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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Como nasceram as embalagens

Conchas, crânios de animais, cestos feitos com fibras vegetais e argila, cifres, cuias, troncos de árvores ocos e bexiga de animais. Acredite: todos esses artigos já foram utilizados como embalagens em algum momento da História da humanidade. A necessidade de guardar e transportar alimentos, líquidos e objetos fez com que diversos povos utilizassem materiais oferecidos pela natureza em seu estado primário. Por isso, estima-se que as primeiras embalagens foram usadas há mais de 4 mil anos a. C, produzidas a partir de bexigas e peles de animais e depois com fibras trançadas e argila. As primeiras garrafas rústicas de vidro surgiram por volta de 3 mil a.C. e serviram para acondicionar perfumes e óleos. Até o final da Idade Média (século XV) as mudanças econômicas e políticas ocorreram de forma muito lenta. Naquela época, as embalagens mais utilizadas eram sacolas, garrafas, jarras, potes, vasos, tigelas, barris, caixas, tonéis e baús feitos de couro, barro, tecido, madeira, pedra, metais, vidro, fibras vegetais e lascas de madeira. A partir dessa época, em um período que ficou conhecido como Renascimento, a humanidade deu grandes saltos em várias áreas do conhecimento. As grandes navegações, o desenvolvimento do comércio e o contato entre culturas favoreceram o desenvolvimento de novos tipos de embalagens, tanto pelo aparecimento de novos itens de troca e consumo, como pela necessidade de conservar os produtos por mais tempo. Curiosamente, os períodos de guerra viabilizaram o desenvolvimento de embalagens de vidro e metais devido à necessidade estratégica de transporte e conservação de alimentos para tropas de exército, já que prover comida naquelas condições era um grande desafio. Há poucas décadas, o papel ainda era muito utilizado para embalar produtos a granel nos mercados. Até o ano de 1830, ele era fabricado com trapos velhos. Depois passou a ser feito com uma pasta produzida a partir da madeira. Essa mudança favoreceu o mercado de livros e jornais e possibilitou a produção das primeiras bobinas de papel para confecção de embrulhos e pacotes. A rotulagem das embalagens teve seu desenvolvimento paralelo ao avanço das embalagens. Os rótulos de papel para os produtos já eram usados desde o século XV, na Idade Média. E, assim como os livros, eram feitos um a um, de forma bastante artesanal. Não faz muito tempo, eles ainda eram visualmente bastante simples, sem grandes apelos de imagem e informações em destaque. No início do século XX, as pessoas eram orientadas por vendedores na hora de fazer suas compras. A origem do “autosserviço” (os supermercados como conhecemos hoje) veio dos EUA, quando no período de crise dos anos 1930 eliminar balcões e balconistas era um jeito de economizar – e se tornou uma forma mais prática de comprar e vender. Os consumidores passaram a ter autonomia para se servir e escolher os produtos nas prateleiras. As embalagens deixaram de ter apenas a função de envolver e proteger produtos e se transformaram em meio de propaganda e marketing. Passaram a ser o “vendedor silencioso”, aquele que transmite pelos rótulos as informações para “captar” o consumidor. A revolução industrial e os plásticos O século XVIII foi marcado por um grande salto tecnológico, com a Revolução Industrial e as novas formas de produção em grande escala. Novas máquinas permitiram a criação de novas embalagens, assim como novas técnicas de vedação para conservação de alimentos industrializados. A fabricação de latas também passou de artesanal para mecanizada. A principal matéria-prima era chamada folha de flandres, uma fina chapa de aço recoberta por estanho. O desenvolvimento das embalagens tem relação direta com as necessidades de transporte e acondicionamento de produtos, mas também com o conhecimento da propriedade dos materiais e da tecnologia para transformá-los. Não à toa, hoje vivemos o “império do plástico”, que teve início no final do século XIX. Em busca de um material que substituísse o marfim, material das presas dos elefantes e usado na fabricação de bolas de bilhar, o inventor americano John Wesley Hyatt descobriu por acidente o celulóide, a partir do nitrato de celulose (patenteado em 1870). Considerado por muitos como sendo o primeiro plástico, foi muito usado até o final da década de 1920, quando apareceram os sintéticos, totalmente fabricados de forma artificial. Os filmes fotográficos à base de celulóide, desenvolvidos pela Kodak, foram os responsáveis pela popularização da fotografia e pelo impulso do cinema a partir da década de 1890. O termo “plástico” é a designação genérica para uma grande família de materiais que apresentam em comum o fato de serem facilmente moldáveis. A palavra é derivada do grego plastikós, que significa “relativo às dobras do barro”. O termo em latim (plasticu) assumiu a tradução “do que pode ser modelado”. Por serem mais resistentes, mais leves e mais fáceis de moldar que muitos materiais naturais, os plásticos protagonizaram transformações sociais e ambientais importantes. Há autores que defendem que a Humanidade se encontra na Idade dos Plásticos, assim como já esteve na Idade da Pedra Lascada, Idade da Pedra Polida e Idade dos Metais. Pense no seu cotidiano. Quanto plástico há ao seu redor? Da cozinha ao banheiro, da escova de dente ao guarda-chuva, o mundo está “plastificado”. Em 1970, a sua produção mundial ultrapassou a de ferro e hoje a relação homem-plástico é de absoluta dependência – e, sem medo de exagerar, de profunda loucura. Para onde vai tudo o que é descartado? O plástico representa o avanço no desenvolvimento de embalagens e materiais industriais e, ao mesmo tempo, o retrocesso de uma sociedade entregue ao consumo desenfreado. Será que pioramos com o tempo? Isso rende outra longa conversa… SUPERINTERESSANTE 11/2013

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