”, afirma o pesquisador. (Fonte: G1)