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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A partir de agora, aquecimento global não para mais

Aproveite a pausa no aquecimento global enquanto ela ainda está por aqui, porque provavelmente esta é a última que vai acontecer neste século. Uma vez que as temperaturas começarem a subir novamente, elas não vão parar até o final do século – a menos que façamos um esforço para reduzir as nossas emissões de gases de efeito estufa. A desaceleração do aquecimento global que vem nos beneficiando desde 1997 parece ser impulsionada pela ocorrência de ventos excepcionalmente fortes sobre o Oceano Pacífico, que estão “enterrando” o calor na água. Porém, de acordo com dois estudos independentes, mesmo que isso volte a acontecer, ou uma erupção vulcânica lance partículas de resfriamento no ar, não é provável que vejamos novamente um hiato semelhante. Masahiro Watanabe, da Universidade de Tóquio, no Japão, e seus colegas descobriram que, ao longo das últimas três décadas, os altos e baixos naturais de temperatura têm tido menos influência sobre o calor global do planeta. Na década de 1980, a variabilidade natural foi responsável por quase metade das variações de temperatura observadas. Isso caiu para 38% em 1990 e, na década de 2000, chegou a apenas 27%. Ao invés disso, o aquecimento induzido pelo homem é responsável por cada vez mais alterações do clima. Com o aquecimento cada vez mais rápido, pequenas variações naturais têm menos impacto e é improvável que substituam o induzido pelo homem. “A implicação é que vamos ter menos períodos de hiato, ou períodos de hiato que duram menos tempo”, explica Wenju Cai, especialista em clima da Organização de Pesquisa Científica e Industrial Comunitária, em Melbourne, na Austrália, que não estava envolvido no trabalho. Outro estudo recente aponta que o hiato atual pode ser o nosso último por um tempo. Matthew England e seus colegas da Universidade de New South Wales, em Sydney, na Austrália, tentaram quantificar a chance de outra pausa. “Nos parece que esta provavelmente vai ser a última que veremos no futuro próximo”, afirma England. Usando 31 modelos climáticos, os pesquisadores mostraram que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a subir, a chance de um hiato – um período de 10 anos sem aquecimento significativo – cai para praticamente zero após 2030. O hiato atual provavelmente será seguido por um rápido aquecimento à medida que o calor preso no oceano escapa para a atmosfera, de modo que não é provável que tenhamos mais uma década sem aquecimento antes de 2030. England acredita a próxima pausa pode levar um século ou mais para acontecer. Contudo, este quadro pode mudar se desacelerarmos agora as emissões de gases de efeito estufa. Se conseguirmos alcançar as metas de emissões globais até 2040, o aumento da temperatura irá diminuir até o final do século, e os períodos de hiato seriam mais prováveis. Estas lacunas também pode ser desencadeadas por erupções vulcânicas que expelem partículas no ar, refletindo a luz solar para longe da Terra, como aconteceu depois da erupção de 1991 do Monte Pinatubo, nas Filipinas. Mas, mesmo que um vulcão entre em erupção, faria pouca diferença. “Depois de 2030, é provável que a taxa de aquecimento global seja tão rápida que até mesmo grandes erupções vulcânicas na escala de Krakatoa não seriam susceptíveis a levar a uma década de hiato”, diz Nicola Maher, membro da equipe australiana. [New Scientist]

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