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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Rouquidão e outros problemas das cordas vocais

"A voz é o som que resulta da vibração das pregas vocais e de todas as estruturas do chamado aparelho fonador. A laringe é como se fosse um pequeno tubo que comunica a cavidade oral com a traquéia, levando o ar até os pulmões. Ela contém as pregas vocais e, quando o ar sai dos pulmões, ele vibra essas pregas, que se movimentam reduzindo ou aumentando a passagem do ar, produzindo sons que se amplificam no percurso até a boca." Introdução As pregas vocais podem ser acometidas por várias doenças, incluindo o câncer de laringe, a rouquidão funcional, os nódulos e os pólipos. Alguns desses problemas resultam de uso excessivo da voz, sendo completamente revertidos após descanso vocal. Abordaremos nesse texto os problemas mais comuns. Abaixo, uma lista dos principais agentes que afetam a voz: • Álcool; • Uso de drogas: ressecam a laringe, prejudicando a voz; • Cigarro: a fumaça quente irrita e agride a mucosa da laringe. Provoca tosse crônica (que dura mais que três semanas) e pigarro; • Alergias; • Alimentação; • Hábitos vocais inadequados: pigarrear, tossir com esforço; • Poluição do ar; • Ar condicionado: reduz a umidade do ar, ressecando a laringe. Rouquidão A rouquidão ou disfonia é um problema bastante comum na população, sendo definida como qualquer alteração no caráter da voz. É a falta de clareza do som. Na grande maioria das vezes, é um problema transitório, associado a infecções da laringe. A rouquidão pode ser classificada como aguda (curta duração) ou crônica (15 dias ou mais). As causas de rouquidão podem ser divididas em dois grandes grupos: 1. Funcionais Nesse grupo, a rouquidão é causada pelo próprio uso da voz, não sendo encontrada nenhuma doença das cordas vocais. São dois os mecanismos responsáveis: • Uso incorreto da voz: pode ocorrer devido à imitação de outros padrões de voz, que não o do próprio indivíduo; em casos de indivíduos que usam intensamente a voz (como os cantores), mas que não tomam os cuidados adequados. • Inadaptações fônicas: ocorre devido à falta de adaptação do aparelho fonador à produção da fala. Essas inadaptações podem ser anatômicas, como malformações da laringe, o que dificulta a produção dos sons; ou funcionais, como alterações das relações fala/respiração, fala/deglutição. 2. Orgânicas Ocorre quando encontramos alguma alteração anatômica das pregas vocais. Existem vários tipos: • Nódulos, pólipos: são tumores benignos das cordas vocais, e podem se originar do mau uso da voz. • Cistos: são tumores também benignos, que contém líquido no seu interior (são como "bolsas de líquido"). • Edema de Reinke: é o inchaço das cordas vocais, que ocorre devido ao tabagismo (fumo). Esse inchaço prejudica a movimentação das pregas vocais. É a principal causa de voz rouca e grave em mulheres fumantes. • Papilomas: são tumores vegetantes (com aspecto semelhante ao de "couve-flor"). Eles causam rouquidão importante. • Paralisia das pregas vocais: ocorre quando há uma lesão dos nervos que comandam as pregas. Existem várias causas: cardíacas, tumores de outros locais próximos, após cirurgias na região. Existem outras causas também comuns, como o refluxo gastresofágico (há passagem de secreção ácida do estômago para o esôfago, que pode alcançar a laringe e irritar as pregas vocais); gripes e resfriados; após esforço vocal intenso (após shows, jogos de futebol). Entre os casos de rouquidão aguda, a causa mais comum é a laringite aguda, ou seja, inflamação aguda da mucosa da laringe devido a infecções por vírus ou bactérias. Nesses casos, a rouquidão pode aparecer sozinha ou se acompanhar de outros sintomas, como tosse, coriza ("nariz escorrendo"). Geralmente surge após uma gripe ou resfriado, não requerendo tratamento e desaparecendo espontaneamente. Toda pessoa com quadro de rouquidão que dure mais de 10-15 dias deve procurar um médico para avaliação detalhada. A maioria das causas agudas (laringite aguda) resolve-se antes de 10 dias, e não requer maiores preocupações. Já a rouquidão crônica, duradoura, demanda atenção especial. Tratamento O especialista responsável é o otorrinolaringologista, e ele é capaz de fazer exames que permitem a visualização das pregas vocais. Com isso, ele consegue identificar a presença de lesões que podem ser responsáveis pela rouquidão. O tratamento vai, então, depender do tipo de causa. Nos casos funcionais, o principal tratamento é a chamada fonoterapia. O paciente aprende como usar a fala de maneira mais equilibrada e adequada. Isso é conseguido pela realização de exercícios específicos, orientados por profissional capacitado, o fonoaudiólogo. O tratamento dos nódulos pode ser feito com a fonoterapia, mas em alguns casos é necessária a realização de cirurgia para sua retirada. Os pólipos são retirados com cirurgia, seguida de fonoterapia no pós-operatório. Os cistos recebem o mesmo tratamento dos pólipos. O edema de Reinke é tratado com a interrupção do tabagismo (o que é indicado sempre, para todos os pacientes com rouquidão), e também fonoterapia. Os papilomas são tratados com cirurgia, porém a possibilidade de recidiva é grande. A paralisia de pregas vocais é tratada com fonoterapia. Alguns cuidados para ter uma voz saudável: • Evite o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas; • Consumo moderado de café; • Não praticar a automedicação. Alguns medicamentos podem agredir a laringe; • Beba bastante líquido durante o dia, pelo menos 2 litros; • Evite passar grande parte do tempo em ambientes poluídos; • Evite gritar e alterar seu padrão de voz. Copyright © 2006 Bibliomed, Inc. 05 de janeiro de 2006.

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